quarta-feira, 24 de outubro de 2018


Primavera Literária 2018

Dia 1 (Sexta-feira – data estelar: 20181019P6 — 21.288 D.V.)
“Precisamos concordar em discordar.”


Nesta que é a septuagésima crônica pessoal da ficção científica que escrevo para este blogue, falarei sobre minhas experiências na Primavera Literária 2018.
Iniciei nesta tarde nublada de sexta-feira minha participação na Primavera Literária 2018.  Após uma estada na Casa França-Brasil no ano passado, esta feira literária regressa aos belos jardins do Palácio do Catete.  Esta é a quinta participação da editora Draco na Primavera Literária Carioca.

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Segui para o Palácio do Catete de ônibus.  Pesquisando no aplicativo Mov it, descobri que vários troncais passam na Rua do Catete.  Legal!  Porém, na hora do vamos ver, nada dos ônibus de uma dessas novas linhas passarem no ponto onde eu esperava.  Sem alternativa, recorri ao bom e velho 409, torcendo para que o portão dos jardins do Palácio para a Praia do Flamengo estivesse aberto.  Estava!  Leitura de bordo: romance de ficção científica The Practice Effect (Bantam-Spectra, 1984), do David Brin.
O estande Nº 57 da Draco é um dos mais próximos ao acesso pela Praia do Flamengo.  Acabei chegando lá às 16h00 em ponto, horário combinado e que julguei que não conseguiria cumprir.  Presentes no estande estavam minha amiga Ana Lúcia Merege e a responsável pelo estande, Débora Marinho.
Pouco depois, Daniel Russell Ribas chegava ao estande da Draco.  Com seu histrionismo habitual, Ribas discorreu sobre seu pretenso talento para vendas de livros pelo método da insistência infinita.  Meia hora mais tarde, partiria numa heroica caminhada a pé rumo ao Centro Cultural da Caixa Econômica, na Rio Branco, para assistir uma palestra de Bráulio Tavares, embora o céu escuro dessa tarde primaveril prenunciasse chuva forte, que de fato cairia, insistente, no início da noite.
Quem chegou pouco antes da expedição autopunitiva do Ribas ao Centro da Cidade, foi o Luiz Felipe Vasques que, à semelhança da Ana Merege, já estivera na Primavera Literária na tarde de quinta-feira.

Débora Marinho faturando. Ana Lúcia Merege autografando.

Daniel Russell Ribas, Ana Merege, Luiz Felipe Vasques e GL-R.

Ana, Débora, Felipe e GL-R.

Hamilton Kabuna, Ana e Débora.


