terça-feira, 14 de agosto de 2018


Bate-e-Volta à Bienal SP 2018

201808112359P7 — 21.219 D.V.

Acordei hoje às 04h00 para tomar meu café da manhã sem pressa e me preparar com calma para a viagem de bate-e-volta para São Paulo a fim de comparecer ao estande da editora Draco na Bienal do Livro 2018.
Às 05h30 entrava no UBER rumo ao Santos Dumont.  Cidade escura e sem trânsito nesta manhã de sábado invernal.  Faria um dia ensolarado no Rio, só que eu iria para Sampa.  Menos de quinze minutos mais tarde, já estava no saguão de embarque do aeroporto.  Embora estivesse com o e-ticket da passagem no celular, just in case, como estava com tempo sobrando, extraí uma versão impressa do mesmo no totem de autoatendimento da Gol.  Daí, passei à área de embarque, ainda relativamente vazia e sossegada.  Sentei junto ao meu portão de embarque e coloquei o celular para recarregar numa porta USB.  Enquanto aguardava a chamada para embarcar, li dois capítulos do romance de ficção científica da Ann Leckie, laureado com o Hugo e o Nebula de 2014, Ancillary Justice (Orbit Books).  Enredo complexo e trama original.  Por enquanto, está do cacete.
O embarque se deu poucos minutos antes do horário marcado (07h00).  O voo G3 1005 decolou com alguns minutos de antecedência em relação ao horário previsto das 07h40 e se desenrolou sem percalços.  A Gol até distribuiu um minisanduíche aos passageiros, surpresa inesperada na classe econômica da ponte aérea Rio-São Paulo.  Leitura de bordo: romance de fantasia folclórica Araruama: o Livro das Sementes (Moinhos, 2017), do Ian Fraser.  Até agora estou gostando bastante.
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A aeronave pousou em Congonhas adiantada (o horário previsto era 08h40).  Caminhei até a área de desembarque.  Ainda cogitei chamar um UBER, mas achei melhor pagar um táxi do aeroporto até o Parque Anhembi, sede da edição 2018 da Bienal do Livro de São Paulo.  A viagem custou R$ 57,00 e transcorreu sem problemas.  Leitura de bordo: edição digital do jornal O Globo, que finalmente consegui baixar no táxi pelo 4G.
Cheguei ao Anhembi pouco depois das nove horas.  Para minha surpresa, embora já dispusesse da credencial de autor impressa e pendurada no pescoço, tive que amargar na fila durante quase uma hora, pois os portões ainda não haviam aberto para o público.  Nas Bienais do Livro do Rio de Janeiro, os portadores de credenciais impressas podem ingressar nos pavilhões antes da abertura oficial da feira às 10h00.  Pelo visto, em Sampa é diferente.  Fato que não observei na Bienal do Livro de 2016, pois então cheguei após a abertura dos portões.  Vou tentar me lembrar disso na Bienal de 2020.  Li mais um pouco do Ancillary Justice na fila e bati papo com um podcaster e blogueiro da área de métodos de educação.
Às 10h00, a fila começou a andar e daí a entrada no único pavilhão do evento se deu de forma rápida e sem maiores problemas.  Nem precisei mostrar um exemplar de livro de minha autoria para adentrar na Bienal.
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Dentro do pavilhão, caminhei pela rua B até o estande B-113, da editora Draco.  Lá encontrei os amigos Eduardo Massami Kasse e Raphael Fernandes.  Edu estava lançando seu romance histórico Vikings: Berserker (Draco, 2018), cujas tramas já havíamos discutido amiúde em encontros passados.  Por causa dessas conversas anteriores, estava ansioso para adquirir meu exemplar autografado desse livro.  De autoria do artista Erick Sama, que não é outro se não nosso grande amigo Erick Cardoso, publisher da Draco, a capa do livro ficou ainda mais bonita ao vivo e a cores do que as fotos de divulgação me fizeram supor.  Também adquiri os dois romances da duologia Metrópole, da Melissa de Sá: Metrópole: Despertar (Draco, 2016) e Metrópole: Caos (2018).  Conforme já havia combinado com a autora na Casa Fantástica da FLIP 2018, ela deixou meus exemplares autografados.

GL-R e Eduardo Kasse com o Vikings: Berserker.


