FANTASTICON 2012
(Semana 2)
“Eu ficaria muito preocupado se a crítica
elogiasse meu livro.” [Felipe Pena]
“Você é
botafoguense, não é?” [Dono do pezinho-sujo simpático, lembrando de minha
torcida no Botafogo 4 x 2 América Mineiro no Brasileirão da Fantasticon 2011]
“Quando é que
vocês, homens, engenheiros, vão inventar uma cozinha totalmente automática como
a dos Jetsons?” [Finisia Fideli]
“Como
escritor, eu ainda tenho muito o que aprender.
Como contador de histórias, eu sou muito bom, porque é o que eu faço com
paixão.” [André Vianco]
201209222208P — 19.068 D.V.
Depois de uma noitada no restaurante Capitânia do Clube Naval Piraquê
por conta da recepção de casamento, eu e Cláudia deitamos por volta das 03:00h
deste sábado e levantamos às 04:20h para pegar o voo G3 1505 da Gol para Sampa
no Santos Dumont.
Chegamos ao aeroporto com bastante folga às 05:40h e, ao fazer o
check-in eletrônico, descobrimos que fôramos transferidos para outro voo, o G3
1507, que não tinha portão de embarque designado e tampouco horário para
decolagem. Mortos de sono como
estávamos, não reagimos à altura, porém, felizmente, o novo voo acabou
decolando às 08:30h, meros noventa minutos de atraso em relação ao original.
Dormi quase a viagem inteira. Já
no aeroporto de Congonhas, sacamos algum dinheiro no caixa eletrônico e tomamos
um táxi até nosso hotel. Chegamos às
10:20h e o check-in seria apenas ao meio-dia.
Aproveitamos o tempo livre para comprar tickets de metrô na estação
Paraíso e almoçar no Esfiha Chic, um restaurante de cozinha árabe simples e
simpático ao lado do Mercure Paraíso.
Além da coalhada seca e das esfihas, comemos trouxinhas de carne moída
enroladas em folhas de parreira.
Regressamos ao Mercure, fizemos o check-in. Deram-nos o mesmíssimo quarto 14 em que fiquei
no fim de semana passado.
Quarto verificado, mochilas desovadas, banhos tomados e partimos de
metrô para Vila Mariana. Uma vez lá,
caminhamos a pé pela Sena Madureira até a Biblioteca Municipal de Literatura
Fantástica Viriato Correa, sede da Fantasticon 2012.
Chegamos bem a tempo de assistir o bate-papo “Editores sem Papas na
Língua”, com Karin Thrall (Anadarco); Erick Santos (Draco); Guilherme Sucena
(Orago) e Richard Diegues (Tarja). Os
quatro iniciaram os trabalhos falando brevemente sobre as iniciativas recentes
de suas editoras. Erick destacou o
trabalho recente de publicação de e-books — não apenas romances e antologias,
mas contos e noveletas individuais, o equivalente digital do booklet, que ele apelidou single.
Os finalistas do Argos 2012 na categoria “Ficção Curta” já estão
disponibilizados como singles. — em
parceria com gigantes estrangeiros como Amazon e Apple; e brasileiros, como
Saraiva e Cultura. Após essa
apresentação/divulgação de iniciativas, os editores passaram o microfone à plateia
a fim de saciar a curiosidade dos jovens escritores quanto à submissão de
originais; princípios de ética editorial e ideais de conduta na relação
autor-editor; cuidados essenciais com textos e manuscritos; apuro na escrita em
termos de forma e conteúdo; e por aí vai.
Os quatro se manifestaram cépticos (Erick mais enfático) quanto à
validade da publicação independente como ferramenta para alavancar a carreira
do autor. É aquela velha história: se é o autor que banca a produção do livro,
o critério da qualidade literária se vê irremediavelmente comprometido: o livro
será publicado com ou sem qualidade para tanto.
Se a tiragem, a distribuição e a venda ficarem a cargo do autor que já
bancou a produção, o papel da editora se reduziu essencialmente ao de uma
gráfica, certo? Erick frisou ainda o
papel das antologias temáticas na revelação de novos talentos.
Bate-papo: Editores sem Papas na Língua
Guilherme Sucena; Erick Santos, Karin Thrall e Richard Diegues.
Guilherme Sucena; Erick Santos, Karin Thrall e Richard Diegues.
Charge de Ricardo França.
Após esse bate-papo das 13 às 14:00h conversei bastante com meu amigo
João Marcelo Beraldo, antigo parceiro do departamento de universo ficcional do
Projeto Taikodom, da Hoplon Infotainment.
Hugo Vera, João Beraldo e GL-R.
Ainda nesse intervalo, contrariando minha convicção, Anderson Santos
provou que é possível ler e-books na tela do celular. A demonstração prática foi executada em cima da
versão digital do meu romance, A Guardiã
da Memória [Draco, 2012 (edição digital)], perfeitamente legível até para
um dinossauro acometido por vista cansada, como eu.
