Ficção Climática & Solarpunk no Sesc Santos
DIA 1:
201705201010P7 — 20.770 D.V.
“Em uma análise a posteriori, constatamos que, antes da
publicação da nossa antologia Solarpunk em dezembro de 2012, o solarpunk era um movimento cultural à procura
de um subgênero literário fantástico para chamar de seu.”
[trecho da
minha apresentação]
Acordei hoje bem cedo, pois meu voo para São Paulo estava com partida do
Santos Dumont prevista para às 07h10. O
despertador do celular falhou, mas a “sirene de fábrica” velha e confiável do
relógio digital do remoto século XX me acordou dez minutos mais tarde.
Banho e desjejum tradicional e um UBER para às cinco e pouco da
matina. Sob condições de trânsito
inexistentes, o translado de casa até o aeroporto levou coisa de dez ou doze
minutos.
Uma vez no Santos Dumont, como não portava bagagem para despachar, fiz
meu ckeck-in no próprio totem
eletrônico da Gol. Aproveitei para fazer
também o check-in do voo de volta que
pegarei para o Rio na próxima segunda-feira.
A leitura no saguão de embarque e também durante o voo de 52 minutos de
duração foi a antologia Future Primitive:
The New Ecotopias (Tor Books, 1994), organizada pelo Kim Stanley
Robinson. Durante o pouso em Congonhas,
enfim concluí a leitura maçante da peça mais longa do livro, “‘A Story’, by
John V. Marsch”, do Gene Wolfe. Só
depois descobri que se trata do fragmento de um romance e, ainda por cima, o
terço do meio desse romance… Assim não dá! Pena, pois, até então, os trabalhos dessa
antologia estavam mantendo uma média excelente.
O voo Gol 1003 transcorreu tranquilo e sem maiores percalços, não
obstante o atraso de dez minutos na decolagem e o fato de não haver assentos
marcados. Como a equipe de terra avisou
os passageiros sobre isto ainda no saguão de embarque, procurei ingressar logo
na fila de embarque assim que os alto-falantes chamaram e consegui pegar um
assento razoável.
Ao contrário do que aconteceu no embarque no Santos Dumont, em
Congonhas havia finger de desembarque e, porque estava apenas com bagagem de
mão, pude me dirigir direto à saída.
Na saída do desembarque, Plínio — o motorista de táxi contratado pelos
organizadores do evento para fazer meu translado para Santos — já me aguardava
com meu nome escrito em letras garrafais numa folha de papel.
A viagem de São Paulo para Santos foi rápida e tranquila.
Combinei com o Plínio que ele ou seu sócio Anaíldo deverá me buscar às
06h30 da próxima segunda-feira para meu translado de volta, Santos – Aeroporto
de Congonhas.
Para minha felicidade, os recepcionistas do Atlântico Golden me deixaram
subir para o quarto 313 assim que cheguei ao hotel, às 10h20. Assim, pude descansar um pouco, ler um bocado
e dar uma última repassada na minha apresentação.
Impressões iniciais do quarto: sinal de WiFi muito bom e TV a cabo com
muitos canais (NET) que realmente funcionam.J
* *
*
Às 14h00 saí do Atlântico Golden para o SESC via UBER. Uma vez descobertos os endereços do hotel e
da instituição, o aplicativo funcionou a contento e o veículo me conduziu ao
destino em segurança em cerca de dez minutos.
O SESC Santos ocupa um quarteirão inteiro: autêntico colosso! Para não me perder lá dentro, apresentei-me à
recepção e expliquei ao que vinha. A
recepcionista me orientou até o guichê de outra funcionária, a uns cem metros
de distância, e lá repeti minha historinha.
Essa segunda funcionária chamou Solange Alboreda, coordenadora do evento
Cli-Fi: Ficção Climática, com a qual
já havia combinado minha participação há meses via e-mail e telefone.
Solange me conduziu numa turnê rápida pelas instalações do SESC, com
ênfase ao teatro gigantesco e belíssimo, ao auditório onde eu faria minha
apresentação — e onde aproveitamos o ensejo para testar o arquivo da referida
apresentação em PowerPoint — e à espaçosa área externa da instituição, com
destaque para a piscina sob a forma de locomotiva a vapor.
Solange Alboreda, coordenadora do evento.
Em seguida, Solange regressou à sua sala e eu retomei a leitura do
conto “The Bead Woman”, da Rachel Pollack, publicado na antologia Future Primitive: The New Ecotopias. Uma hora mais tarde, voltamos a nos reunir
para nos dirigirmos ao auditório. Uma
vez lá, reencontrei o amigo Guilherme Kujalski, que indicou meu nome para
participar deste evento no SESC.