Pouco depois, Erick chegou ao estande da editora, acompanhado pela mãe Isilda Cardoso e pelo filho Dudu.  Neste sábado, Erick estava de folga de seu trabalho na editora Panini e pôde permanecer no estande da Draco durante todo o tempo em que permaneci lá.  Enquanto Erick passeava com o Dudu pela Bienal, aproveitando que as ruas dessa feira literária ainda se encontravam parcialmente transitáveis, conversei bastante com Isilda sobre logística de armazenamento de livros, viagens a Portugal (pois ela e o marido estão planejando visitar a terrinha em breve) e, é claro, sobre nossos netos.  Avô coruja, mostrei para ela as fotos do Bernardo postadas no Instagram por minha nora Júlia.

Erick Cardoso, Dudu e Isilda Moraes.

Edu Kasse e seus fãs 1.

Edu Kasse e seus fãs 2.



Quando o Erick regressou ao estande, conversamos um bocado sobre a situação do mercado editorial brasileiro, com ênfase na situação crítica (pré-falimentar?) de duas das maiores cadeias de livrarias do país.  Uma delas está “prendendo” uma partida de exemplares de meu romance mais recente, Octopusgarden (Draco, 2017) há cinco meses: nem paga e nem devolve os livros.  Daí que não tinha esse título para vender na Bienal...L  Também conversamos um bocado sobre família, paternidade e relacionamentos.  Erick contou que está alugando cinco metros quadrados num depósito para armazenar o estoque de livros da editora.  O aluguel está saindo quatrocentos reais mensais, quantia que considerei módica em comparação com o aluguel de um imóvel inteiro para servir de depósito.
Pouco depois, chegava Antonio Luiz M.C. da Costa, que eu já havia encontrado na FLIP 2018.  Conversamos sobre os textos de ficção científica publicados por autores nacionais nos últimos anos.  Confessei-me algo decepcionado com o fim do romance As Águas-Vivas Não Sabem de Si (Rocco, 2016), da Aline Valek, incensado por diversos leitores e críticos, cuja leitura concluí menos de uma semana atrás.  Não sei se foi excesso de expectativa, mas suspeito de que esse romance seja do tipo “ficção científica para quem não gosta de ficção científica”.  Aliás, os dois livros que mais venderam neste sábado no estande da Draco, com exceção óbvia dos quadrinhos e romances gráficos da editora, foram o Vikings: Berserker do Edu Kasse e a obra de referência mais recente do Antonio Luiz, História do Dinheiro I: o valor das moedas, das coisas e do trabalho, da pré-história até o fim da Idade Média (Draco, 2018).  Os dois livros vendiam como sanduíches de tapioca preparados na hora nas feiras cariocas.
Ao contrário dos outros eventos literários dos quais participei nos últimos tempos, desta vez as antologias que organizei para a Draco venderam mais do que meus livros solo, sobretudo, os três livros que constituem a triantologia punk (Vaporpunk; Dieselpunk; e Solarpunk).  A campeã de vendas foi a Solarpunk: histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável, até então considerada o patinho feio das antologias punk da editora.  A situação parece ter mudado da água para o vinho depois dos anúncios e matérias sobre a compra dos direitos e a publicação desse livro pela editora World Weavers nos EUA.  Pelo visto, a notícia está convencendo os leitores brasileiros a conceder uma chance à antologia, a fim de conferir o conteúdo da edição original.J


Animação no estande da Draco: Erick,
Edu Kasse e Raphael Fernandes.

Pausa para descansar no estande da Draco:
Erick e Raphael 



Erick Cardoso e GL-R.