Anderson Santos demonstra A Guardiã da Memória no celular.
Da biblioteca, fomos à pastelaria com os amigos Flávio Medeiros, Hugo
Vera, Erick Santos, Larissa Caruso, Sid Castro e Anderson Santos. Já devidamente forrados com o almoço no
Esfiha Chic, eu e Cláudia nos limitamos a rachar um pastel de pizza, com
picolés de fruta por sobremesa.
Expressei aos organizadores da Space
Opera II meu entusiasmo com os trabalhos “Obliterati” de Fábio Fernandes e
“No Vácuo, Você Pode Ouvir o Espaço Gritar” de Carlos Orsi Martinho. Lembrando os melhores far futures de Greg Bear, ambos superaram em muito os cânones da new space opera; que se falar, então, da
space-opera tradicional... Ainda dentro
do projeto Space Opera, Erick
declarou que a Space-Opera III
funcionará com submissões abertas. Boas
falas.
Almoço na pastelaria:
Sid Castro, Larissa Caruso, Hugo Vera, Erick Sama,
Sid Castro, Larissa Caruso, Hugo Vera, Erick Sama,
GL-R, Flávio Medeiros, João Beraldo.
Voltamos da pastelaria para a biblioteca a tempo de assistir a
mesa-redonda “Lugar de Mulher é na Cozinha”, com as escritoras Martha Argel,
Finisia Fideli e Rosana Rios. Um
bate-papo comemorativo, por assim dizer, dos doze anos da publicação da
primeira edição da antologia homônima e de seu relançamento pela Draco nesta
Fantasticon 2012. Na plateia, a presença
de Roberto Paes, antigo editor da Writers.
Sentamos na primeira fila para tirar fotos mais de perto. Reparei na autora de fantasia Flávia Cortez,
sentada duas ou três poltronas à nossa esquerda, mas não houve oportunidade de
conversar com ela.
Mesa-Redonda: Lugar de Mulher é na Cozinha
Martha Argel, Finísia Fideli & Rosana Rios.
Martha Argel, Finísia Fideli & Rosana Rios.
Martha falou um pouco da gênese da antologia publicada no longínquo ano
2000, época em que, na ausência das redes sociais, as listas de discussão
reinavam supremas no panorama do fantástico lusófono. Falou também que o título causou espécie na
época, quando esse dito preconceituoso ainda despertava lembranças de cunho
machista. Várias autoras da antologia
compareceram à biblioteca para o relançamento.
Rosana Rios confessou que detesta cozinhar e Finisia Fideli, num ato
falho que serviu para demonstrar o quão arraigados certos conceitos estão,
mesmo nas mentes de feministas esclarecidas, indagou à plateia, “quando é que
vocês, homens, engenheiros, vão inventar uma cozinha automática igual à dos Jetsons?” Até então apreciando a mesa, minha doutora em
Engenharia de Telecomunicações, esboçou um sorriso irônico, mas não teceu
comentários. A mesa-redonda contou com
participação intensa da plateia e constituiu, em minha opinião, o evento formal
mais divertido desta tarde na Fantasticon.
A nova edição da antologia repete os mesmos contos e autoras, mas conta
com dois textos de apresentação: um da brasilianista e especialista em ficção
científica brasileira M. Elizabeth Ginway e o outro da Finisia Fideli.
Hugo Vera, GL-R & CQL.
Aproveitei o intervalo da mesa-redonda para bater papo com os amigos e
travar novos contatos. Conversei com
Kyanja Lee sobre meu pseudônimo Carla Cristina Pereira. Ela contou que leu meu ensaio “Os Anos em que
Fui Carla” e perguntou onde podia encontrar os trabalhos que publiquei sob esse
pseudônimo. Expliquei que esses contos
estão espalhados por meia dúzia de antologias e coletâneas fantásticas
brasileiras e portuguesas. Se bem que,
parando para pensar, a ideia de uma coletânea do tipo O Melhor de Carla Cristina Pereira não é das piores...
Conversei também com os amigos Daniel Borba, Rober Pinheiro e Ana
Cristina Rodrigues. Esta última me
apresentou o autor Dennis Vinicius, de quem selecionei o divertido “A Última
Aventura do Pardal Mecânico” para a antologia Super-Heróis, que organizei com Luiz Felipe Vasques para a
Draco. Também por perto e igualmente
selecionado para a mesma antologia, Lucas Rocha, autor da intensa “Verdade
sobre Raio Vermelho — Uma Biografia”.
Daí, não resisti a tecer uma comparação entre e o conto e a noveleta, duas
narrativas fascinantes de super-heróis decadentes, uma humorística e a outra trágica.
Logrei enfim conversar com o Cândido Ruiz, que quase não reconheci fora
de suas tradicionais roupagens steampunks.
