quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Primavera Literária 2017

201710272359O6 — 20.930 D.V.

“Às cinco da tarde, os raios do Sol entrarão por aquele vitral e iluminarão as capas dos seus livros no estande da Draco.”
(Felipe Coutinho)

Dia 1 (Sexta-feira – data estelar: 20171027O6)
Comecei meu expediente mais cedo essa manhã na Prefeitura para poder sair no meio da tarde para comparecer a edição 2017 da Primavera Literária do Rio de Janeiro.  Após uma manhã e início de tarde solucionando processos administrativos — pois estamos vivendo no IPTU os efeitos do rescaldo do Projeto Atualiza e a perspectiva da entrada em vigor da primeira Planta de Valores em duas décadas — consegui levantar de minha mesa às 14h30, desejar “bom fim de semana” aos meus companheiros de combate e seguir para a estação Estácio do metrô.  Após uma viagem tranquila até a estação Uruguaiana, caminhei até a Casa França-Brasil, a nova sede da Primavera Literária, após três edições seguidas nos jardins do Palácio do Catete.
*     *     *

Ao entrar no belo prédio histórico que hoje abriga a Casa França-Brasil[1], em pleno centro histórico da cidade, deparei-me com o estande da Aquário Editorial, onde encontrei Estevão Ribeiro, com quem conversei durante alguns minutos.
Em seguida, dirigi-me ao estande da Draco, onde tive o prazer de conhecer o quadrinista niteroiense Felipe Coutinho, responsável pelo estande nesta edição da Primavera Literária.  Uma vez mais a Draco acertou em cheio na escolha do comandante de operações de seu estande carioca: Felipe mostrou-se invariavelmente simpático, paciente e divertido ao lidar com o público visitante do estande.
Inspecionei brevemente os outros estandes do evento.  Com cerca de quarenta editoras expositoras, a Primavera Literária está menor este ano, talvez por causa da crise econômica, talvez por conta da mudança do espaço.  No que se pese que a diminuição no número de expositores foi justamente o fator que possibilitou a mudança para a Casa França-Brasil, pois o local não comportaria o número de estandes presentes em Primaveras Literárias passadas nos jardins do Palácio do Catete.  Por outro lado, o espaço coberto proporciona maior proteção contra as intempéries climáticas: em certames passados o evento foi perturbado por temporais, inclusive, com a queda de árvores bem próximo aos estandes e ao público visitante.
Pouco depois, chegava o amigo Luiz Felipe Vasques, com quem conversei longamente para colocar em dia os papos e questões intra e extrafandom.  O assunto da semana foi sem dúvida o anúncio do presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, Clinton Davisson, de que não haverá Prêmio Argos este ano.  Clinton anunciou o fato dois dias atrás na lista de discussão do CLFC e o assunto se espalhou rapidamente pelas redes sociais.  Os motivos expressos por Clinton foram absoluta falta de tempo para organizar a premiação.  Talvez esteja na hora de reformular o Argos, de repente, tornando-o mais parecido com o antigo Prêmio Nova que reinou na comunidade de literatura fantástica nacional durante a década de 1990.

Estande da Draco na Primavera Literária 2017.


Felipe Coutinho e Luiz Felipe Vasques.

GL-R e Luiz Felipe Vasques.


Conversei com Luiz Felipe sobre a nova série da franquia Jornada nas Estrelas, Star Trek: Discovery.  Realmente, a série anda um bocado fraca.  Desisti de assistir após o quarto episódio.  Para se ter uma ideia de como os roteiros estão ruins, o personagem mais interessante e carismático é um tardígrado gigante que ajuda uma nave estelar experimental da Federação a saltar pelo equivalente ao hiperespaço naquele universo ficcional.
Aproveitei a presença na Primavera Literária para comprar o presente para meu velho amigo dos tempos da graduação em Astronomia no Observatório do Valongo, Ronaldo Fernandes, que comemoraria seu aniversario dali a algumas horas na filial do Largo do Machado da cervejaria Devassa.  A combinação inicial era que Cláudia comparecesse ao evento comigo.  Porém, acometida por uma gripe forte, ela se declarou sem autonomia de voo para tanto.  De qualquer forma, encontrei o presente ideal para o Ronaldo no estande da Aleph, genuíno vórtice de tentação para todos os amantes da literatura fantástica anglo-saxã publicada em português.  O presente?  A bela edição comemorativa do jubileu de ouro do romance clássico Blade Runner (no original: Do Androids Dream of Electric Sheep?, 1968), de Philip K. Dick.
Por volta das 17h00, como Felipe Coutinho já havia anunciado, os raios do sol poente penetraram pelo vitral da fachada da frente da Casa França-Brasil, incidindo exatamente sobre o estande da Draco e proporcionando um punhado de fotos interessantes.

Reflexo do vitral nos livros da Draco.

Daniel Russell Ribas e Luiz Felipe Vasques: antologistas autografam a Monstros Gigantes.

GL-R, Luiz Felipe, Kássio Alves e Daniel Ribas.