O assunto da tarde, como não poderia deixar de ser e como comumente acontece nas Primaveras Literárias, até por conta da época do ano em que ocorrem, foi a expectativa com o segundo turno das próximas eleições presidenciais e para governador, com a polarização inédita petismo vs. bolsonarismo.  Vários amigos, conhecidos e leitores externaram seus temores com a situação política do país após as eleições.  Aos poucos, nossos bate-papos se deslocaram desse tópico estressante para a literatura fantástica, com ênfase em worldbuilding, seara em que Felipe tem investido nos últimos tempos.  Citei os livros de referência da Writer’s Digest Books que li sobre o assunto há tempos: World-Building do Stephen L. Gillett; Alien and Alien Societies do Stanley Schmidt; e o The Writer’s Guide to Creating a Science Fiction Universe de George Ochoa & Jeffrey Osier.  As três obras foram publicadas dentro da coleção Science Fiction Writing Series.
À noitinha chegou o amigo Hamilton Kabuna.  Conversamos sobre os cursos transmidiáticos que ele está ministrando sobre criação de universo ficcional e também sobre a exacerbação do radicalismo político de direita e de esquerda.  Sempre bem-humorado, Kabuna confessou estar colecionando os posts descabelados de amigos e parentes nas redes sociais para, mais tarde, se e quando a situação político-econômica degringolar, esfregar na cara dos arrependidos e recalcitrantes que costumam fazer cara de paisagem, fingindo não terem afirmado “nada daquilo”.  Falou que comprou até um pen-drive novo para armazenar a besteirada toda.  Com a radicalização política atual, quem não tem fóruns e listas de parentes ou amigos tomadas pelas fake-news políticas?  Será que depois das eleições melhora?  Creio que não tão cedo.  Afinal de contas, essa polarização começou no fim das eleições de 2014 e suas sementes já haviam sido plantadas um ano antes, nas manifestações de junho de 2013.
Ao anoitecer, com Ana Merege já se preparando para ir embora, fomos eu, ela e Felipe tomar um café na cafeteria instalada no prédio histórico do Palácio do Catete.  Embora tivesse lotada, conseguimos descolar uma mesa ali.  Ao longo do caminho, passamos pelo estande da editora que vendia os romances de Fábio Kabral, jovem autor de afrofuturismo com quem eu e Ana travamos um contato breve na Casa Fantástica, durante a FLIP 2018.
Como não havia almoçado, comi dois pães de queijo, devidamente lubrificados por um cappuccino.  O papo voltou ao tema do worldbuilding e daí, conversamos sobre autoconsistência de universos ficcionais em geral e das franquias Star Wars e Star Trek em particular,[1] o que nos levou a um breve comentário elogioso à série The Orville, um misto de pastiche e homenagem à Jornada nas Estrelas, bem melhor do que a recente Star Trek: Discovery.  Felipe me perguntou sobre as repercussões internacionais da publicação da Solarpunk (World Weavers, 2018) no EUA.  Respondi que as críticas têm sido majoritariamente positivas, embora alguns resenhistas norte-americanos cheguem a confessar que perderam certas nuances de uma narrativa ou outra.
De volta ao estande da Draco, retomamos o bate-papo com a Débora e o Kabuna, que permanecera lá para fazer companhia à nossa gerente de vendas.  Conversamos sobre romances gigantescos, prolixos ou não, citando, favoravelmente ou não, algumas obras-primas de J.R.R. Tolkien, Stephen King e George R.R. Martin.  Durante esse papo desabou a já tradicional chuvarada dos jardins do Palácio do Catete, que costuma acometer pelo menos um dos dias de toda Primavera Literária que se preza.  Impulsionada por rajadas de vento frio, a chuva ameaçou molhar os livros do estande, mas Débora rapidamente os protegeu, mudando-os de lugar e cobrindo-os com capas de plástico.
Ao fim da jornada, eu, Felipe e Débora seguimos juntos até a estação de metrô do Catete, onde ela embarcou em direção à estação Uruguai e nós em direção a do Jardim Oceânico.  Saltei três estações mais tarde, em Botafogo, onde tomei o ônibus da integração para casa.  Leitura de bordo: The Practice Effect.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018 (sexta-feira).



Dia 2 (Sábado – data estelar: 20181020P7 — 21.289 D.V.)

“Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las.”
(Voltaire)


Hoje acordei tarde e me atrapalhei com meus horários, mas juro que teria conseguido chegar aos jardins do Palácio do Catete às 14h00, conforme o combinado, se o portão que dá para a Praia do Flamengo estivesse aberto, como ontem.
Como não rolou, tive que contornar todo o imenso terreno do Palácio, até a entrada principal, lá pela Rua do Catete.  Mesmo assim, só me atrasei uns cinco ou dez minutos.  Dentro da pontualidade carioca, portanto.