Cândido confirmou o interesse na noveleta que escrevi para a antologia
de piratas, marginais, anti-heróis e outros maus elementos que ele está
organizando.
O último evento oficial da tarde foi o bate-papo “Autores Congelados
pela Crítica e Adorados pelos Leitores”, com André Vianco e o antologista
Felipe Pena. A motivação principal do
papo foi a saraivada de críticas negativas à antologia Geração Subzero (Record, 2012).
Como não podia deixar de ser, um dos temas mais saborosos do papo foi a
pletora de motivos dos críticos, isto para não falar na falácia da oposição
entre literatura erudita e literatura popular; a relevância das críticas
literárias postadas em blogs; e das paixões, inspirações e compulsões que levam
um ser humano aparentemente saudável a se meter a escritor. De sua parte, Vianco confessou-se antes um
contador de histórias do que um escritor e lembrou, emocionado, de um fã que
catava latas para vender a fim de amealhar reais para comprar cada um de seus
lançamentos. Pena falou sobre o temor
das críticas e sobre suas experiências como professor universitário num curso
de escrita criativa em que estabeleceu um sistema de análises críticas anônimas,
onde até os trabalhos do professor podem ser criticados sem consequências
adversas para os alunos. No todo, um
bate-papo animado, com química excelente entre os participantes, que, no
entanto, perdeu um pouco na fase das perguntas, onde, a meu ver, as respostas
se estenderam demais sem esclarecerem tanto assim.
Bate-papo: Autores Congelados pela Crítica
André Vianco e Felipe Pena.
André Vianco e Felipe Pena.
Uma vez fora do auditório, conheci pessoalmente meu revisor favorito,
Eduardo Kasse, sujeito que vem realizando um trabalho de qualidade excelente nas
revisões dos romances e antologias que já publiquei e ainda vou publicar pela
Draco. Conversamos sobre as nuances de
alguns dos meus trabalhos publicados e por publicar, uma oportunidade rara,
pois em geral, nós autores nos sentimos cheios de dedos para falar daquilo que
ainda não foi impresso (digital ou em papel).
Mas, é claro que com o Eduardo, que analisou a maior parte daquilo que
submeti à Draco nos últimos anos, é diferente.J Aproveitei a presença dele, que também é
autor da casa, para comprar seu romance de fantasia O Andarilho das Sombras, devidamente autografado.
Flávio Medeiros, GL-R, Erick Sama e Eduardo Kasse.
Cláudio Brites, GL-R, Hugo Vera, Rafael, Erick Sama, Clinton Davisson e Flávio Medeiros.
Steampunkers!
Aliás, no quesito autógrafos, assinei não apenas exemplares da Erótica Fantástica 1 e do A Guardiã da Memória, mais ou menos como
esperava, mas também coisas antigas, como a antologia Outras Copas, Outros Mundos (Ano-Luz, 1998) e até o prefácio
mezzo-iconoclasta que escrevi para a Space-Opera
II.
Também pude conhecer pessoalmente o autor e antologista Ademir Pascale,
que publicou recentemente a antologia digital Invasão Alienígena, em que participo com o conto curto “Todo o
Silício do Mundo...”
O presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, Mr. Bill Clinton
Davisson deu o ar de sua graça, semicareca como ameaçara, em virtude de um
acidente sofrido enquanto cochilava inadvertidamente na poltrona de uma
barbearia na localidade bucólica de Macabu, onde pouco acontecia desde o
cumprimento da última sentença de morte do Império do Brasil e, agora, desse
atentado cruel à outrora basta cabeleira presidencial.
Conversei com a autora Ana Lúcia Merege sobre a perspectiva de ela
submeter um conto para a Erótica
Fantástica 3, citando os exemplos salutares de Márcia Kupstas e Simone
Saueressig, ambas autoras infantojuvenis de reconhecido sucesso, que emplacaram
contos eróticos supimpas na Como Era
Gostosa a Minha Alienígena! (Ano-Luz, 2002). Senti que Ana ficou animada. Simone, aliás, é uma boa amiga com quem não
tive oportunidade de conversar melhor neste sábado. Infelizmente, apenas um caso entre vários...
Finda a parte formal do sábado fantástico, eis que vamos ao
planejamento dos comes e, sobretudo, dos bebes.
Prejudicada em seu desempenho etílico-literário (in vino veritas!), desempenho esse que a tornou em lenda-viva nos
certames pós-lançamentos cariocas, Ana Cristina Rodrigues bem que tentou nos
abduzir para um caraoquê paulistano, numa vigorosa expedição autopunitiva comandada
pelo heroico Rober Pinheiro. Ele nos
confessou que teria preferido nos acompanhar à bebemoração no
pezinho-sujo. No entanto, por “dever de
ofício”, sentiu-se compelido a acompanhar a Ana Cris no karaokê. Poor
devil... De todo modo, alegando
idade provecta, saímos pela tangente à la Leão da Montanha, rumo ao bom e velho
pezinho-sujo, tradição nem tão arcana assim de várias Fantasticons do
passado. Acompanharam-nos à bebemoração,
os amigos Erick Santos, Flávio Medeiros, Clinton Davisson o Semicalvo, Marcelo
Galvão, Ricardo França, Sid Castro, Daniel Borba, Amanda Reznor, Christopher
Kastensmidt, Anderson Santos e Zero Vieira, dentre outros.
