Primavera Literária 2017
201710272359O6 — 20.930 D.V.
“Às cinco da
tarde, os raios do Sol entrarão por aquele vitral e iluminarão as capas dos
seus livros no estande da Draco.”
(Felipe
Coutinho)
Dia 1 (Sexta-feira
– data estelar: 20171027O6)
Comecei meu expediente mais cedo essa manhã na Prefeitura para poder
sair no meio da tarde para comparecer a edição 2017 da Primavera Literária do
Rio de Janeiro. Após uma manhã e início
de tarde solucionando processos administrativos — pois estamos vivendo no IPTU
os efeitos do rescaldo do Projeto Atualiza e a perspectiva da entrada em vigor
da primeira Planta de Valores em duas décadas — consegui levantar de minha mesa
às 14h30, desejar “bom fim de semana” aos meus companheiros de combate e seguir
para a estação Estácio do metrô. Após
uma viagem tranquila até a estação Uruguaiana, caminhei até a Casa
França-Brasil, a nova sede da Primavera Literária, após três edições seguidas
nos jardins do Palácio do Catete.
* *
*
Ao entrar no belo prédio histórico que hoje abriga a Casa França-Brasil[1],
em pleno centro histórico da cidade, deparei-me com o estande da Aquário
Editorial, onde encontrei Estevão Ribeiro, com quem conversei durante alguns
minutos.
Em seguida, dirigi-me ao estande da Draco, onde tive o prazer de
conhecer o quadrinista niteroiense Felipe Coutinho, responsável pelo estande
nesta edição da Primavera Literária. Uma
vez mais a Draco acertou em cheio na escolha do comandante de operações de seu
estande carioca: Felipe mostrou-se invariavelmente simpático, paciente e
divertido ao lidar com o público visitante do estande.
Inspecionei brevemente os outros estandes do evento. Com cerca de quarenta editoras expositoras, a
Primavera Literária está menor este ano, talvez por causa da crise econômica,
talvez por conta da mudança do espaço.
No que se pese que a diminuição no número de expositores foi justamente
o fator que possibilitou a mudança para a Casa França-Brasil, pois o local não
comportaria o número de estandes presentes em Primaveras Literárias passadas
nos jardins do Palácio do Catete. Por
outro lado, o espaço coberto proporciona maior proteção contra as intempéries
climáticas: em certames passados o evento foi perturbado por temporais,
inclusive, com a queda de árvores bem próximo aos estandes e ao público
visitante.
Pouco depois, chegava o amigo Luiz Felipe Vasques, com quem conversei
longamente para colocar em dia os papos e questões intra e extrafandom. O assunto da semana foi sem dúvida o anúncio
do presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, Clinton Davisson, de
que não haverá Prêmio Argos este ano. Clinton
anunciou o fato dois dias atrás na lista de discussão do CLFC e o assunto se
espalhou rapidamente pelas redes sociais.
Os motivos expressos por Clinton foram absoluta falta de tempo para
organizar a premiação. Talvez esteja na
hora de reformular o Argos, de repente, tornando-o mais parecido com o antigo
Prêmio Nova que reinou na comunidade de literatura fantástica nacional durante
a década de 1990.
Estande da Draco na Primavera Literária 2017.
Felipe Coutinho e Luiz Felipe Vasques.
GL-R e Luiz Felipe Vasques.
Conversei com Luiz Felipe sobre a nova série da franquia Jornada nas Estrelas, Star Trek: Discovery. Realmente, a série anda um bocado fraca. Desisti de assistir após o quarto
episódio. Para se ter uma ideia de como
os roteiros estão ruins, o personagem mais interessante e carismático é um
tardígrado gigante que ajuda uma nave estelar experimental da Federação a
saltar pelo equivalente ao hiperespaço naquele universo ficcional.
Aproveitei a presença na Primavera Literária para comprar o presente
para meu velho amigo dos tempos da graduação em Astronomia no Observatório do
Valongo, Ronaldo Fernandes, que comemoraria seu aniversario dali a algumas
horas na filial do Largo do Machado da cervejaria Devassa. A combinação inicial era que Cláudia
comparecesse ao evento comigo. Porém,
acometida por uma gripe forte, ela se declarou sem autonomia de voo para
tanto. De qualquer forma, encontrei o
presente ideal para o Ronaldo no estande da Aleph, genuíno vórtice de tentação
para todos os amantes da literatura fantástica anglo-saxã publicada em
português. O presente? A bela edição comemorativa do jubileu de ouro
do romance clássico Blade Runner (no
original: Do Androids Dream of Electric
Sheep?, 1968), de Philip K. Dick.
Por volta das 17h00, como Felipe Coutinho já havia anunciado, os raios
do sol poente penetraram pelo vitral da fachada da frente da Casa
França-Brasil, incidindo exatamente sobre o estande da Draco e proporcionando
um punhado de fotos interessantes.
Reflexo do vitral nos livros da Draco.
Daniel Russell Ribas e Luiz Felipe Vasques: antologistas autografam a Monstros Gigantes.
GL-R, Luiz Felipe, Kássio Alves e Daniel Ribas.