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O Vórtice, clube de leitura em literatura fantástica do qual participo desde 2015, decidiu realizar sua reunião mensal nos jardins do Palácio e não no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, como de hábito.  Assim, pude comparecer ao evento.
O livro discutido neste mês de outubro foi o romance de fantasia Hex (Darkside, 2018), do autor holandês Thomas Olde Hevelt, com tradução de Fábio Fernandes.  Mergulhando em outras leituras irresistíveis, não consegui sequer comprar o romance.  Contudo, empolgado pela discussão de hoje, ao regressar ao lar doce lar, entrei no site da Amazon Brasil e já me redimi de parte do meu lapso.  O perdão final ser-me-á concedido após a conclusão da leitura.
Estiveram presentes à reunião, Ricardo França, Flora Pinheiro e Diego de Sousa, trio que encontrei junto ao portão principal do Museu do Catete.  Mayra Braga chegou logo depois e dali caminhamos até os jardins propriamente ditos, onde nos acomodamos num banco à sombra, pois a tarde estava ensolarada.  De nós cinco, apenas as meninas haviam lido o romance.
Eis que de repente avisto o histriônico herói das letras fantásticas cariocas, Daniel Russell Ribas e, num momento de fraqueza, acenei para ele.  Embora prestes a partir novamente para o Centro Cultural da Caixa (desta feita de metrô, porque, afinal, não ameaçava chuva), agora para assistir um filme, não se furtou a integrar-se brevemente ao debate sobre o Hex, uma vez que não só havia lido o romance, como ainda travara contato com o autor, quando da visita desse ao Brasil.  Soubemos que Hevelt reescreveu seu romance, ambientando-o na Costa Leste dos EUA e mudando radicalmente o clímax da narrativa.  Originalmente, a trama se passava numa cidadezinha holandesa.
Pouco após a partida agitada de Ribas, chega Renata Aquino, que também não havia lido o romance.  Daí, caminhamos do tal banquinho, onde não cabiam todos mesmo, até o gramado dos jardins, onde nos instalamos sobre as cangas levadas pelas meninas.  Minutos mais tarde, chegava Stella Rosemberg.
A protagonista dessa narrativa de fantasia (ou horror) criativa e original é a bruxa Catherine, que assombra a mesma cidadezinha da (agora) Nova Inglaterra há mais de três séculos.  Embora todos os residentes saibam da realidade dessa assombração (há até um aplicativo de celular para localizar a bruxa, que se materializa e desmaterializa a seu bel-prazer nos sítios mais diversos da cidadezinha, inclusive, dentro das residências dos habitantes), eles mantêm sigilo em relação ao mundo exterior.  O debate centrou-se na questão de se Catherine era de fato “do mal” ou apenas uma vítima da maldade humana.  A ré foi acusada pela promotora Flora e amparada pela defensora pública de entidades sobrenaturais, Mayra.  Enquanto o representante da Sociedade Protetora dos Animais, Diego, não dava a mínima para os malefícios que a entidade praticava contra seres humanos, mas se arrepiava contra os maus-tratos contra cachorros, pavões e outros bichos.
A reunião se mantinha de vento em popa até às 15h55, quando, não sem certo pesar, obriguei-me a partir rumo ao estande da Draco.

Vórtice discutindo HexRenata Aquino, Flora Pinheiro,

Stella Rosemberg, Mayra Braga, ??, Ricardo França e Diego de Sousa.


Vórtice discutindo Hex: Diego, GL-R e Renata.
Museu da República ao fundo.





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Cheguei ao estande nº 57 às 16h00, lá encontrando Débora e Luiz Felipe.  Ao contrário de ontem, a feira de livros estava bombando.  O fita de concreto que percorre os jardins em seu comprimento maior estava inteiramente repleta de transeuntes, leitores, carrinhos de bebê, crianças correndo de um lado para outro, e demais obstáculos ao deslocamento célere deste autor já um bocado atrasado.
Mal cheguei à Draco, apareceram meu amigo de longa data, Ronaldo Fernandes, a esposa Simone e a filhinha Letícia que, aos cinco anos e meio me pareceu enorme.  A última vez que eu a vira foi na entrega do Prêmio Argos em 2016, quase dois anos atrás.
Enquanto Simone e Letícia foram passear pelos jardins do Palácio e pelos outros estandes da Primavera Literária, Ronaldo ficou conversando comigo e Felipe por mais de uma hora.  Falamos sobre política & eleições; ficção científica em geral e sobre a série The Expanse de James S.A. Corey (este é, na verdade, o pseudônimo de dois autores: Daniel Abraham & Ty Franck) em particular.  Ronaldo já leu os seis romances já escritos da série projetada de nove.  Embora eu tenha os seis livros em formato e-book, por enquanto, só conheço esse universo ficcional pelas três temporadas da série que assisti no Netflix.  Falamos também um bocado sobre os esforços para a reconstrução do Museu Nacional, pois Ronaldo é um dos hierarcas do departamento de herpetologia da instituição e tem se esforçando bastante nessa lida inicial de coligir recursos necessários para a reconstrução propriamente dita.  Contei-lhe sobre minhas perspectivas de aposentadoria e minha transferência da sede da Secretária Municipal de Fazenda para o posto de atendimento do Rio Sul.  O bate-papo com esse velho amigo estava tão animado que nem dei atenção ao que se passava à nossa volta no estande da Draco, embora estivéssemos os três dentro dele, junto com a Débora.  Felizmente, Felipe supriu minha deficiência momentânea com bravura inaudita.  Ronaldo adquiriu um exemplar da minha coletânea Histórias de Ficção Científica de Carla Cristina Pereira (Draco, 2012).
Um amigo que esteve no estande, mas com quem não tive tempo de conversar foi o Felipe Vina.  Mal consegui cumprimentá-lo.  Mais ou menos na mesma hora em que ele partia, chegaram o Flávio Lúcio Abal e Ricardo França, esse último, enfim emerso da reunião do Vórtice.