Jantar de Espetos I:
Clinton Davisson, Daniel Borba, Amanda Reznor.
Jantar de Espetos II:
Ricardo França, Marcelo Galvão e Anderson Santos.
Ricardo França, Marcelo Galvão e Anderson Santos.
Jantar de Espetos III:
CQL & GL-R, Erick Sama, Christopher Kastensmidt, Clinton Davisson.
CQL & GL-R, Erick Sama, Christopher Kastensmidt, Clinton Davisson.
Os comes foram representados pelos espetos honestos do
estabelecimento. No quesito bebes,
descolamos duas garrafas de Santa Helena Cabernet Sauvignon que, se por um lado,
não chega a constituir um grande vinho, por outro, revelou-se adequadamente
potável e casou à perfeição com os espetos de calabresa, queijo coalho e lombos
suínos.
O bate-papo não podia ter sido melhor e mais inspirado. No quesito eleições municipais, vários de nós
trocaram experiências adquiridas no cumprimento de seus deveres cívicos eleitorais,
dos dois lados da urna e da mesa de apurações.
Os amigos paulistanos mostraram-se preocupados ante a perspectiva da
eleição de Russomano para prefeito.
Segundo eles, o candidato representa a direita religiosa em seu
pior. Destaque para a imitação soberba
do eleitor bêbado que chega cinco minutos antes do término da votação exigindo
cumprir seus direitos de cidadão, interpretada por Flávio Medeiros. Outro destaque da noitada foram os debates
intermináveis nas listas de discussão em que o mesmo Flávio vem empreendendo com
o vigor de uma cruzada intelectual contra infiéis de estirpe dúbia. Também falamos de editores do passado que não
honraram seus compromissos.
Erguemos três brindes nesta noitada.
O primeiro a Eduardo, filho de Erick Santos e Janaina Chervezan, que
deverá nascer nessa próxima quarta-feira.
O segundo brinde, a Clinton Davisson, presidente que teve a coragem
insana (neste caso, um pleonasmo vicioso) de ressuscitar o Prêmio Argos, brinde
acompanhado de uma calorosa salva de palmas.
E, last but not least, nosso
brinde ao Flávio Medeiros pela bela classificação do conto “Por um Fio” no
Hydra 2012. Agora sócio da prestigiosa
Science Fiction Writers of America, Flávio contou de suas primeiras
experiências como participante das listas de discussão da entidade.
Por volta das 21:30h, incrivelmente cedo para os nossos padrões
boêmios, fechamos a conta e nos despedimos dos amigos. Erick deu carona para nós, Flávio e Chris
Kastensmidt até nossos respectivos hotéis.
Enfim em nosso quarto do Mercure, tão confortável que poderíamos morar
aqui, tombamos na cama e gozamos do sono dos justos.
Mercure Paraíso, São Paulo, 22 de setembro de 2012
(sábado).
201209232258P — 19.069 D.V.
Acordamos cedo para o café da manhã caprichado do Mercure Paraíso, com
direito a um bacon & eggs tão saboroso que me fez sentir orgulho por desta
vez não ter esquecido meu comprimido para controle de colesterol.J De volta ao quarto 114, avancei um pouco
nesta crônica enquanto Cláudia facebooquiava
um pouquinho.
Check out expresso na
recepção do Mercure e seguimos de metrô para a estação Vila Mariana. Cinco minutos de caminhada já com nossas
mochilas nas costas e chegamos à Viriato Correa. Sob os olhares admirados de Flávio Medeiros,
Hugo Vera e Marcelo Jacinto Ribeiro, conseguimos socar minha mochila num dos
armários do guarda-volumes. Pressão
interna final após o fechamento da escotilha:
superior a sete atmosferas! No entanto,
no caso da mochila da Cláudia, bem maior do que a minha, não houve mágica compressional
que desse jeito: tivemos que armazená-la no depósito da biblioteca. Mal resolvemos essa parada, Silvio Alexandre
me convocou para uma entrevista para o portal da livraria Saraiva. Gravei durante uns cinco minutos em pleno
auditório, falando sobre a triantologia punk que organizei para a Draco: Vaporpunk (2010); Dieselpunk (2011); e Solarpunk
(no prelo).
Entrevista ao portal da Saraiva.
Sílvio Alexandre e GL-R na exposição
Da Terra à Lua, de Estevão Ribeiro.
Da Terra à Lua, de Estevão Ribeiro.