Uma hora mais tarde, nosso amigo Daniel Russell Ribas adentrou na
Primavera Literária aos brados, mas pouca gente prestou atenção ao pretenso
portento. Autografei para ele um
exemplar do romance Octopusgarden
(Draco, 2017), que ele havia adquirido na Bienal do Livro, dois meses atrás,
numa ocasião em que eu não estava no estande da Draco.
Travamos contato com um punhado de visitantes interessados em
literatura fantástica em português, o que nos rendeu bons papos, dentre os
quais destaco a conversa que tivemos com Kássio Alves e a namorada durante
cerca de meia hora no estande da Draco.
O casal adquiriu exemplares autografados das antologias Super-Heróis e Monstros Gigantes (Draco, 2015), coorganizada por Luiz Felipe
Vasques e Daniel Russell Ribas.
Enfim, por volta das 19h00, despedi-me dos amigos e segui a pé até a
estação Uruguaiana para tomar o metrô até o Largo do Machado, onde encontrei o
Ronaldo Fernandes para lhe dar um abraço pela comemoração de seu quinquagésimo
primeiro aniversário.
Amanhã comparecei outra vez à Primavera Literária 2017.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2017
(sexta-feira).
201710282359O7 — 20.931 D.V.
“Compre um
livro do Gerson para ajudar o netinho dele que vai nascer na semana que vem.”
(Daniel
Ribas, excessivo, no estande da Draco)
Dia 2 (Sábado
– data estelar: 20171028O7)
Em vez de ir para a Primavera Literária de metrô, método que me
obrigaria a uma baldeação e uma caminhada de cerca de dez minutos, tive a ideia
brilhante de ir ônibus. Antigamente,
antes da Prefeitura baratinar as linhas de ônibus da cidade, cansei de ir à
Cândido Mendes da Rua da Assembleia num ônibus direto porta-a-porta, da minha
casa até a Primeiro de Março. Só que as
linhas que eu pegava mudaram de número ou não existem mais. Solução tecnológica: instalação do Moovit em
meu celular, aplicativo gratuito capaz de sugerir o melhor itinerário e meio de
transporte de massa para se chegar a qualquer destino. O aplicativo funcionou maravilhosamente bem,
indicando, inclusive, o horário em que o ônibus passaria no ponto mais próximo
da minha casa. Saí às pressas e, quando
eu estava a vinte metros do ponto, não é que o ônibus certo para me levar
direto à Primeiro de Março realmente apareceu?
Bastou uma corridinha de nada e embarquei no busão que, ainda por cima,
tinha ar condicionado funcionando.
Leitura de bordo: Tomorrow Happens
(NESFA, 2002), uma coletânea de contos e ensaios do David Brin.
* *
*
Cheguei ao estande da Draco às 13h55, hora boa para render o Felipe
Coutinho, que ainda não havia almoçado.
Enquanto fiquei sozinho no estande um garoto recém-alfabetizado ficou
empolgadíssimo com o título de uma HQ da editora: Cortabundas. Infelizmente,
sua mãe não compartilhou dessa empolgação infantil a ponto de adquirir a
revista.
Neste sábado abafado, o calor reinava no interior da Casa
França-Brasil. Quem conhece bem o prédio
afirma que as instalações abrigam um sistema de ar-condicionado dos mais
eficientes. Infelizmente, o aparelho não
foi ligado nem ontem, nem hoje. É
possível que o contrato da instituição com a Primavera Literária não incluísse
a utilização do ar-condicionado. Assim,
visitantes transitando fleumáticos entre os estandes com camisas e blusas
encharcadas de suor se tornaram lugar-comum nesta tarde de sábado na CFB.
Minha amiga Ana Lúcia Merege chegou poucos minutos antes do regresso do
Felipe e, minutos depois, chegava Ricardo França. Nesta tarde eu e França conversamos um bocado
sobre cristianismo e budismo, com ênfase aos ensinamentos de Siddhartha Gautama
e à hipótese da inexistência de Jesus Cristo histórico. Hoje conheci sua esposa, Maria Helena, que
passou na Primavera após prestar uma prova de japonês no Kumon.
Ana Lúcia Merege, Arnaldo Siqueira, GL-R e Daniel Ribas.
GL-R e Felipe Vinha.
Detalhes arquitetônicos da Casa França-Brasil.
O próximo a chegar foi Daniel Russell Ribas. Nosso amigo tentou outra entrada triunfal,
como a de ontem. Novamente, ninguém lhe
prestou muita atenção. Ao longo da
tarde, Ribas se mostrou ainda mais agitado do que ontem. De qualquer forma, ainda que por vezes
inoportuno, seu excesso de entusiasmo alavancou algumas vendas hoje à tarde.
Quem apareceu em seguida foi Arnaldo Siqueira, um amigo que conheci de
outros certames literários, não lembro se Bienais ou Primaveras. Conversamos um pouco sobre os lançamentos da
Draco e ele acabou adquirindo um exemplar autografado de meu romance, A Guardiã da Memória (2011).
Luiz Felipe Vasques regressou hoje à Primavera Literária. Eu, ele e França conversamos um bocado
durante toda a tarde e o início da noite deste sábado na CFB.
