Bate-e-Volta à Bienal SP 2018
201808112359P7 — 21.219 D.V.
Acordei hoje
às 04h00 para tomar meu café da manhã sem pressa e me preparar com calma para a
viagem de bate-e-volta para São Paulo a fim de comparecer ao estande da editora
Draco na Bienal do Livro 2018.
Às 05h30
entrava no UBER rumo ao Santos Dumont.
Cidade escura e sem trânsito nesta manhã de sábado invernal. Faria um dia ensolarado no Rio, só que eu
iria para Sampa. Menos de quinze minutos
mais tarde, já estava no saguão de embarque do aeroporto. Embora estivesse com o e-ticket da passagem
no celular, just in case, como estava
com tempo sobrando, extraí uma versão impressa do mesmo no totem de
autoatendimento da Gol. Daí, passei à
área de embarque, ainda relativamente vazia e sossegada. Sentei junto ao meu portão de embarque e
coloquei o celular para recarregar numa porta USB. Enquanto aguardava a chamada para embarcar,
li dois capítulos do romance de ficção científica da Ann Leckie, laureado com o
Hugo e o Nebula de 2014, Ancillary Justice
(Orbit Books). Enredo complexo e trama
original. Por enquanto, está do cacete.
O embarque se
deu poucos minutos antes do horário marcado (07h00). O voo G3 1005 decolou com alguns minutos de
antecedência em relação ao horário previsto das 07h40 e se desenrolou sem
percalços. A Gol até distribuiu um
minisanduíche aos passageiros, surpresa inesperada na classe econômica da ponte
aérea Rio-São Paulo. Leitura de bordo:
romance de fantasia folclórica Araruama:
o Livro das Sementes (Moinhos, 2017), do Ian Fraser. Até agora estou gostando bastante.
* *
*
A aeronave
pousou em Congonhas adiantada (o horário previsto era 08h40). Caminhei até a área de desembarque. Ainda cogitei chamar um UBER, mas achei
melhor pagar um táxi do aeroporto até o Parque Anhembi, sede da edição 2018 da
Bienal do Livro de São Paulo. A viagem
custou R$ 57,00 e transcorreu sem problemas.
Leitura de bordo: edição digital do jornal O Globo, que finalmente consegui baixar no táxi pelo 4G.
Cheguei ao
Anhembi pouco depois das nove horas.
Para minha surpresa, embora já dispusesse da credencial de autor
impressa e pendurada no pescoço, tive que amargar na fila durante quase uma
hora, pois os portões ainda não haviam aberto para o público. Nas Bienais do Livro do Rio de Janeiro, os
portadores de credenciais impressas podem ingressar nos pavilhões antes da
abertura oficial da feira às 10h00. Pelo
visto, em Sampa é diferente. Fato que
não observei na Bienal do Livro de 2016, pois então cheguei após a abertura dos
portões. Vou tentar me lembrar disso na
Bienal de 2020. Li mais um pouco do Ancillary Justice na fila e bati papo
com um podcaster e blogueiro da área
de métodos de educação.
Às 10h00, a
fila começou a andar e daí a entrada no único pavilhão do evento se deu de
forma rápida e sem maiores problemas.
Nem precisei mostrar um exemplar de livro de minha autoria para adentrar
na Bienal.
* *
*
Dentro do
pavilhão, caminhei pela rua B até o estande B-113, da editora Draco. Lá encontrei os amigos Eduardo Massami Kasse
e Raphael Fernandes. Edu estava lançando
seu romance histórico Vikings: Berserker
(Draco, 2018), cujas tramas já havíamos discutido amiúde em encontros
passados. Por causa dessas conversas
anteriores, estava ansioso para adquirir meu exemplar autografado desse livro. De autoria do artista Erick Sama, que não é
outro se não nosso grande amigo Erick Cardoso, publisher da Draco, a capa do livro ficou ainda mais bonita ao vivo
e a cores do que as fotos de divulgação me fizeram supor. Também adquiri os dois romances da duologia Metrópole, da Melissa de Sá: Metrópole: Despertar (Draco, 2016) e Metrópole: Caos (2018). Conforme já havia combinado com a autora na
Casa Fantástica da FLIP 2018, ela deixou meus exemplares autografados.
GL-R e Eduardo Kasse com o Vikings: Berserker.