Conversamos bastante sobre seminários e congressos de literatura
fantástica que frequentamos juntos, como os patrocinados pelo Itaú Cultural e
as Fantasticons. Guilherme é o curador
da mostra de cinema Cli-Fi, cerne do
evento cultural.
Travei contato com um cinéfilo santista, algo tecnófobo, Rogério de
Lima, e revi um amigo da velha guarda da FC paulistana, Ataíde Tartari, que me
apresentou a esposa, Rosane Gregório.
Rogério de Lima, Guilherme Kujalski e GL-R.
Ataíde Tartari & Rosane Gregório.
Solange Alboreda e Guilherme Kujalski.
Ante uma plateia de cerca de vinte pessoas, iniciei enfim minha
apresentação, “Ficção Climática & Solarpunk”.
Comecei do princípio, introduzindo os conceitos de ecoficção, ficção de
mudança climática e solarpunk. Em
seguida, apresentei os elementos constituintes necessários dos trabalhos de
ecoficção, de acordo com o teórico Jim Dwyer, autor de Where the Wild Books Are: A Field Guide to Ecofiction (University
of Nevada Press, 2010). Em seguida falei
dos temas principais da ecoficção e procurei distinguir os apocalipses
ambientais dos demais tipos de apocalipse.
Daí, passei à ficção de mudança climática, conceituando esse gênero
literário e apresentei alguns textos clássicos, como os romances de J.G.
Ballard; o romance curto Floresta é o
Nome do Mundo (1972) da Ursula K. Le Guin e a antologia Future Primitive, minha leitura
atual. Então, introduzi o conceito de
“Antropoceno” e passei a apresentar os grandes textos da ficção climática
escritos nas duas primeiras décadas do século XXI, dentre os quais os romances
distópicos de Margaret Atwood; a trilogia Ciência
na Capital, do Kim Stanley Robinson; os filmes O Dia Depois de Amanhã (2004) e Interestelar
(2014); a coletânea Pump Six and Other
Stories (2009) e o romance biopunk The
Windup Girl (2009), ambos do Paolo Bacigalupi; a antologia Loosed upon the World: The Saga Anthology of
Climate Fiction (2015); e o romance atualíssimo, New York 2140 (2017), do Kim Stanley Robinson.
Da ficção de mudança climática, passei ao solarpunk, tratando-o como um
subgênero punk da ficção científica e comparando-o ao steampunk, destacando sua
visão otimista de ecotopia e seu caráter ecofuturista, em vez de
retrofuturista. Falei do papel pioneiro
de Clifford D. Simak como um solarpunk avant
la lettre em seu romance fix-up City
(1951).
Em seguida, falei do movimento cultural solarpunk, proposto pelo
ideólogo Adam Flynn em seu manifesto de 2014, quase dois anos após a publicação
da nossa Solarpunk: Histórias ecológicas
e fantásticas em um mundo sustentável.
Daí, citei brevemente as palavras de ordem desse manifesto cultural.
Enfim, falei da antologia Solarpunk
(Draco, 2012), contando um pouco da gênese do projeto da “triantologia” punk: Vaporpunk: Relatos steampunk publicados sob
as ordens de Suas Majestades (2010); Dieselpunk:
Arquivos confidenciais de uma bela época (2011); e Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável
(2012). Li o prefácio dessa terceira
antologia para a plateia, destacando que, não obstante seu papel pioneiro de
marco zero literário do movimento solarpunk, não se trata de um livro política
ou ecologicamente engajado, mas, antes, da reunião de nove narrativas cujo
objetivo precípuo é entreter o leitor e não despertar sua consciência
ecológica.
Concluí minha apresentação com as descrições sumárias dessas nove
narrativas:
“Soylent Green is People” (Carlos Orsi): ficção científica noir.
Em bela trama policial futurista, detetive investiga o desaparecimento
de uma anciã.
“O Confronto dos Reinos” (Telmo Marçal): rara distopia solarpunk que aborda
a hipótese de humanos fotossintéticos canibais.
“E Atenção: Notícia Urgente!” (Romeu Martins): near future com temática atual, inclusive, indústria transgênica e
armas biológicas, além de corrupção política nas altas esferas (escrito alguns
anos antes da descoberta do Petrolão).
“Era uma Vez um Mundo” (Antonio Luiz M.C. da Costa): história
alternativa ambientada no universo ficcional Outros
500. Na década de 1930, terroristas
de extrema-direita planejam sabotar usina experimental de fusão termonuclear.