Após essa entrevista, eu e Cláudia fomos até o espaço temático da
biblioteca, ver a exposição “Musas Fantásticas de Si”, com fotos de nus
artísticos sem retoques da Nathalie Gingold.
Sinceramente? A maioria das
mulheres ali expostas me pareceu mais bonita do que as atrizes globais (que,
quando você encontra na rua, constata que não são nada daquilo que você pensava...)
ou as modelos de revistas masculinas.
Porque nas fotos da Nathalie você sabe que está vendo mulheres reais,
sem truques de câmeras ou retoques computacionais.
Do espaço temático, seguimos para a área de vendas bater papo com os
amigos. Ricardo França se sentia
frustrado, pois queria comprar o último exemplar do romance Crônicas de Atlântida: O Tabuleiro dos
Deuses (Draco, 2011), do Antonio Luiz da Costa, mas o mesmo estava com
algumas folhas rasgadas. Felizmente, o publisher Erick Sama chegou a tempo de
presenciar o drama e se ofereceu para enviar um exemplar para o Ricardo com o
desconto especial de autor da casa (O Ricardo teve o conto “Tempos Dionisíacos”
selecionado para a Erótica Fantástica 2). Quase nessa mesma hora, autografei o prefácio
da antologia Space-Opera II para um
fã que ainda não conhecia pessoalmente.
Agradecido, o rapaz declarou ter lido meu livro Padrões de Contatos e gostado muito. Sei que é difícil crer que possa haver dois
escritores cariocas de ficção científica hard, mas, enfim, paciência: é
verdade... Quase respondi, “Eu também!”,
mas achei melhor segurar a onda para não encabular o fã. Em tempo: se é que alguém não sabe, para
evitar uma busca desnecessária no Google, esclareço que a trilogia Padrões de Contato é de autoria de Jorge
Luiz Calife.
Em seguida fomos para o auditório para a entrega do Prêmio Argos
2012. Um grande momento para mim, pois
seria agraciado com o Argos Especial, uma premiação até então entregue somente
uma vez antes na história do Argos, a Gumercindo Rocha Dórea, uma unanimidade
absoluta e, provavelmente, o sujeito que mais arduamente trabalhou em prol do
fomento e da divulgação da ficção científica brasileira. Asseverei diversas vezes ao longo deste
segundo fim de semana da Fantasticon 2012 que, embora estivesse recebendo essa homenagem
pelo conjunto da obra, não considerava minha obra completa, em absoluto.J
O presidente do CLFC, Clinton Davisson, planejou a cerimônia do Argos
em grande estilo. Contamos com a
presença de cosplayers do universo
ficcional Star Wars, numa encenação
divertida com a participação, inclusive, de nosso performático Mr. President Clinton,
no papel de Mestre Jedi sênior, à la Obi-Wan Kenobi, baixando o sarrafo em
mercenários e stormtroopers imperiais. Devidamente fardada de oficial do Império,
Mary Farrah agradeceu ao CLFC pela doação de cestas básicas às crianças órfãs
de uma instituição carioca, afirmando que, graças à iniciativa do clube, eles
comerão melhor por um ou dois meses.
Como aquela equipe que compareceu ao lançamento da Space-Opera I em Macaé, essa que agora abrilhantou a cerimônia do
Argos 2012 é formada por voluntários que atuam gratuitamente, pedindo apenas a
doação de cestas básicas para instituições de caridade da escolha do
doador. Ficção científica engajada, que serve
não apenas para inspirar o futuro com que muitos de nós sonhamos, mas para
cuidar e ajudar a consertar o presente.
De arrepiar os pelos!
Argos 2012: Cosplayers Star Wars.
Lord & Lady Draco: Erick Sama & Janaína Chervezan.
Argos 2012: Cosplayers em ação!
Inicialmente, Mr. President convidou Ana Cristina Rodrigues ao palco
para a entrega do Argos Especial. Sei
que sou suspeito para opinar, mas relato que Ana proferiu um discurso emocionante,
que só ela poderia fazer, para me apresentar à plateia. Ana me elogiou tanto que cheguei a temer por
minha reputação de dinossauro malvado implacável da FC brasileira. Felizmente, Ana parou antes de chegar às
lágrimas. Pois, se tal acontecesse,
apenas por questão de cavalheirismo e solidariedade, eu me veria forçado a
acompanhá-la. Embora tivesse ensaiado
uma ou duas frases espirituosas, quando subi ao palco para receber o Argos
Especial das mãos da Ana, elas desapareceram da minha mente. Na cabeça, apenas a surpresa com o peso do
troféu. Não me lembro direito do que
falei para a plateia, exceto pelo sentido geral, que deve ter sido, se é que não
sonhei a respeito, algo girando em torno da importância da narrativa e da
irrelevância do autor. Felizmente, a
emoção e o Alzheimer não me fizeram esquecer de quem de fato merece: meus pais,
Cláudia e ao Presidente Clinton Davisson, por haver ressuscitado o Prêmio
Argos.
