quarta-feira, 13 de abril de 2022

 

Como Escrever Ficção Científica”:

Entrevista no EscritaCast

 

202204082359P6 – 22.554 D.V.

 

“Não ouçam o Gerson.  Esse livro merece pesar na estante.”

[Flávio Medeiros, sobre a edição impressa de Cenários de História Alternativa]

 

The Expanse foi de ficção científica hard a space opera.”

[Luiz Felipe Vasques]

 

Não é que ninguém é de ninguém.  É que todo mundo é de todo mundo.”

[Minha tentativa de justificar Estranhos no Paraíso]

 

Não existe temática surrada.  Existe abordagem surrada.”

 

Fui convidado três semanas atrás para uma entrevista com Newton Nitro e Carlos Rocha no podcast EscritaCast, iniciativa também refletida no YouTube.  O programa foi antecedido pela publicação ontem de uma resenha bastante elogiosa de meu romance de ficção científica e história alternativa Estranhos no Paraíso (Draco, 2015), publicado pelo Nitro em seu site Nitrodungeon[1] e divulgada furiosamente por mim nas redes sociais e WhatsApp da vida.  Enfim, às 20h00 desta sexta-feira, a entrevista em si foi ao ar e sua versão youtúbica já se encontra disponível.[2]

Como dever de casa, assisti anteontem a entrevista que meu amigo Eduardo Massami Kasse gravou para o EscritaCast há duas semanas.  Sua entrevista foi no EscritaCast # 14.  A minha será a # 15.  Na semana que vem, Ana Lucia Merege gravará a # 16.  Na entrevista do Kasse, senti o clima de descontração e intuí o que os dois anfitriões do podcast esperavam de mim.


Chamada para o entrevista “Como Escrever Ficção Científica”.

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A entrevista se deu através de uma videochamada pelo bom e velho Skype, retransmitida com um atraso de cerca de trinta segundos para o Youtube.  Após uns dez ou quinze minutos de bate-papo offline, entramos no ar.  Embora houvesse aberto uma segunda tela com a retransmissão para o YouTube, com intenção de acompanhar o chat da plateia que assistiria a entrevista online, durante os oitenta e três minutos da transmissão, a empolgação foi tanta que só houve tempo de conferir os comentários da galera do chat após o término da entrevista.

Finda a transmissão, eu, Nitro e Carlos ainda ficamos de papo offline por uma boa meia hora, onde pudemos abordar algumas questões que não havíamos falado online e trocar algumas figurinhas literárias de praxe.

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Capa de Octopusgarden.


Após breves palavras de apresentação, Nitro pediu que eu falasse de meu último trabalho, no caso, o romance Octopusgarden (Draco, 2017), ambientado no universo ficcional Tramas de Ahapooka.  Aproveitei o ensejo para também citar de passagem A Guardiã da Memória (Draco, 2011), outro romance ambientado nesse mesmo U.F.  Desta vez me preparei direitinho e, a cada livro citado, exibi a capa durante uns pouco segundos, para deixar os espectadores com água na boca, visto que as capas da Draco são lindas.  Expliquei brevemente o planeta Ahapooka e o que ele representa, antes de delinear a trama e o enredo de Octopusgarden.  Não dá para comentar esse romance sem falar um pouco dos dolfinos, golfinhos inteligentes cujos ancestrais foram promovidos à racionalidade pela cultura humana de Tannhöuser, no Sistema Gigante de Olduvaii.  Bastou que eu e Nitro falássemos em cetáceos racionais e os membros da Confraria dos Golfinhos[3] presentes na plateia, Ana Lucia Merege e Flávio Medeiros Jr. se manifestarem com gáudio inaudito.  Confessei as homenagens prestadas ao autor norte-americano David Brin nesse romance, pela criação do U.F. EarthClan, estabelecido em sua antologia inicial[4].  Dentro dessa temática de promoção de animais à racionalidade, Carlos Rocha lembrou do Galápagos (1985), do Kurt Vonnegut e eu lembrei do precursor inicial dessa ideia, Olaf Stapledon, no romance Last and First Men (1930)[5], aproveitando para conceituar as estratégias de pantropia em oposição às de terraformização.