“Fuga” (Gabriel Cantareira): thriller
de ficção científica em que a heroína empreende fuga para sabotar tecnocracia
paulistana.
“Gary Johnson” (Daniel Dutra): ficção científica com cheiro de história
alternativa. Inventor brasileiro Landell
de Moura extrai energia vital de seres humanos.
“Xibalba Sonha com o Oeste” (André Soares Silva): história alternativa
com temática instigante e inovadora, ambientada em linha histórica onde a
civilização ocidental aparentemente não existe.
Em plena Baía da Guanabara, ameríndios tecnologicamente avançados — mas
dependentes da civilização chinesa — exploram a energia dos relâmpagos
atmosféricos.
“Sol no Coração” (Roberta Spindler): narrativa de FC pungente e
original, baseada na premissa de que os humanos do futuro se tornaram fotossintéticos
graças ao emprego da nanotecnologia.
“Azul Cobalto e o Enigma” (Gerson Lodi-Ribeiro): presente alternativo com
ares futuristas ambientado no universo ficcional Três Brasis, em que a República de Palmares se transforma na
maior potência da Terra. Operativo
brasileiro trajado com superarmadura — espécie de Homem-de-Ferro tupinica — defronta-se
com misterioso agente secreto imortal de Palmares em vários pontos do Sistema
Solar.[1]
* *
*
Finda a apresentação propriamente dita, passei a palavra à plateia para
que essa manifestasse seus comentários e perguntas. Não obstante o público relativamente
reduzido, a participação foi intensa, com dezenas de questões, colocações e
comentários, não só a respeito das ficções apresentadas, mas também sobre as
questões ecológicas e de autossustentabilidade correlatas àqueles textos. Após mais de uma hora de bate-papo,
encerramos as atividades do SESC nesta noite de sábado. Guilherme, Rosane, Ataíde e eu decidimos sair
para jantar. Assoberbada de trabalho,
Solange, infelizmente, não pôde nos acompanhar.
Caminhamos os quatro por cinco ou seis quadras, do SESC até o
apartamento do casal. Assim pude
conhecer um pouco da cidade de Santos. A
impressão inicial é de que essa região central da cidade é uma versão em escala
reduzida e muito mais ordeira da Zona Sul do Rio de Janeiro (com muito menos
criminalidade, também). A parte mais
importante da cidade, que inclui seu centro histórico, situa-se na Ilha de São
Vicente, dividida entre os municípios de Santos e São Vicente. Essa parte insular e histórica de Santos é
dividida por canais, construídos para escoar a água da chuva. Meu hotel se situa no bairro Gonzaga, entre
os canais 2 e 3.
Fizemos uma parada breve no apartamento de Rosane & Ataíde. Da varanda da unidade, situada no oitavo
andar do edifício, pudemos avistar os guindastes do maior porto da América
Latina, os arranha-céus de trinta ou quarenta andares que me fizeram lembrar os
da Praia da Boa Viagem, no Recife, e os morros da vizinhança.
Saímos de carro rumo à região do canal 1, para o restaurante e pizzaria
Van Gogh. Como chegamos a esse
estabelecimento badalado por volta das 20h00, foi possível escolher uma mesa
aprazível para nós quatro. Jantamos duas
pizzas: uma calabresa e outra de brusqueta com mozarela de búfala, regadas por
dois tintos, o português Dão Invulgar e italiano da Toscana, Montepulciano Fantine. Ambos saborosos, assim como a pizza calabresa. Quanto à vegetariana, nem sequer sobrou-me energias
para prová-la.J
Não obstante a excelência dos tintos e das pizzas, como sói acontecer
nesse tipo de evento, o melhor de tudo foi o papo com os amigos. Conversamos muito e de tudo um pouco: das
nossas carreiras e da perspectiva próxima ou distante da aposentadoria; de
escritas e leituras; de congressos de literatura fantástica passados, presentes
e futuros; de comida e vinhos, é lógico; de amigos que se foram, com ênfase em
Max Mallmann; da crise política brasileira; de dietas, saúde e estilos de vida
saudáveis. O papo estava tão bom que,
mesmo encerrado o ágape, só pagamos a conta e deixamos o estabelecimento por
volta das 23h00.
Jantar no Van Gogh.
O casal Rosane & Ataíde me deixou no hotel. Combinei com o Guilherme que amanhã cedo
entrarei em contato com o taxista que fará nosso translado de Santos para São
Paulo na segunda-feira de manhã, para tentar adiantar o horário em que ele
deverá nos buscar em nossos respectivos hotéis.
