segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O Planeta dos Macacos no Vórtice Fantástico

201508292359P7  —  20.140 D.V.


“— Mas ela é chimpanzé.” (Leo)
“— Uma chimpanzé-fêmea!” (Daena)
[Cena de ciúmes motivada pelas atenções que a chimpanzé Ari dedicava ao protagonista, Leo Davidson]


Aconteceu na tarde deste sábado ensolarado de inverno a quarta sessão mensal do núcleo carioca do Vórtice Fantástico.  Como do mês passado, reunimo-nos na Biblioteca Parque Estadual, em frente ao Campo de Santana, no centro do Rio.  Essa iniciativa literária apresenta como proposta se reunir mensalmente para discutir um livro lido pelos participantes, na melhor tradição dos clubes de leitura brasileiros e estrangeiros.  A novidade aqui é que o Vórtice é um clube de leitura de literatura fantástica.  A iniciativa do Vórtice Fantástico já se espalhou por pelo menos catorze cidades brasileiras.  Dentre elas, o Rio de Janeiro.
O livro do mês escolhido para agosto foi o romance O Planeta dos Macacos (Aleph, 2015), escrito pelo autor francês Pierre Boulle e publicado originalmente em 1963, trabalho que inspirou o filme homônimo de Franklin J. Schaffner e todas as suas continuações e franquias, inclusive a releitura de Tim Burton de 2001, também homônima e algo injustiçada, sobretudo pelo fim completamente idiota e desnecessário.
Já havia lido o romance de Boulle em 1976 pela edição portuguesa da Unibolso, com Charleston Heston na capa.  Também já havia assistido o filme clássico de 1968 e seu remake de 2001.  Como já fazia um bom tempo desde meu último contato com o universo ficcional criado por Boulle, reli o romance na edição caprichada da Aleph, com direito à biografia e entrevista com o autor, além de um posfácio do Bráulio Tavares.  Aproveitei o ensejo e assisti novamente os dois filmes citados.