De volta ao estande da Draco: GL-R, Ronaldo Fernandes e Luiz Felipe Vasques.


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Felipe, Abal e eu conversávamos animadamente sobre...  Adivinhem só?  Isto mesmo: política & eleições, quando chegaram André Orsolon, a esposa Flávia e a filha de dez anos, Chloe.  André chegou reclamando que não havia trazido bolsas, pois haviam combinado que não comprariam livro algum e, já nos dois primeiros estandes, as meninas haviam se locupletado com quatro volumes.  Colérico, esbravejou:
— Eu não vou carregar nada!
No entanto, a bravata se dissolveu no estande da Draco, pois compraram vários livros ali e, quando as meninas saíram para outros estandes, André permaneceu conosco, lépido e fagueiro, com uma sacola a tiracolo.  A tarde era uma criança e aquela sacola seria a primeira de muitas... J
Estávamos no bate-papo mais animado da Primavera Literária 2018, quando Felipe chegou com um exemplar do livro Bibliotecas do Mundo Antigo (Vestígio, 2018), de Lionel Casson.  Achei muito interessante e, quando ele falou que estava por vinte e dois reais, e a meros dois estandes de distância, saltei por cima do estande da Draco e corri até lá.  Só que, entre o nosso estande e meu objetivo, havia outro estande, onde tropecei num capa-dura lindíssimo: Bartolomeu Lourenço de Gusmão: o Padre Inventor (Andrea Jakobsson, 2011).  André e Abal, que seguiam na minha cola, também arregalaram os olhos gulosos em direção compêndio.  O safado do gerente do estande afirmou que só restava um exemplar para venda.  Bradei:
— É meu!
— Amanhã posso trazer mais uns dois ou três. — O vendedor ofereceu, com simpatia capitalista.
— Rapazes, o livro está na minha mão.  Peguei primeiro. — Argumentei. — Além disso, sou mais velho, alquebrado e não posso vir amanhã!
Vencida essa disputa de pênaltis renhida, num abuso flagrante de poder econômico, abri logo a carteira e paguei o livraço pela bagatela de sessenta reais, antes que qualquer aventureiro arrebatasse o compêndio das minhas mãos ávidas.
De volta ao estande da Draco, exultante com minhas aquisições, deparei-me com o amigo Adílson Júnior, acompanhado da namorada e da filha.  A menina estabelecia uma lista de desejos literários, para depois revisitar os estandes e concretizar suas compras.  Estratégia inteligente bolada pelo Adílson, que, aliás, agora faz parte do nosso clube de leitura em literatura fantástica, o Vórtice Rio.  Conversamos por uns bons quinze minutos sobre literatura fantástica e eleições, os dois temas mais quentes e corriqueiros desta Primavera Literária.
Outro amigo da velha guarda da ficção científica carioca que encontrei no estande da Draco foi o Ygor Silva, acompanhado pelo filhinho, cuja baby-sitter era nada mais, nada menos do que a jovem Letícia, a filhinha do Ronaldo Fernandes.
Um amigo bibliófilo e bibliófago que também apareceu lá na Draco foi o Dino Freitas.  Com o Dino, conversei muito mais sobre enologia do que sobre literatura fantástica.  Uma vez mais rememoramos a excelência do Trapiche Malbec 2015 que servi durante o lançamento do meu História do Vinho no Mundo Romano: Vita Vinum Est! (Mauad X, 2016), que lancei lá na Blooks em fins de outubro de 2016 — exatos dois anos atrás.