Pouco depois,
Erick chegou ao estande da editora, acompanhado pela mãe Isilda Cardoso e pelo
filho Dudu. Neste sábado, Erick estava
de folga de seu trabalho na editora Panini e pôde permanecer no estande da
Draco durante todo o tempo em que permaneci lá.
Enquanto Erick passeava com o Dudu pela Bienal, aproveitando que as ruas
dessa feira literária ainda se encontravam parcialmente transitáveis, conversei
bastante com Isilda sobre logística de armazenamento de livros, viagens a
Portugal (pois ela e o marido estão planejando visitar a terrinha em breve) e,
é claro, sobre nossos netos. Avô coruja,
mostrei para ela as fotos do Bernardo postadas no Instagram por minha nora
Júlia.
Erick Cardoso, Dudu e Isilda Moraes.
Edu Kasse e seus fãs 1.
Edu Kasse e seus fãs 2.
Quando o
Erick regressou ao estande, conversamos um bocado sobre a situação do mercado
editorial brasileiro, com ênfase na situação crítica (pré-falimentar?) de duas
das maiores cadeias de livrarias do país.
Uma delas está “prendendo” uma partida de exemplares de meu romance mais
recente, Octopusgarden (Draco, 2017)
há cinco meses: nem paga e nem devolve os livros. Daí que não tinha esse título para vender na
Bienal...L Também conversamos um bocado sobre família,
paternidade e relacionamentos. Erick
contou que está alugando cinco metros quadrados num depósito para armazenar o
estoque de livros da editora. O aluguel
está saindo quatrocentos reais mensais, quantia que considerei módica em
comparação com o aluguel de um imóvel inteiro para servir de depósito.
Pouco depois,
chegava Antonio Luiz M.C. da Costa, que eu já havia encontrado na FLIP
2018. Conversamos sobre os textos de
ficção científica publicados por autores nacionais nos últimos anos. Confessei-me algo decepcionado com o fim do
romance As Águas-Vivas Não Sabem de Si
(Rocco, 2016), da Aline Valek, incensado por diversos leitores e críticos, cuja
leitura concluí menos de uma semana atrás.
Não sei se foi excesso de expectativa, mas suspeito de que esse romance
seja do tipo “ficção científica para quem não gosta de ficção científica”. Aliás, os dois livros que mais venderam neste
sábado no estande da Draco, com exceção óbvia dos quadrinhos e romances
gráficos da editora, foram o Vikings:
Berserker do Edu Kasse e a obra de referência mais recente do Antonio Luiz,
História do Dinheiro I: o valor das
moedas, das coisas e do trabalho, da pré-história até o fim da Idade Média
(Draco, 2018). Os dois livros vendiam
como sanduíches de tapioca preparados na hora nas feiras cariocas.
Ao contrário
dos outros eventos literários dos quais participei nos últimos tempos, desta
vez as antologias que organizei para a Draco venderam mais do que meus livros
solo, sobretudo, os três livros que constituem a triantologia punk (Vaporpunk; Dieselpunk; e Solarpunk). A campeã de vendas foi a Solarpunk: histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável,
até então considerada o patinho feio das antologias punk da editora. A situação parece ter mudado da água para o
vinho depois dos anúncios e matérias sobre a compra dos direitos e a publicação
desse livro pela editora World Weavers nos EUA.
Pelo visto, a notícia está convencendo os leitores brasileiros a conceder
uma chance à antologia, a fim de conferir o conteúdo da edição original.J
Animação no estande da Draco: Erick,
Edu Kasse e Raphael Fernandes.
Pausa para descansar no estande da Draco:
Erick e Raphael
Erick Cardoso e GL-R.
Por volta das
15h00, Cristina Lasaitis passou no estande da Draco para uma visita. Conversamos sobre nossas experiências e
participações na Casa Fantástica, por ocasião da FLIP 2018 há duas
semanas. Como eu, ela afirmou também ter
curtido muito o ambiente informal daquele evento. Mesas-redondas sem mesas! Aliás, o Antonio Luiz comentou a mesma coisa,
ao declarar que as mesas da Casa Fantástica foram em média muito mais
interessantes do que as das antigas Fantasticons. Tenho impressão de que todos que participaram
da Casa Fantástica saíram de Paraty com um sentimento muito bom e o anseio de
que o evento se torne anual. Vamos
torcer.