*     *      *

Cheguei à Biblioteca Parque Estadual de táxi para não me atrasar.  Já estavam presentes a Stella Rosemberg, o Daniel Faleiro e uma amiga dele, a Gabrielle Rangel.  Pouco depois chegaram o Cláudio Gabriel, o casal Renata Aquino & Eliseu Ferreira e nossa líder Thaís Cavalcante.
Participaram pela primeira vez Andreia Borges da Silva e Isabella Alvarez, ambas de Niterói.  Bem mais tarde, já em plena discussão do enredo do romance e sua comparação com os filmes, chegaram Mariana Rios e o marido da Stella, Gabriel Kirin.
Enquanto aguardávamos a chegada dos demais, Stella, Cláudio e eu conversamos sobre a escolha do livro do mês de setembro, organizando um lobby informal em favor do romance Perdido em Marte (Arqueiro, 2014), de Andy Weir, cuja versão cinematográfica estreará no país no próximo dia 1º de outubro.  Stella declarou ter trazido brownies para a degustação dos participantes, ao que Daniel reagiu, afirmando-se campeão na produção de brownies e, alegando até certa experiência profissional (não confirmada por fontes independentes), pretendeu estabelecer uma competição entre os brownies presenciais da Stella e seus congêneres virtuais (e quiçá fictícios).  Minha proposta de que promulgássemos a derrota dos brownies ausentes do Daniel por W.O. foi aceita por unanimidade.
Quando a Thaís chegou, deixamos nossas bolsas no guarda-volumes da instituição e passamos à área de convivência.  Porém, como tínhamos comes & bebes para degustar, com a graça do tempo ameno deste inverno carioca, rumamos para a área externa, que dispõe de algumas mesinhas, onde nos acomodamos.  Além dos brownies divinos da Stella (preparamos com chocolate branco em lugar das nuts tradicionais), rolaram salgadinhos, refrigerantes e uns bolinhos gostosos, creio que trazidos pela Renata e o Eliseu.
Ainda em meio à aventura gastronômica, começamos a discutir o romance e, por comparação, os filmes.  Daniel comentou que O Planeta dos Macacos é um romance ideal para introduzir a literatura de ficção científica para o público neófito interessado.  Dentre as várias interpretações do romance, quase que a título de brincadeira, avancei a tese de que o manuscrito encontrado por Phyllis & Jinn, o casal de símios inteligentes, no início do romance — texto que constitui o cerne da narrativa, exibindo as aventuras de três astronautas humanos numa expedição interestelar ao Sistema Betelgeuse e da exploração do planeta biótico, Soror, orbitante ao redor daquela supergigante vermelha — teria sido escrito não pelo protagonista humano, Ulisses Mérou, mas sim por um símio autor de ficção científica, pois, na verdade, não existiriam humanos inteligentes naquele universo ficcional.
Quando concluímos nosso ágape de brownies, bolos e salgadinhos, fortemente incentivados por um batuque para lá de animado que eclodiu na área externa, migramos para o espaço de convivência.  Desta vez, com doze participantes, preenchemos inteiramente um dos sofás semicirculares reservados para bate-papos literários e afins.
Já imaginando que seria ovacionado (com ovos podres!) pela opinião iconoclasta, defendi a plausibilidade científica e a originalidade da releitura de Tim Burton.  Afinal, os símios desse filme se comportam muito mais como os grandes macacos (chimpanzés, gorilas e orangotangos) do que os símios exibidos no clássico estrelado por Charleston Heston em 1968.[1]  Como mencionei acima, o único defeito sério desse remake foi o fim estúpido.  Porém, sim, sabemos como é: a última impressão é a que fica.J
Observamos também que, conquanto sempre platônica, a relação entre o protagonista humano e a chimpanzé-fêmea vai se tornando cada vez mais caliente, à medida que saímos do romance, para o clássico de 1968 e desse, para a releitura de Tim Burton.  A chimpanzé ativista Ari é muito mais saidinha e também é retratada de forma mais sensual em 2001 do que a Zira, presente tanto no romance quanto no filme da década de 1960.
Uma crítica, se não me engano, da Isabella, foi que os humanos do remake do Tim Burton são racionais, ao contrário dos humanos mudos e abúlicos do romance original e do filme de 1968.  Contudo, na série homônima de catorze episódios, veiculada originalmente em 1974, os humanos já falavam.
Também constatamos uma ênfase maior no papel da religião na sociedade símia delineada nos dois filmes, em comparação àquela exibida no romance.  Aliás, a civilização símia de Soror é bem mais avançada em termos tecnológicos do que as culturas retratadas nos filmes, a ponto de possuir satélites artificiais, transporte aéreo de passageiros, bolsas de valores e outras características da civilização global terrestre da segunda metade do século XX.
Ao fim da análise, escolhemos os livros que discutiremos nas próximas reuniões.  A sugestão de Perdido em Marte foi aceita com entusiasmo unânime para o mês de setembro.  Combinamos até assistir o filme no sábado, dia 3 de outubro, após a discussão do romance.  Para outubro, analisaremos dois ou três contos do Edgar Allan Poe e outros tantos do H.P. Lovecraft.  Para novembro e dezembro, ainda restam dúvidas quanto à escolha de um romance gráfico (eu, Stella e Mariana capitaneamos um lobby em favor de Watchmen) e um romance de fantasia, ou o Mortal Engines (Novo Século, 2011) do Philip Reeve, ou A Cidade e a Cidade (Boitempo, 2014), do China Mieville.
Andreia comentou comigo que leu meu Aventuras do Vampiro de Palmares, romance analisado no mês passado, e que gostou sobretudo das cenas em que Chica da Silva e o Contratador João Fernandes de Oliveira decidem enfrentar os salteadores palmarinos que, liderados pelo Capitão Diabo, ameaçavam o fluxo de diamantes para a metrópole portuguesa.
Aproveitei o ensejo e, na categoria jabá institucional, convidei os participantes do Vórtice Fantástico para o lançamento do meu romance Estranhos no Paraíso (Draco, 2015) no próximo sábado às 15h00 no estande da editora (Pavilhão Verde, estande O 10-A).


Sofá - Gabrielle, Daniel, Thaís, Renata, Eliseu, Andreia, Gabriel, Stella, Cláudio e Mariana.
Piso - Isabella e GL-R.



Isabella e Andreia saíram mais cedo.  Nós dez restantes deixamos a Biblioteca Parque por volta das 18h00 e seguimos rumo à Central do Brasil.  Thaís e Mariana desgarraram logo para tomar seus ônibus, mas Cláudio, Renata & Eliseu seguiram conosco até as escadas rolantes do metrô.  Gabrielle embarcou em direção à Saenz Peña enquanto, Stella & Gabriel, Daniel e eu seguimos rumo a estação de Botafogo.  O casal saltou no Catete, mas eu e Daniel tomamos o ônibus de integração, pois ele iria participar de uma rodada de pôquer na Gávea.  Durante a viagem, contou que sua família é proprietária do tradicionalíssimo Nova Capela, onde degustei um cabrito saboroso décadas atrás durante as comemorações do lançamento da antologia de literatura fantástica futebolística, Outras Copas, Outros Mundos (Ano-Luz, 1998).  Anos mais tarde, almocei naquele mesmo restaurante maravilhoso com a brasilianista Libby Ginway para comemorar o lançamento da antologia Ficções: Revista de Contos — Especial de Ficção Científica (7 Letras, 2006).  Mundo pequeno.
Mais uma reunião memorável da seção carioca do Vórtice Fantástico.  Que venham outras.  Nosso próximo encontro será no domingo, dia 6 de setembro, em plena Bienal do Livro 2015, no estande da Editora Draco.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2015 (sábado).