Atlântico Golden, Santos, Rio de Janeiro, 20 de maio de
2017 (sábado).
*
* *
DIA 2:
201705211145P1 — 20.771 D.V.
Acordei por volta das 06h20 e, após uma ducha rápida, parti direto para
o desjejum no sétimo andar do Atlântico Golden.
Café da manhã com tudo de bom: queijos e frios (salame, inclusive);
ovos mexidos bem macios; café preto e forte; iogurte de mamão com pêssego;
sucrilhos com leite e, o melhor de tudo, suco de laranja de verdade e bem fresquinho. Com toda a certeza, não precisarei almoçar
hoje.
Uma vez de volta ao quarto 313, comecei a trabalhar nesta crônica —
tarefa interrompida diversas vezes para tentar entrar em contato com o taxista
responsável pelo translado de amanhã.
Liguei para a recepção e fui informado de que os celulares da operadora
Claro não funcionam no hotel. Fiz uma
chamada local para o celular do tal Plínio pelo telefone fixo do quarto, mas
caiu em caixa postal. Preocupado, liguei
para a Solange lá no SESC e ela prometeu tentar resolver o problema.
Concluída a etapa atual da presente crônica, retomei a escrita do
terceiro romance de da trilogia Mundo-sem-Volta,
em que estou trabalhando de forma intermitente já há alguns anos, ambientada no
universo ficcional Tramas de Ahapooka,
pelo qual já publiquei o romance A
Guardiã da Memória (Draco, 2011) e as noveletas “Alienígenas Mitológicos” (Isaac Asimov Magazine de Ficção Científica
nº 15, Record, 1991) e “A Filha do Predador” (Sci-Fi News Contos nº 1, 2001).
Consegui escrever duas cenas curtas sobre o mesmo tema geral: a eleição
inédita de uma humana para o cargo de chefe de governo do Império, a maior
potência do Grande Continente da Ahapooka.
A primeira cena foi inserida no penúltimo capítulo que escrevi até agora
e a segunda no último.
* *
*
Às 15h00 saí do quarto 313 disposto a percorrer a pé os menos de três
quilômetros que separam o Atlântico Golden do SESC Santos, com auxílio do
aplicativo MapMe. Vã pretensão. Pois, a chuva fina e irritante atrapalhou
meus planos, obrigando-me a pedir um UBER, que me levou ao SESC em cerca de dez
minutos. Mesmo com a tarifa de 1.2, a
corrida saiu pouco mais de R$ 9,00.
Ao chegar, liguei para a sala da Solange Alboreda e a funcionária que
me atendeu apareceu para abrir as portas do auditório. Aguardei na primeira fila até que Solange e
Guilherme Kujalski aparecessem. Os dois
trouxeram a plateia com eles. Ambos
falaram brevemente sobre a mostra de cinema Cli-Fi
e então deram início à exibição da última das oito sessões da mostra, o filme
de ficção científica Interestelar
(2014), de Christopher Nolan. Com 169
minutos de duração, essa exibição se estendeu até quase 19h00.
Achei que a plateia de cerca de trinta pessoas iria se dispersar após o
fim do filme, mas todos permaneceram para a sessão de perguntas e debates. Como curador da mostra de cinema Cli-Fi, Guilherme destacou a importância
dos filmes de ficção climática que não constituem meros documentários. Quando ele me passou a palavra, falei um
pouco sobre os tópicos e temáticas do filme; da consultoria científica prestada
pelo astrofísico relativista Kip Thorne ao diretor e roteiristas; expliquei os
conceitos de buracos negros e buracos-de-minhoca; e me alonguei um pouco sobre
as semelhanças temáticas entre Interestelar
e 2001: uma Odisseia no Espaço.
Bastante interessada, a plateia apresentou dezenas e dezenas de
perguntas e colocações, algumas de caráter astrofísico, outras de caráter
ecológico e ambiental.
Mostra de cinema Cli-Fi: bate-papo pós-exibição de Interestelar.
Ao fim do evento, acompanhados pelo casal Rosane & Ataíde, eu e
Guilherme nos dirigimos à sala da Solange para tentar acertar a antecipação do
horário de nosso translado para São Paulo amanhã de manhã. Nada feito.
Daí, despedimo-nos da Solange e seguimos sob uma chuva já mais grossa
até o automóvel do casal, onde embarcamos e rumamos para uma confeitaria gourmet,
o Empório São José.