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Um velho amigo da Secretaria Municipal de Fazenda que encontrei no estande da Draco foi o Nelson Meirelles.  E foi justamente o Nelson que me falou que havia avistado exemplares da antologia Fractais Tropicais (SESI-SP, 2018), organizada por outro Nelson: o antologista Nelson de Oliveira.  Nem sabia que essa antologia já havia sido lançada, mas que o Nelson Meirelles identificou o exemplar no estande da SESI, informando, inclusive, que meu conto, “Coleira do Amor”, estava relacionado na Segunda Onda.  Depois fui lá conferir: não é que a capa e o acabamento ficaram supimpas mesmo.
Lá pelas 19h00, eu, Felipe, Abal, André, Flávia e a jovem e espevitada Chloe partimos em direção à cafeteria para aplacar nossas fomes.  O estabelecimento estava tão cheio quanto ontem, mas, também como ontem, logramos conquistar uma mesa, bravamente defendida pelas meninas, enquanto nós quatro assediávamos o guichê no encalço de nossos pedidos.  A conversa nessa mesa duramente conquistada foi a mais divertida desta Primavera.  Conversamos de tudo um pouco.  As implicâncias entre André e Chloe foram impagáveis.  André e Flávia esmiuçaram as atividades dos clubes literários que eles frequentam: declarações hilárias inacreditáveis, do tipo, autora de literatura vampírica declara que as narrativas mais profundas que assimilou antes de escrever seus próprios textos foram os romances de Anne Rice.  Senti uma pontada súbita de saudades da palestra de minha boa amiga Martha Argel, a maior especialista brasileira em narrativas vampíricas, ministrada na Casa Fantástica da FLIP 2018.  Bola quicando na pequena área, Felipe não resistiu em citar as boçalidades literárias de certo autor marqueteiro que se imagina capaz de escrever literatura fantástica.
Quando já estava quase na hora de lacrar os estandes, retornamos à Draco, para ajudar a Débora a fechar a casa.  Aproveitei o ensejo para presentear nossa gerente com um exemplar autografado da antologia Como Era Gostosa a Minha Alienígena! (Ano-Luz, 2002) e para comprar dois exemplares do meu romance curto de história alternativa, Xochiquetzal: uma Princesa Asteca entre os Incas (Draco, 2009), usando meu desconto de autor.  Felipe comprou um terceiro exemplar, que autografei para ele.  Aliás, também autografei o exemplar do A Guardiã da Memória (Draco, 2011) da Débora.  Enquanto o estande da Draco era fechado, na qualidade de astrofísico, fui convocado para dirimir uma grave questão de caráter planetológico: Chloe insistia que a Lua estava na fase crescente enquanto a mãe Flávia afirmava que era Lua Cheia.  Como nosso satélite natural estava quase no plenilúnio, salomonicamente, concedi a maior parte da razão à mãe em detrimento da filha, que ficou resmungando que eu não era astrônomo coisíssima alguma.  Criança adorável. J
Saímos todos juntos — eu, Felipe, Abal, André & Família, e Débora rumo à estação de metrô do Catete.  Débora desgarrou para uma comprinha rápida num mercado em frente ao Palácio, enquanto nós embarcávamos numa composição rumo ao Jardim Oceânico, conversando sobre política & eleições, como sempre.  Até a Chloe participou do debate.  Saltei na estação de Botafogo e peguei o ônibus da integração para o Jardim Botânico.  Leitura de bordo: o bom e velho The Practice Effect, do David Brin.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2018 (sábado).




Participantes:
Adílson Júnior
Ana Lúcia Merege
André Orsolon
Chloe Orsolon
Daniel Russell Ribas
Débora Marinho
Diego de Sousa
Dino Freitas
Felipe Vina
Flávia Teresa Almeida
Flávio Lúcio Abal
Flora Pinheiro
Gerson Lodi-Ribeiro
Hamilton Kabuna
Letícia Fernandes
Luiz Felipe Vasques
Mayra Braga
Nelson Meirelles
Ricardo França
Renata Aquino
Ronaldo Fernandes
Simone Masruha Ribeiro
Stella Rosemberg
Ygor Silva




[1].  Na hora não lembrei o título de um artigo extremamente interessante que li recentemente e desejei comentar, sobre a autoconsistência e, sobretudo, sobre a falta dela, nas franquias Star Trek e Star Wars: “Hokey Religions: Star Wars and Star Trek in the Age of Reboots” do Gerry Canavan (in Extrapolation, volume 58, No. 2-3, Summer/Winter 2017).