Argos 2012: Mr. President, GL-R e Ana Cristina Rodrigues,
entrega do Argos Especial (Conjunto da Obra).
Assim que desci do palco logo atrás da Ana Cris e regressei à minha
poltrona na primeira fila, Clinton deu prosseguimento à cerimônia, convidando
ao palco Christopher Kastensmidt para entregar o Argos 2012 na categoria
“Melhor Ficção Curta”. Os nomes dos
cinco trabalhos finalistas foram projetados num telão descido do alto do palco:
“Auto de Extermínio”, de Cirilo S. Lemos;
“A Esfera Dourada”, de Clinton Davisson;*
“Morgana Memphis Contra a Irmandade
Gravibramânica”, de Alliah;
“Pendão da Esperança”, de Flávio Medeiros, Jr.;
e
“Seu Momento de Glória”, de Marcelo Jacinto
Ribeiro.
Argos 2012: Categoria Melhor Ficção Curta.
_______________________________________
(*) Clinton determinou à comissão
organizadora do Argos 2012 que retirasse seu conto da lista de finalistas. Rebelados, os demais membros argumentaram que
não havia previsão legal para uma exclusão deste tipo nos regulamentos da
premiação e que, excluir um concorrente bem votado implicaria alienar a vontade
dos eleitores, sócios do Clube de Leitores de Ficção Científica, ora presidido
pelo próprio Clinton. Procedeu-se então
à votação para apreciar a determinação transformada em solicitação e o
presidente foi voto vencido, mantendo-se a noveleta do autor Clinton Davisson
como concorrente.
Após certo suspense, Christopher abriu o envelope lacrado com o nome do
vencedor: “Pendão da Esperança”, de Flávio Medeiros, publicado na antologia Space-Opera I (Draco, 2011), organizada
por Hugo Vera e Larissa Caruso. Visivelmente
emocionado, Flávio subiu ao palco para seu discurso de agradecimento, falando
também sobre a gênese dessa noveleta instigante, que sepultou de vez a famigerada
“Síndrome do Comandante Barbosa”, moléstia debilitante que assombrou por
décadas a ficção científica brasileira.
Foi a segunda premiação importante que Flávio abiscoitou neste ano.
Argos 2012: Flávio Medeiros vence a categoria Ficção Curta com
"Pendão da Esperança".
Quando Flávio e Chris desceram do palco, Clinton convidou o autor e
antologista Hugo Vera para entregar o Argos 2012 na categoria “Melhor
Romance”. Os nomes dos cinco livros
finalistas foram projetados no mesmo telão de antes que voltou a aparecer:
B9, de
Simone Saueressig;
Filhos do
Éden: Herdeiros de Atlântida, de Eduardo Spohr;
A Guardiã
da Memória, de Gerson Lodi-Ribeiro;
A Ilha,
de Flávio Carneiro; e
Sonhos,
Sombras e Super-Heróis, de Luiz Brás.
Argos 2012: Categoria Melhor Romance.
Novo suspense e Hugo abriu seu envelope divulgando meu nome.
Sacudido, retornei ao palco para receber meu segundo Argos da tarde. Azarão num certame em que competi com
finalistas que, ou vendem muito mais livros do que eu, ou possuem um domínio da
linguagem bem superior ao meu, confesso que não preparei o discurso de
agradecimento que a ocasião exigia. A
solução foi, seguindo o exemplo brilhante do amigo Flávio Medeiros, falar um
pouco da gênese do romance A Guardiã da
Memória. Tarefa relativamente
simples, visto que havia preparado poucas semanas atrás um ensaio metaliterário,
“Se a Borboleta Lembrasse sua Vida de Lagarta...”, sobre esse assunto para minha
coluna no blog da Draco (http://blog.editoradraco.com/category/gerson-lodi-ribeiro/).
Argos 2012: GL-R recebe Argos na categoria Melhor Romance
pela A Guardiã da Memória.
Desta forma, com as premiações das duas categorias, a Draco sagrou-se
vencedora absoluta do Prêmio Argos 2012.
Na saída do auditório, nova emoção quando Mary Farrah, a oficial do
Império, confessou ser minha fã desde os tempos áureos do Projeto Intempol.
Argos 2012: Vitória da Draco!
Mary Farrah e GL-R.
"We are the Champions, my friend..."
Dois Caras, Três Argos e um Hydra!
Dois Caras, Três Argos e um Hydra!