Em seguida, Nitro apresentou brevemente meus principais trabalhos publicados pela Draco.  Então, comentou a trama, o enredo e as rupturas de paradigmas que encontrou na leitura do Estranhos no Paraíso.  Carlos falou que o primeiro contato com meus escritos foi com o conto “Coleira do Amor”, publicado na antologia Imaginários 1 (Draco, 2009), organizada por Tibor Moricz, Eric Novello & Saint-Clair Stockler.[6]  Também elogiou minha noveleta “No Amor e na Guerra”, ambientado no U.F. Guerra Eterna e publicado na antologia Space Opera 1 (Draco, 2011), organizada por Hugo Vera & Larissa Caruso, citando especificamente os natibélicos – meus humanos preparados geneticamente para a guerra – o que nos fez lembrar o romance do John Scalzi, A Guerra do Velho (2005).[7]

À cada romance que eu citava, Nitro acessava a página da Draco para mostrá-lo aos espectadores.  Ao fim dos primeiros quinze minutos da entrevista, exibiu meu verbete na Wikipédia.  Aproveitei o ensejo para mencionar minhas crônicas de ficção científica e meu tijolão não ficcional, Cenários de História Alternativa (Amazon, 2019), onde procuro destrinchar esse subgênero da FC, exemplificando através livros e contos que já li, com ênfase na história alternativa lusófona.  Daí, falamos um pouco sobre histórias alternativas em geral.  Citamos o romance clássico de Segunda Guerra Mundial Alternativa, O Homem do Castelo Alto, do Philip K. Dick e a série de Apple, For All Mankind, que propõe a conquista da Lua pelos soviéticos em vez dos norte-americanos.

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Ainda no quesito histórias alternativas, Nitro me pediu dicas para escrever nesse subgênero.  Sugeri estudar direitinho o período histórico que se abordará na futura narrativa e, se possível, montar uma cronologia histórica alternativa.  Aproveitei para conceituar os diferentes tipos de H.A.: história da divergência; passados alternativos; e presentes alternativos.  Além de citar o futuro alternativo, Wasteland of Flint (2003)[8], do Thomas Harlan.

Também mencionei alguns pecadilhos a serem evitados por autores de H.A.: emprego de mais de um ponto de divergência numa mesma linha histórica alternativa e a utilização de figuras históricas do nosso presente ou passado próximo como personagens em narrativas alternativas em que o ponto de divergência eclodiu séculos ou milênios  antes da época em que a ação se passa.  Em seguida, falamos um pouco de steampunk como história alternativa.  Nessa mesma toada, acabei mencionando da obra Too Many Magicians (1966)[9] do Randall Garrett.  Na plateia, Gílson Cunha e Flávio Medeiros consideraram a magia científica de Garrett como roubalheira.

Das várias formas de roubalheira, talvez por mera coincidência, talvez por destino, acabamos caindo no U.F. The Expanse.  Nitro e eu concordamos que a protomolécula destruiu a plausibilidade do argumento ficcional.

Capa do romance Estranhos no Paraíso.

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Eram decorridos quarenta e dois minutos de entrevista quando, já à vontade, confessei como comecei a ler e escrever ficção científica.  Relembrando as coleções de FC da Hemus e da Expressão & Cultura, falei de minhas experiências em reescrever fins diferentes para os romances dos meus autores favoritos.

Mencionei brevemente minha experiência como coeditor do fanzine Hiperespaço: The Next Generation e contribuidor nos fanzines Somnium e Megalon.  Daí, falei das minhas experiências como sócio da editora Ano-Luz, com ênfase na organização das antologias Phantastica Brasiliana (2000) e Como Era Gostosa a Minha Alienígena! (2002).