Participantes:
Andreia Borges da Silva
Cláudio Gabriel
Daniel Faleiro
Eliseu Ferreira
Gabriel Kirin
Gabrielle Rangel
Gerson Lodi-Ribeiro
Isabella Alvarez
Mariana Rios
Renata Aquino
Stella Rosemberg
Thaís Cavalcante




[1].  Aliás, ao rever esse remake, descobri que o líder humano grisalho, Karubi, é interpretado pelo Kris Kristofferson, e um orangotango hilário, o traficante de escravos humanos Limbo, pelo Paul Giamatti.  Já o protagonista, o humano Leo Davidson, embora parecido com o Matt Damon, é na realidade interpretado pelo Mark Wahlberg.
Aventuras do Vampiro de Palmares no Vórtice Fantástico

201507252359P7  —  20.106 D.V.

“The way the future was.”
[Frederik Pohl]

Compareci hoje à tarde na Biblioteca Parque Estadual, em frente ao Campo de Santana, no centro do Rio, para a sessão mensal do núcleo carioca do Vórtice Fantástico.  A iniciativa literária Vórtice Fantástico tem como proposta se reunir mensalmente para discutir um livro lido pelos participantes, na tradição veneranda dos clubes de leitura existentes há muito no Brasil e no exterior.  A diferença é que o Vórtice é um clube de leitura de literatura fantástica, ao que eu saiba, a primeira iniciativa desse tipo a contemplar o gênero por estas plagas.
Proposta por Raquel Moritz de Blumenau e Bruna Miranda de São Paulo no início do ano, a iniciativa do Vórtice Fantástico já se espalhou por catorze cidades brasileiras.  Dentre elas, o Rio de Janeiro.   Os participantes elegeram este mês de julho como mês do autor brasileiro.  Cada núcleo regional escolheu um livro para ler e discutir.  O núcleo carioca escolheu meu romance Aventuras do Vampiro de Palmares (Draco, 2014).
Ao saber dessa escolha pouco menos de um mês atrás, pela Renata Aquino, via Facebook, entrei em contato para agradecer e ela me perguntou se eu gostaria de participar.  Aceitei o convite mais que depressa, bastante honrado e também um pouco surpreso com a escolha do grupo.

*     *      *

Fui para o centro de metrô, saltei na estação Presidente Vargas e acabei chegando à Biblioteca Parque Estadual com uns vinte minutos de antecedência.  Assim que entrei reconheci a fisionomia da Renata, sentada junto com outros quatro participantes do núcleo carioca do Vórtice: Daniel Faleiro, Stella Rosemberg, Eliseu Ferreira e Alberth Moreira.  Enquanto aguardávamos a hora combinada (15h00) para passarmos ao espaço de convivência, onde nos reuniríamos, Renata, Stella e Daniel me explicaram que aquela era a segunda reunião do núcleo, a primeira, no último sábado de junho, discutiu o romance clássico Neuromancer, do William Gibson.  Em contrapartida, contei alguns fatos sobre os primórdios do Clube de Leitores de Ficção Científica, o que para eles já faz parte da história da implantação desse gênero literário no Brasil.
Às 15h00 em ponto chegou Thaís Cavalcante, a coordenadora do núcleo carioca.  Guardamos nossas bolsas e sacolas no guarda-volumes e então passamos ao espaço de convivência.  Sentamos num dos sofás semicirculares existentes no local.
Depois de agradecer a escolha do romance e me declarar honrado por ter sido o autor brasileiro selecionado pelo núcleo carioca, como é do meu feitio tagarela, falei um bocado sobre a gênese do universo ficcional Três Brasis, onde estão inseridas as cinco narrativas que compõem o romance Aventuras do Vampiro de Palmares.  Contei que três delas já haviam sido publicadas anteriormente e que todas foram escritas para funcionar como narrativas completas.  Também confessei a existência de duas aventuras do Dentes Compridos que não constam do romance, bem como quatro narrativas ambientadas neste U.F. em que o protagonista do Aventuras... não aparece.  Falei um pouco sobre as motivações para escrever história alternativa em geral e as narrativas dessa linha histórica alternativa em particular.  Para mim, de longe o melhor da festa foi a saraivada de perguntas para lá de pertinentes com as quais os seis participantes me brindaram, deixando bem claro que haviam lido e apreciado o romance.  Alberth comentou ter apreciado os mitos de criação do Povo Verdadeiro delineado na primeira parte do livro, “Crepúsculo Matutino”.  Eliseu afirmou ter gostado bastante da cena do confronto do protagonista com a princesa banta e o espadachim gascão na segunda parte, “O Vampiro de Nova Holanda”.  Nessa mesma parte, Stella e Renata parecem ter gostado mais da personagem de Amalamale, a princesa sem medo.  Daniel declarou ter gostado de ler um romance de literatura fantástica ambientado no Brasil.  Já Thaís considerou o confronto de Dentes Compridos com uma releitura da Jack o Estripador, à luz da ficção científica e da história alternativa, descrito na quinta e última parte, “Assessor para Assuntos Fúnebres” como o lance mais legal do romance.