Uma hora mais tarde, nosso amigo Daniel Russell Ribas adentrou na Primavera Literária aos brados, mas pouca gente prestou atenção ao pretenso portento.  Autografei para ele um exemplar do romance Octopusgarden (Draco, 2017), que ele havia adquirido na Bienal do Livro, dois meses atrás, numa ocasião em que eu não estava no estande da Draco.
Travamos contato com um punhado de visitantes interessados em literatura fantástica em português, o que nos rendeu bons papos, dentre os quais destaco a conversa que tivemos com Kássio Alves e a namorada durante cerca de meia hora no estande da Draco.  O casal adquiriu exemplares autografados das antologias Super-Heróis e Monstros Gigantes (Draco, 2015), coorganizada por Luiz Felipe Vasques e Daniel Russell Ribas.
Enfim, por volta das 19h00, despedi-me dos amigos e segui a pé até a estação Uruguaiana para tomar o metrô até o Largo do Machado, onde encontrei o Ronaldo Fernandes para lhe dar um abraço pela comemoração de seu quinquagésimo primeiro aniversário.
Amanhã comparecei outra vez à Primavera Literária 2017.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2017 (sexta-feira).

201710282359O7  —  20.931 D.V.

“Compre um livro do Gerson para ajudar o netinho dele que vai nascer na semana que vem.”
(Daniel Ribas, excessivo, no estande da Draco)

Dia 2 (Sábado – data estelar: 20171028O7)
Em vez de ir para a Primavera Literária de metrô, método que me obrigaria a uma baldeação e uma caminhada de cerca de dez minutos, tive a ideia brilhante de ir ônibus.  Antigamente, antes da Prefeitura baratinar as linhas de ônibus da cidade, cansei de ir à Cândido Mendes da Rua da Assembleia num ônibus direto porta-a-porta, da minha casa até a Primeiro de Março.  Só que as linhas que eu pegava mudaram de número ou não existem mais.  Solução tecnológica: instalação do Moovit em meu celular, aplicativo gratuito capaz de sugerir o melhor itinerário e meio de transporte de massa para se chegar a qualquer destino.  O aplicativo funcionou maravilhosamente bem, indicando, inclusive, o horário em que o ônibus passaria no ponto mais próximo da minha casa.  Saí às pressas e, quando eu estava a vinte metros do ponto, não é que o ônibus certo para me levar direto à Primeiro de Março realmente apareceu?  Bastou uma corridinha de nada e embarquei no busão que, ainda por cima, tinha ar condicionado funcionando.  Leitura de bordo: Tomorrow Happens (NESFA, 2002), uma coletânea de contos e ensaios do David Brin.
*     *     *

Cheguei ao estande da Draco às 13h55, hora boa para render o Felipe Coutinho, que ainda não havia almoçado.  Enquanto fiquei sozinho no estande um garoto recém-alfabetizado ficou empolgadíssimo com o título de uma HQ da editora: Cortabundas.  Infelizmente, sua mãe não compartilhou dessa empolgação infantil a ponto de adquirir a revista.
Neste sábado abafado, o calor reinava no interior da Casa França-Brasil.  Quem conhece bem o prédio afirma que as instalações abrigam um sistema de ar-condicionado dos mais eficientes.  Infelizmente, o aparelho não foi ligado nem ontem, nem hoje.  É possível que o contrato da instituição com a Primavera Literária não incluísse a utilização do ar-condicionado.  Assim, visitantes transitando fleumáticos entre os estandes com camisas e blusas encharcadas de suor se tornaram lugar-comum nesta tarde de sábado na CFB.
Minha amiga Ana Lúcia Merege chegou poucos minutos antes do regresso do Felipe e, minutos depois, chegava Ricardo França.  Nesta tarde eu e França conversamos um bocado sobre cristianismo e budismo, com ênfase aos ensinamentos de Siddhartha Gautama e à hipótese da inexistência de Jesus Cristo histórico.  Hoje conheci sua esposa, Maria Helena, que passou na Primavera após prestar uma prova de japonês no Kumon.

Ana Lúcia Merege, Arnaldo Siqueira, GL-R e Daniel Ribas.

GL-R e Felipe Vinha.

Detalhes arquitetônicos da Casa França-Brasil.