Uma vez no segundo piso do estabelecimento, pedimos nossas opções de
pratos, no meu caso, buffet de sopas e salgadinhos (também havia umas
sobremesas apetitosas, mas não cheguei nem perto). Para acompanhar, escolhi um Pizzato Reserva
Merlot 2010, rótulo longevo, mesmo em se tratando dessa vinícola de
qualidade. Tramei uma minidegustação às
cegas para Rosane e o Pizzato a fez perder os preconceitos em relação aos
tintos brasileiros. Tomei dois pratos de
caldo verde e um prato de salgadinhos.
Durante a refeição, conversamos sobre estilos de vida autossustentável;
pais e filhos; minimalismo; indignação com a corrupção sistêmica que afeta o
Brasil; ficção climática e outros bichos mais.
Por volta das 22h00, saímos da confeitaria e embarcamos no automóvel do
casal, que graciosamente nos deixou em nossos respectivos hotéis.
Amanhã pretendo acordar às 05h00 para me arrumar com calma para
embarcar no translado para Congonhas e de lá pegar a ponte aérea para o Rio.
Atlântico Golden, Santos, Rio de Janeiro, 21 de maio de 2017
(domingo).
*
* *
DIA 3:
201705221250P2 — 20.772 D.V.
Acordei hoje às 05h00 com o serviço despertador do hotel, tomei banho,
concluí a arrumação da mochila deixada semiprontificada de véspera e desci para
o check-out. Enquanto quitava as pequenas despesas da
hospedagem (frigobar e telefonemas locais, pois as diárias foram pagas pelo
SESC), Guilherme Kujalski apareceu na recepção, pois regressaria para São Paulo
de carona no táxi que o SESC contratara para mim. Subi para um desjejum expresso no restaurante
do hotel no sétimo andar, sem, no entanto, abrir mão do iogurte e dos queijos
& frios. Às 06h00 estava de volta na
recepção.
Agendado para as 06h30, nosso táxi chegou às 06h10. Uma felicidade, pois estávamos preocupados
com o horário de meu embarque de regresso para o Rio no Aeroporto de Congonhas.
Com os engarrafamentos e retenções na saída de Santos e na altura de
Diadema, no Grande ABCD Paulista, nossa viagem até Congonhas durou duas horas e
vinte e cinco minutos. Algo estressado,
despedi-me do Guilherme e do motorista Anaíldo, desembarquei do táxi no início
da calçada da área de embarque do aeroporto e caminhei a passos rápidos até o
setor correto, pois já eram 08h35 e talvez já não desse mais tempo para pegar
meu voo, pois o Gol 1014 decolaria às 09h05.
Quando enfim me deparo com o painel informativo das partidas, quedo-me
em êxtase ao descobrir que o voo só partiria às 09h45.
Mais calmo e com tempo de sobra, como já havia feito o check-in anteontem e não tinha bagagem
para despachar, dirigi-me lépido e fagueiro ao portão 17. Houve tempo até mesmo para um pulinho no
toalete para atender um chamado da natureza.
Minutos mais tarde, descobri que o portão de embarque do voo Gol 1014
havia mudado para o nº 9. Sem pressa,
caminhei as duas ou três centenas de metros até lá, com direito a uma mudança
de piso.
O embarque se deu com pontualidade, mas o voo só decolou às 10h05. Viagem tranquila, a tripulação de cabine da
Gol serviu até um sanduiche que não caiu mal.
Leitura de bordo: noveleta “Chocco”, de Ernest Callenbach, na antologia Future Primitive.
Pousamos no Santos Dumont às 10h40.
Meia hora e um aeroporto de caminhada mais tarde, embarcava no UBER que
me traria de volta para o lar doce lar.
Resumo da empreitada: esta ida a Santos para fazer a apresentação
“Ficção Climática & Solarpunk” no sábado e participar do bate-papo
pós-exibição do Interestelar no
domingo constituiu uma experiência divertida e gratificante, além de uma
oportunidade rara de rever velhos amigos, como Guilherme Kujalski e Ataíde
Tartari, e fazer novos amigos, como Solange Alboreda e Rosane Gregório. O fato é que é sempre bom falar do que se
gosta. A se lamentar, apenas o fato de
não ter havido oportunidade de passear e conhecer Santos um pouco melhor, pois
o clima não ajudou. Quem sabe esse
anseio insatisfeito não serve de pretexto para eu voltar outra vez com mais
calma?
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 22 de maio de 2017
(segunda-feira).
Presentes no SESC Santos:
Ataíde Tartari
Gerson Lodi-Ribeiro
Guilherme Kujalski
João Rúbio
Rogério de Lima
Rosane Gregório
Solange Alboreda