Conversei com
o Erick sobre minhas perspectivas de carreira na Prefeitura do Rio de Janeiro
para o ano vindouro, quando deverei decidir se me aposentarei no serviço
público municipal ou se permanecerei mais alguns anos trabalhando com tarefas
um pouco menos complexas do que meu cargo atual de titular da Gerência de
Fiscalização e Revisão de Lançamentos do IPTU.
Cerca de meia
hora antes da minha partida do Anhembi para o aeroporto, Ana Cristina Rodrigues
pintou no estande da Draco. Conversamos
um bocado sobre a crise na Biblioteca Nacional, onde ela trabalha;
oportunidades de residência, estudo e trabalho em Portugal; e sobre o tema
recorrente da situação do mercado editorial brasileiro. Também conversamos um pouco sobre a FLIP
2018. Ela estava escalada para uma mesa
sobre editoras independentes, mas não pôde comparecer por motivos de saúde. Também falamos sobre o progresso de seu
romance, ambientado no universo ficcional de Finisterra. Ana Cris afirmou já ter cerca de quinze mil
palavras escritas e estima que o romance deverá atingir pelo menos cem mil
palavras. Ana me detalhou a gênese do
romance mainstream de Lucas Rocha, Você
Tem a Vida Inteira (Galera Record, 2018), lançado nesta Bienal: uma
história de amor entre portadores do HIV, inspirado no trabalho social que o
autor realizou com soropositivos. Lucas
Rocha foi o autor da bela e pungente “Verdade sobre Raio Vermelho – Uma
Biografia”, noveleta publicada na antologia Super-Heróis,
que eu e Luiz Felipe Vasques organizamos para a Draco, lançada em 2012.
* *
*
Às 17h00,
despedi-me dos amigos e atravessei a maré revolta de seres humanos rumo à saída
do pavilhão. Nunca vi uma Bienal do
Livro tão lotada quanto essa que enfrentei na ocasião da minha partida. Levei cerca de dez minutos para percorrer os
cem ou cento e cinquenta metros de distância que separavam o estande da Draco
da saída.
Uma vez fora
do pavilhão, caminhei até o ponto de táxis do Anhembi. A fila para os veículos credenciados estava
enorme e o pior é que os táxis não apareciam.
Cheguei a pedir um UBER, mas o motorista se perdeu ou não conseguiu
chegar, pois, depois de estar a dois minutos de alcançar minha posição, passou
para quinze minutos e depois para dezessete...
A situação da fila só começou a se resolver quando o responsável por sua
organização resolveu permitir que os táxis não credenciados, que chegavam ao
Anhembi para deixar passageiros, atendessem ao pessoal da fila. A nova estratégia resultou, a fila começou a
andar e logo pude embarcar num táxi rumo ao aeroporto.
A viagem de
táxi de rua saiu mais barata do que o pré-pago da ida, embora tenha consumido
mais tempo. Cheguei ao aeroporto em
torno das 18h00. Novamente, embora
possuísse o e-ticket no celular, imprimi a passagem por paranoia (a.k.a.
“motivo de segurança”). Passei logo para
a área de embarque e, enquanto aguardava a hora de embarcar, recarreguei meu
celular, concluí a leitura d’O Globo
e li mais um pouco do Ancillary Justice.
O embarque no
voo G3 1054 da Gol se deu no horário previsto das 19h30 e a decolagem ocorreu
pontualmente às 20h10. Mantive o romance
da Ann Leckie como leitura de bordo. A
empresa aérea serviu outro minisanduíche e a viagem se efetuou sem problemas.
Ao
desembarcar no Santos Dumont às 20h55, cruzei o aeroporto inteiro a pé até
alcançar o fim do exterior à área de embarque, ponto em que os veículos da UBER
pegam seus passageiros. A operação dessa
empresa no aeroporto pareceu mais organizada do que da última vez que usei o
serviço ali.
Antes das
21h30, cheguei em casa, cansado e verde de fome. Mais uma expedição exaustiva, mas divertida e
proveitosa.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2018 (sábado).
Participantes:
Ana Cristina
Rodrigues
Antonio Luiz M.C. da Costa
Cristina Lasaitis
Eduardo Chervezan Cardoso
Eduardo Massami Kasse
Erick
Cardoso
Fernando
Barone
Gerson Lodi-Ribeiro
Isilda
Moraes
Marcelo
Galvão
Raphael
Fernandes
Sílvio Lélis
Tiago P. Zanetic
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