O próximo a chegar foi Daniel Russell Ribas.  Nosso amigo tentou outra entrada triunfal, como a de ontem.  Novamente, ninguém lhe prestou muita atenção.  Ao longo da tarde, Ribas se mostrou ainda mais agitado do que ontem.  De qualquer forma, ainda que por vezes inoportuno, seu excesso de entusiasmo alavancou algumas vendas hoje à tarde.
Quem apareceu em seguida foi Arnaldo Siqueira, um amigo que conheci de outros certames literários, não lembro se Bienais ou Primaveras.  Conversamos um pouco sobre os lançamentos da Draco e ele acabou adquirindo um exemplar autografado de meu romance, A Guardiã da Memória (2011).
Luiz Felipe Vasques regressou hoje à Primavera Literária.  Eu, ele e França conversamos um bocado durante toda a tarde e o início da noite deste sábado na CFB.
Como de costume, os amigos Flávio Lúcio Abal e Dino Freitas também prestigiaram ao estande da Draco em diversas ocasiões ao longo da tarde e entabulamos grandes papos em cada um de seus regressos ao nosso ancoradouro draconiano.
Durante o evento, Marco Antônio Santos Freitas entrou em contato pelo Messenger do Facebook para confirmar uma entrevista radiofônica comigo sobre ficção científica brasileira.  Devo falar por cerca de meia hora ao fim da tarde para próxima terça-feira, dia 31.  A entrevista será ao vivo e feita via telefone fixo.
Outros visitantes assíduos de compareceram mais uma vez ao estande da Draco foi o casal Felipe Vina & Aline Costa.  Felipe contou que quase toda a seção de literatura fantástica da biblioteca deles é composta por títulos de três editoras: Draco, Aleph e Darkside.  Falou também que quase todas as suas aquisições mais recentes têm sido feitas em feiras literárias, por causa dos descontos atraentes.  Segundo Felipe, ir à Primavera hoje compensa mais do que à Bienal.  Já tendo lido A Guardiã da Memória, desta vez ele levou um exemplar autografado de Octopusgarden, além de quatro outros títulos, para aproveitar o desconto máximo.  Aline também adquiriu seus livros.  Ela falou que deverá participar da próxima reunião do Vórtice, grupo de discussão literária do qual faço parte.
Aliás, por falar no Vórtice, quem compareceu ao estande da Draco foi Thaís Cavalcante, uma das fundadoras do segmento da iniciativa no Rio de Janeiro.  Conversamos bastante sobre os motivos que tem impedido que ela compareça aos encontros mensais do nosso grupo de discussão.  Eu próprio também andei afastado d’O Vórtice no primeiro semestre deste ano por conta de uma série de atribulações.  Há três meses, consegui me desvencilhar de boa parte das mesmas a ponto de retomar as reuniões desse grupo e outras atividades mais ou menos correlatas.
Durante boa parte da tarde, o estande da Draco recebeu nove ou doze visitas de um pré-adolescente que Ribas logrou convencer a adquirir um exemplar da Monstros Gigantes.  O problema é que a mãe do menino não queria comprar a antologia de jeito algum e o moleque insistia, ia embora, retornava ao estande com o olhar comprido e acaba saindo de lá de mãos vazias.  A mesmíssima cena se repetiu uma dezena de vezes.  Afinal, por volta das 19h50, quando eu estava prestes a me despedir dos amigos para voltar para casa, vencida pelo cansaço, a mãe cedeu ao filho insistente e adquiriu um exemplar da antologia das mãos de um Felipe Coutinho paciente e compreensivo.  Água mole em pedra dura...
O fã de space-opera Denis de Barros passou no estande da Draco e adquiriu vários produtos da franquia homônima, organizada por Hugo Vera e Larissa Caruso.  Autografei minha noveleta “No Amor e na Guerra”, publicada na Space Opera: Odisseias Fantásticas Além da Fronteira Final (Draco, 2011).  Foi o último autógrafo que assinei na Primavera Literária 2017.
Também quase no apagar das luzes, pelo menos no que me dizia respeito, reencontrei Hamilton Kabuna, acompanhado por um grupo de alunos.  Hamilton convidou a mim e ao Daniel Ribas para falar sobre literatura fantástica brasileira em uma de suas aulas.  Em princípio, compareceremos à aula que será ministrada no sábado, 02 de dezembro.

Dino Freitas, Daniel Ribas, Ricardo França e Felipe Coutinho.

GL-R, Hamilton Kabuna e Daniel Ribas.


Cansado, mas satisfeito com o teor dos bate-papos com amigos e conhecidos, e com os contatos efetuados com leitores que eu ainda não conhecia pessoalmente, saí da Casa França-Brasil às 20h00 e caminhei até a Rio Branco para tomar o ônibus que o Moovit prometeu que passaria ali.  No entanto, como o ponto de ônibus estava com um ar de abandono, sem vivalma esperando, preferi seguir a pé até a estação Carioca, onde embarquei no metrô, rumo à estação Botafogo.  No vagão em que entrei, encontrei meu sobrinho André Henrique.  Após cumprimentá-lo, como ele estava bem acompanhado, para não atrapalhar a conversa, sentei-me do outro lado do vagão e retomei a leitura da coletânea Tomorrow Happens.  Em Botafogo, tomei o ônibus da integração para casa.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2017 (sábado).



Participantes:
Aline Costa
Ana Lúcia Merege
Arnaldo Siqueira
Daniel Russell Ribas
Denis de Barros
Dino Freitas
Estevão Ribeiro
Felipe Coutinho
Felipe Vinha
Flávio Lúcio Abal
Gerson Lodi-Ribeiro
Hamilton Kabuna
Kássio Alves
Luiz Felipe Vasques
Maria Helena Conrado de Souza
Ricardo França
Thais Cavalcante
Tomaz Adour





[1].  Casa França-Brasil: http://www.casafrancabrasil.rj.gov.br .