Uma vez fora do auditório, após termos sido acusados de “Papa-Oscar” por Bráulio Tavares, eu e Flávio reunimos
a turba e cogitamos comemorar uma panquequeria próxima, onde havíamos almoçado
num sábado da Fantasticon 2011. Lá
poderíamos brindar nosso momento de glória com um vinho de fina estirpe. A dificuldade é que não havia condução para
todos. Daí, da calça de veludo à bunda
de fora, optamos pela velha, boa e fiel pastelaria da esquina, em mais uma
orgia gastronômica pasteleira. Literalmente
fechamos o estabelecimento por estágios para uso exclusivo dos frequentadores
da Fantasticon. Primeiro, nossa mesa,
com Erick & Janaína; eu & Cláudia; Flávio; Hugo Vera; Ana Lúcia Merege;
Zero Vieira e seu celular esporrento; Ricardo França com seus desenhos
inspiradíssimos; Sid Castro e Marcelo Jacinto.
Depois, a mesa dos retardatários de primeira ordem, que demoraram a
chegar à pastelaria: Gian Celli; Lucas Rocha; Ana Cris; Dennis Vinicius; Cris
Lasaitis & Alliah; Carol Chiovatto & namorado. E, finalmente, na mesa dos hierarcas, estrategicamente
posicionada sob o toldo da calçada do estabelecimento, os retardatários de
segunda ordem, os últimos a comparecer, capitaneados por Sílvio Alexandre;
Clinton Davisson; Chris Kastensmidt; Simone Saueressig; Daniel Borba; e Edgar
“Garapa” Refinetti. Lotamos o
estabelecimento de tal forma que, quando Carlos Orsi Martinho apareceu, no
início teve que permanecer de pé, pois não houve cadeira para sentar... Desta vez consegui traçar um pastel inteiro
(calabresa com catupiry), enquanto Cláudia optou por um sanduíche light. Não dispensamos os picolés de milho verde à
guisa de sobremesa.
Almoço na pastelaria - Mesa 1:
GL-R, Janaína, Erick, Sid Castro, Flávio Medeiros, Marcelo Jacinto Ribeiro,
GL-R, Janaína, Erick, Sid Castro, Flávio Medeiros, Marcelo Jacinto Ribeiro,
Hugo Vera, Ana Merege, Ricardo França e Zero Vieira.
Almoço na pastelaria - Mesa 1:
GL-R & CQL e Janaína Chervezan.
Almoço na pastelaria - Mesa 2:
Gian Celli, Hugo Rocha, Ana Cris, Chris Kastensmidt,
Carol Chiovatto, Alliah & Cris Lasatis.
Almoço na pastelaria - Mesa 3 (Diretoria):
Sílvio Alexandre, Daniel Borba, Amanda Reznor, Chris
Kastensmidt, Simone Saueressig, Edgar Refinetti e Clinton Davisson.
Argos 2012: charge de Ricardo França.
GL-R e Carlos Orsi Martinho.
Eu e Cláudia caminhamos de volta à Viriato Correa em companhia do
Martinho, sempre um papo excelente.
Porém, uma vez na biblioteca, o dever me chamou sob a forma de nova
entrevista, agora para o podcast
literário Podler (www.podler.com.br),
agendada antes da cerimônia de entrega do Argos. Ao saber da novidade da premiação da A Guardiã da Memória, a equipe do Podler
pediu para trazermos os troféus para a gravação da matéria. O assunto desta vez foi minha carreira
literária. Falei sobre os livros que
publiquei, excluindo apenas, a Guardiã,
por orientação da equipe, para possibilitar a pergunta final do entrevistador
e, aí sim, falar desse romance de FC erótica.
Em seguida, o entrevistador pediu que eu gravasse uma entrevista curta
para uma matéria que o Podler está preparando.
Entre as opções cinema de ficção científica e Isaac Asimov, escolhi o
autor, falando um pouco de sua carreira literária como romancista (Fundação e O Despertar dos Deuses), escritor de ficção curta (“O Cair da
Noite”) e antologista de mão cheia (Science
Fiction A to Z).
Entrevista ao podcast PodLer.
Da entrevista, voltamos para o espaço comum, onde papeei um pouco com o
Gian Celli, a Ana Cris e outros amigos, até a hora da última atividade formal
da tarde e da Fantasticon 2012, a mesa-redonda que eu moderaria, “Quem Precisa
de Antologias?”, com a participação dos escritores e antologistas, Bráulio
Tavares, Eric Novello e Roberto de Sousa Causo.
Abri a mesa apresentando algumas definições básicas, como diferenças
entre coletâneas e antologias, bem como uma brevíssima taxonomia exemplificada
das antologias: submissões abertas e por convite; temáticas vs. tema livre;
inéditas vs. republicações etc.
Finalizei com um pouco das agruras e vantagens de organizar uma
antologia de submissão aberta nesta segunda década do século XXI, destacando a
possibilidade concreta de revelar novos autores. Em seguida, Bráulio discorreu sobre as
antologias que organizou nos últimos tempos.
Causo fez mais ou menos o mesmo, afirmando-se preocupado em revelar
velhos autores esquecidos pelas novas gerações.