Como de costume, os amigos Flávio Lúcio Abal e Dino Freitas também prestigiaram
ao estande da Draco em diversas ocasiões ao longo da tarde e entabulamos
grandes papos em cada um de seus regressos ao nosso ancoradouro draconiano.
Durante o evento, Marco Antônio Santos Freitas entrou em contato pelo
Messenger do Facebook para confirmar uma entrevista radiofônica comigo sobre
ficção científica brasileira. Devo falar
por cerca de meia hora ao fim da tarde para próxima terça-feira, dia 31. A entrevista será ao vivo e feita via
telefone fixo.
Outros visitantes assíduos de compareceram mais uma vez ao estande da
Draco foi o casal Felipe Vina & Aline Costa. Felipe contou que quase toda a seção de
literatura fantástica da biblioteca deles é composta por títulos de três
editoras: Draco, Aleph e Darkside. Falou
também que quase todas as suas aquisições mais recentes têm sido feitas em
feiras literárias, por causa dos descontos atraentes. Segundo Felipe, ir à Primavera hoje compensa
mais do que à Bienal. Já tendo lido A Guardiã da Memória, desta vez ele
levou um exemplar autografado de Octopusgarden,
além de quatro outros títulos, para aproveitar o desconto máximo. Aline também adquiriu seus livros. Ela falou que deverá participar da próxima
reunião do Vórtice, grupo de discussão literária do qual faço parte.
Aliás, por falar no Vórtice, quem compareceu ao estande da Draco foi
Thaís Cavalcante, uma das fundadoras do segmento da iniciativa no Rio de
Janeiro. Conversamos bastante sobre os
motivos que tem impedido que ela compareça aos encontros mensais do nosso grupo
de discussão. Eu próprio também andei
afastado d’O Vórtice no primeiro semestre deste ano por conta de uma série de
atribulações. Há três meses, consegui me
desvencilhar de boa parte das mesmas a ponto de retomar as reuniões desse grupo
e outras atividades mais ou menos correlatas.
Durante boa parte da tarde, o estande da Draco recebeu nove ou doze
visitas de um pré-adolescente que Ribas logrou convencer a adquirir um exemplar
da Monstros Gigantes. O problema é que a mãe do menino não queria
comprar a antologia de jeito algum e o moleque insistia, ia embora, retornava
ao estande com o olhar comprido e acaba saindo de lá de mãos vazias. A mesmíssima cena se repetiu uma dezena de
vezes. Afinal, por volta das 19h50,
quando eu estava prestes a me despedir dos amigos para voltar para casa,
vencida pelo cansaço, a mãe cedeu ao filho insistente e adquiriu um exemplar da
antologia das mãos de um Felipe Coutinho paciente e compreensivo. Água mole em pedra dura...
O fã de space-opera Denis de Barros passou no estande da Draco e
adquiriu vários produtos da franquia homônima, organizada por Hugo Vera e
Larissa Caruso. Autografei minha
noveleta “No Amor e na Guerra”, publicada na Space Opera: Odisseias
Fantásticas Além da Fronteira Final (Draco, 2011). Foi o último autógrafo que assinei na
Primavera Literária 2017.
Também quase no apagar das luzes, pelo menos no que me dizia respeito,
reencontrei Hamilton Kabuna, acompanhado por um grupo de alunos. Hamilton convidou a mim e ao Daniel Ribas
para falar sobre literatura fantástica brasileira em uma de suas aulas. Em princípio, compareceremos à aula que será
ministrada no sábado, 02 de dezembro.
Dino Freitas, Daniel Ribas, Ricardo França e Felipe Coutinho.
GL-R, Hamilton Kabuna e Daniel Ribas.
Cansado, mas satisfeito com o teor dos bate-papos com amigos e
conhecidos, e com os contatos efetuados com leitores que eu ainda não conhecia
pessoalmente, saí da Casa França-Brasil às 20h00 e caminhei até a Rio Branco
para tomar o ônibus que o Moovit prometeu que passaria ali. No entanto, como o ponto de ônibus estava com
um ar de abandono, sem vivalma esperando, preferi seguir a pé até a estação
Carioca, onde embarquei no metrô, rumo à estação Botafogo. No vagão em que entrei, encontrei meu sobrinho
André Henrique. Após cumprimentá-lo,
como ele estava bem acompanhado, para não atrapalhar a conversa, sentei-me do
outro lado do vagão e retomei a leitura da coletânea Tomorrow Happens. Em
Botafogo, tomei o ônibus da integração para casa.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2017
(sábado).
Participantes:
Aline Costa
Ana Lúcia
Merege
Arnaldo
Siqueira
Daniel
Russell Ribas
Denis de
Barros
Dino Freitas
Estevão
Ribeiro
Felipe
Coutinho
Felipe Vinha
Flávio Lúcio
Abal
Gerson
Lodi-Ribeiro
Hamilton
Kabuna
Kássio Alves
Luiz Felipe
Vasques
Maria Helena
Conrado de Souza
Ricardo
França
Thais
Cavalcante
Tomaz Adour