Por volta das 15h00, Cristina Lasaitis passou no estande da Draco para uma visita.  Conversamos sobre nossas experiências e participações na Casa Fantástica, por ocasião da FLIP 2018 há duas semanas.  Como eu, ela afirmou também ter curtido muito o ambiente informal daquele evento.  Mesas-redondas sem mesas!  Aliás, o Antonio Luiz comentou a mesma coisa, ao declarar que as mesas da Casa Fantástica foram em média muito mais interessantes do que as das antigas Fantasticons.  Tenho impressão de que todos que participaram da Casa Fantástica saíram de Paraty com um sentimento muito bom e o anseio de que o evento se torne anual.  Vamos torcer.
Conversei com o Erick sobre minhas perspectivas de carreira na Prefeitura do Rio de Janeiro para o ano vindouro, quando deverei decidir se me aposentarei no serviço público municipal ou se permanecerei mais alguns anos trabalhando com tarefas um pouco menos complexas do que meu cargo atual de titular da Gerência de Fiscalização e Revisão de Lançamentos do IPTU.
Cerca de meia hora antes da minha partida do Anhembi para o aeroporto, Ana Cristina Rodrigues pintou no estande da Draco.  Conversamos um bocado sobre a crise na Biblioteca Nacional, onde ela trabalha; oportunidades de residência, estudo e trabalho em Portugal; e sobre o tema recorrente da situação do mercado editorial brasileiro.  Também conversamos um pouco sobre a FLIP 2018.  Ela estava escalada para uma mesa sobre editoras independentes, mas não pôde comparecer por motivos de saúde.  Também falamos sobre o progresso de seu romance, ambientado no universo ficcional de Finisterra.  Ana Cris afirmou já ter cerca de quinze mil palavras escritas e estima que o romance deverá atingir pelo menos cem mil palavras.  Ana me detalhou a gênese do romance mainstream de Lucas Rocha, Você Tem a Vida Inteira (Galera Record, 2018), lançado nesta Bienal: uma história de amor entre portadores do HIV, inspirado no trabalho social que o autor realizou com soropositivos.  Lucas Rocha foi o autor da bela e pungente “Verdade sobre Raio Vermelho – Uma Biografia”, noveleta publicada na antologia Super-Heróis, que eu e Luiz Felipe Vasques organizamos para a Draco, lançada em 2012.
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Às 17h00, despedi-me dos amigos e atravessei a maré revolta de seres humanos rumo à saída do pavilhão.  Nunca vi uma Bienal do Livro tão lotada quanto essa que enfrentei na ocasião da minha partida.  Levei cerca de dez minutos para percorrer os cem ou cento e cinquenta metros de distância que separavam o estande da Draco da saída.
Uma vez fora do pavilhão, caminhei até o ponto de táxis do Anhembi.  A fila para os veículos credenciados estava enorme e o pior é que os táxis não apareciam.  Cheguei a pedir um UBER, mas o motorista se perdeu ou não conseguiu chegar, pois, depois de estar a dois minutos de alcançar minha posição, passou para quinze minutos e depois para dezessete...  A situação da fila só começou a se resolver quando o responsável por sua organização resolveu permitir que os táxis não credenciados, que chegavam ao Anhembi para deixar passageiros, atendessem ao pessoal da fila.  A nova estratégia resultou, a fila começou a andar e logo pude embarcar num táxi rumo ao aeroporto.
A viagem de táxi de rua saiu mais barata do que o pré-pago da ida, embora tenha consumido mais tempo.  Cheguei ao aeroporto em torno das 18h00.  Novamente, embora possuísse o e-ticket no celular, imprimi a passagem por paranoia (a.k.a. “motivo de segurança”).  Passei logo para a área de embarque e, enquanto aguardava a hora de embarcar, recarreguei meu celular, concluí a leitura d’O Globo e li mais um pouco do Ancillary Justice.
O embarque no voo G3 1054 da Gol se deu no horário previsto das 19h30 e a decolagem ocorreu pontualmente às 20h10.  Mantive o romance da Ann Leckie como leitura de bordo.  A empresa aérea serviu outro minisanduíche e a viagem se efetuou sem problemas.
Ao desembarcar no Santos Dumont às 20h55, cruzei o aeroporto inteiro a pé até alcançar o fim do exterior à área de embarque, ponto em que os veículos da UBER pegam seus passageiros.  A operação dessa empresa no aeroporto pareceu mais organizada do que da última vez que usei o serviço ali.
Antes das 21h30, cheguei em casa, cansado e verde de fome.  Mais uma expedição exaustiva, mas divertida e proveitosa.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2018 (sábado).


Participantes:
Ana Cristina Rodrigues
Antonio Luiz M.C. da Costa
Cristina Lasaitis
Eduardo Chervezan Cardoso
Eduardo Massami Kasse
Erick Cardoso
Fernando Barone
Gerson Lodi-Ribeiro
Isilda Moraes
Marcelo Galvão
Raphael Fernandes
Sílvio Lélis
Tiago P. Zanetic