Eric Novello disse estar empenhado em revelar novos talentos através dos
projetos de antologias que vem alavancando junto à Draco e outras editoras. Enfim, abrimos o microfone para as questões,
comentários e apupos da plateia. Ana
Cristina Rodrigues nos brindou com uma autêntica saraivada de perguntas. Vencido o pasmo ante tamanho blitzkrieg verbal, coordenamos nossos
esforços (hercúleos!) para ripostar à altura.
Causo defendeu de forma hilária e pertinente o emprego do termo
“Melhores...” nos títulos das antologias; Bráulio esgrimiu em prol do próprio
conceito de antologia, enquanto eu me bati em favor dos livros de contos em
geral. A diretora da Viriato Correa
comentou em favor da relevância do trabalho do antologista como implementador
de um controle de qualidade mínimo da ficção curta publicada, numa crítica às
antologias pagas, nas quais o autor só precisa desembolsar para publicar. Brinquei um pouco com os conceitos de pagar
para publicar em geral e da reserva de vagas em antologias pagas em particular,
comparando esses conceitos ao sexo pago com as(os) profissionais do ramo.
Mesa-Redonda: Quem Precisa de Antologias?
GL-R, Bráulio Tavares, Roberto Sousa Causo e Eric Novello.
Sereno moderador.
Quem Precisa de Antologias?: Plateia.
Quem Precisa de Antologias?:
Saraivada de perguntas de Ana Cris Rodrigues.
Saraivada de perguntas de Ana Cris Rodrigues.
Ao fim dessa última mesa-redonda, olhei para o relógio e constatei que
já estávamos bastante atrasados em relação à hora em que havíamos planejado
chegar ao Aeroporto de Congonhas para nosso voo de regresso ao Rio de
Janeiro. Meio aflitos, despedimo-nos
rapidamente dos amigos mais próximos e nos dirigimos para a calçada da Viriato
Correa. Sentimo-nos um pouco
estressados, pois não passava táxi vazio algum pela vizinhança. Felizmente, Erick & Janaína, o Casal 20
do subfandom paulistano, ofereceu-se para nos dar uma carona até o aeroporto.
Foi uma carona providencial e com direito a emoções. Pois, a meio caminho para Congonhas, um carro
freou bruscamente algumas posições a frente do automóvel do casal, forçando os
motoristas que vinham atrás a brecadas bruscas.
Demonstrando-se a um só tempo possuidor de reflexos afiados e
preocupação paterna extremada, Erick logrou controlar a direção com a mão
esquerda, brecar o veículo com rapidez e elegância (i.e., sem trancos abruptos)
e estender a direita para proteger a barriga supergrávida da Janaína. Quando demos por nós, já estávamos
praguejando, de puro alívio.
Uma vez no setor de embarque, despedidas cumpridas, dirigimo-nos ao
setor da Gol. Embarcamos sem problemas
no voo G3-1554, mas esse levou quase meia hora, prontinho na pista, até receber
autorização para decolar. O avião veio
para o Rio apenas metade cheio.
Aproveitei a viagem curta para adiantar mais um pouquinho esta crônica.
É um prazer voltar para casa com dois troféus do Argos 2012.
Foi um dos dias mais legais da minha vida, mas confesso que a ficha
ainda não caiu por completo. Aposto que
amanhã vou acordar com um sorriso de orelha a orelha, mesmo sendo a segunda-feira
de mais uma semana dura de batente.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2012
(domingo).
Participantes:
Ademir
Pascale
Adriano
Siqueira
Alfredo
Keppler
Alliah
Amanda
Reznor
Ana Cristina
Rodrigues
Ana Lúcia
Merege
Anderson
Santos
André Vianco
Andrea Alves
Antonio Luiz
M.C. Costa
Bráulio
Tavares
Cândido Ruiz
Carlos Orsi
Martinho
Carol
Chiovatto
Christopher Kastensmidt
Cláudio Brites
Cristina Lasaitis
Daniel Borba
Dennis Vinicius
Edgar “Garapa” Refinetti
Eduardo Massami Kasse
Eric Novello
Erick Sama
Felipe
Castilho
Felipe Pena
Fernando
Firpo
Finisia
Fideli
Flávia
Cortez
Flávio
Medeiros
Giampaollo
Celli
Giulia Moon
Guilherme
Sucena
Gumercindo
Rocha Dorea
Hugo Vera
Janaína
Chervezan
José Roberto
Vieira (Zero)
João Marcelo
Beraldo
Karin Thrall
Kyanja Lee
Larissa
Caruso
Lucas Rocha
Marcelo
Galvão
Marcelo
Jacinto Ribeiro
Marcelo
Rodrigo Pereira (Mushi)
Márcia
Olivieri
Martha Argel
Mary Farah
Renato A.
Azevedo
Ricardo
França
Richard
Diegues
Rober
Pinheiro
Roberto de
Sousa Causo
Roberto Paes
Rosana Rios
Sid Castro
Sílvio
Alexandre
Simone
Saueressig