Bate-papo sobre o Aventuras do Vampiro de Palmares no Vórtice Fantástico.


Nosso bate-papo nessa tarde chuvosa de inverno não se limitou ao Aventuras do Vampiro de Palmares.  Falamos sobre a paixão pelos livros em geral e pela literatura fantástica em particular.  Comentei que embora o gênero viva um boom no país atualmente tanto em termos de publicação de traduções de autores estrangeiros quanto do lançamento de autores nacionais, a ficção científica em si tem sido encarada atualmente como uma espécie de prima pobre da literatura fantástica lusófona.  Falamos também sobre as motivações do autor brasileiro para ambientar (ou não) suas narrativas no país.
Thaís me perguntou sobre meus autores favoritos, dando margem para que eu falasse um bocado de Clifford D. Simak, Eleanor Arnason, Harry Turtledove e, em menor escala, Philip José Farmer, Poul Anderson e Frederik Pohl.  Também conversamos bastante sobre os romances da Ursula K. Le Guin, sobretudo A Mão Esquerda da Escuridão; Os Despossuídos; O Planeta do Exílio; e A Cidade das Ilusões.  Após comentar que prefere ler as narrativas dos autores anglo-saxões em seu idioma original, Stella criticou a tradução do título do The Dispossessed como Os Despossuídos.  Confessei que esse romance foi o principal fator que me incentivou a querer saber mais sobre o anarquismo.[1]
Também conversamos sobre as estratégias de sobrevivência na carreira de autor lusófono de literatura fantástica.  Thaís indagou se eu havia me sentido triste com o fim do Projeto Taikodom, questão que motivou a descrição detalhada sobre minha participação naquela empreitada.  Comentei também sobre meu projeto literário atual ao qual tenho me dedicado em termos de leituras e escritas nos últimos quatro meses.
Falei um pouco sobre a diferença entre narrativas sérias de história alternativa e aquilo que se convencionou chamar AH-Lite, mencionando o exemplo hilariante da trilogia Aquiliad de S.P. Somtow.  Também conversamos sobre as diferenças entre as histórias alternativas e as ficções alternativas, citando o romance Anno Dracula de Kim Newman como exemplo emblemático.
Ao fim da reunião, tiramos algumas dezenas de fotos para registrar o evento.  Em seguida, sorteei dois exemplares da antologia Como Era Gostosa a Minha Alienígena! (Ano-Luz, 2002); um exemplar de meu romance de ficção científica erótica A Guardiã da Memória (Draco, 2011) e um exemplar da antologia Super-Heróis (Draco, 2013), que organizei com Luiz Felipe Vasquez.
Os membros do núcleo carioca do Vórtice Fantástico me convidaram para participar das reuniões.  Honrado e satisfeito, aceitei prontamente, pois desde os tempos saudosos das reuniões mensais do segmento carioca do CLFC que não participava de uma discussão tão animada e proveitosa sobre ficção científica e literatura fantástica.  No último sábado de agosto discutiremos o romance O Planeta dos Macacos (1963), de Pierre Boulle, possivelmente comparando-o com as versões cinematográficas de Franklin Schaffner (1968) e Tim Burton (2001).  Como li esse livro há quase quatro décadas numa edição portuguesa, julguei melhor encomendar a edição brasileira lançada no século XXI para a releitura.

Sorteados da tarde.

Participantes - Thaís, Alberth, Stella, Renata, Eliseu, Daniel e GL-R.


Saindo da biblioteca, caminhamos os sete até a Central do Brasil.  Stella e eu embarcamos no metrô, enquanto os demais seguiram de ônibus para os seus respectivos bairros.
Em resumo: uma experiência marcante conhecer pessoas novas interessadas em ficção científica e literatura fantástica como um todo.  Sempre sonhei com clubes de leitura exclusivamente dedicados ao nosso gênero.  Agora eles existem e o núcleo de um deles está atuante na minha cidade.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 25 de julho de 2015 (sábado).


Participantes:
Alberth Moreira
Daniel Faleiro
Eliseu Ferreira
Gerson Lodi-Ribeiro
Renata Aquino
Stella Rosemberg
Thaís Cavalcante





[1].  Em termos bem resumidos, o romance consiste numa utopia pragmática em que a anarquia posta em prática a nível planetário.  Considerado por muitos como a melhor obra de Le Guin.  O protagonista é um físico da sociedade anárquica que vai lecionar em mundo de economia capitalista do mesmo sistema estelar.