Ao comentar meu trabalho como antologista, Nitro indagou o que eu valorizava ao analisar as submissões a uma antologia.  Expliquei que, para além da necessidade óbvia da qualidade do texto, a narrativa deve obrigatoriamente se adequar à temática proposta.  Ainda no quesito antologias, falamos um pouquinho sobre Solarpunk, subgênero da ficção científica com viés otimista inventado por brasileiros, quando da organização da antologia Solarpunk: Histórias Ecológicas Fantásticas em um Mundo Sustentável (Draco, 2002), mais tarde republicada em inglês no EUA (2018) e em italiano (2021).

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Aos cinquenta e sete minutos de entrevista, Nitro nos pediu que voltássemos à narrativa de Estranhos no Paraíso.  Elogiou a bissexualidade bem resolvida da tripulação da nave estelar Pioneira, que conduz a primeira expedição tripulada humana até Delta Pavonis, com o propósito precípuo de estabelecer o primeiro contato com as inteligências nativas do segundo planeta, os pavonianos, comparando com os relacionamentos sexoafetivos travadões da literatura de FC anglo-saxã.  Da plateia, Flávio reclamou que faltaram os golfinhos nas orgias a bordo da Pioneira.  Ele está certo, é claro.  Mas, enfim, não se pode ter tudo.  Advoguei que só um autor desleixado, enredado em teias emaranhadas de clichês, imaginaria que o controle da missão de uma expedição estelar de longo curso – cuja duração se medirá em décadas, mesmo quando excluídos os períodos de hibernação – seria idiota a ponto de selecionar tripulantes que não se ajustassem perfeitamente uns aos outros do ponto de vista psicológico e, portanto, sexual.  Daí, a ruptura de paradigma é justamente a inexistência de vilões e personagens que surtam a bordo, transformando-se no meio da narrativa em monstros homicidas.  Também comentei que se trata de um futuro mais ou menos remoto (2400 ec) em que toda a humanidade fala português.

Nesse ponto, Carlos me perguntou o que eu acho legal num conto, como antologista.  Respondi que tanto como leitor, autor ou antologista, aprecio trabalhos criativos, inovativos e originais.  Em termos de originalidade, advoguei que não existe temática surrada, mas sim abordagem surrada.  Também defendi a necessidade de se conhecer minimamente uma temática ou assunto ao se resolver escrever sobre ele.  Em termos do emprego de elementos de brasilidade em enredos de história alternativa, citei as narrativas de Antonio Luiz da Costa em sua linha histórica alternativa Outros 500.[10]

Voltando à baila dos astecas no espaço, citei as narrativas alternativas de Chris Roberson em seu U.F. Celestial Empire, onde astecas se opõem à expansão espacial chinesa sistema solar afora.  A diferença entre os enredos de Roberson e Harlan é que para esse último, os astecas são os protagonistas, ao passo que Roberson os emprega como antagonistas.

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Decorridos quase setenta minutos de entrevista, Carlos me pediu para falar um pouco sobre minhas experiências com o U.F. Taikodom©.

Após confessar meu vício debilitante, pero apaixonante, no jogo Sid Meier’s Civilization e seus sucessores que me consumiram na primeira metade da década de 1990, falei do meu envolvimento com a Hoplon Infotainment, primeiramente como criador da especificação do universo ficcional Taikodom© e, mais tarde, como consultor e produtor de material ficcional, sob a forma de ficção curta, novelas e romances.[11]

Falei menos sobre o Taikodom como jogo em si do que sobre seu universo ficcional multissegmentado em romances, coletâneas, graphic novels etc.  Quando comentei sobre o romance e a trilogia que escrevi no U.F. Taikodom© e que nunca foram publicados, Nitro me questionou sobre onde essas narrativas foram parar.  Respondi que permanecem sob meu domínio.  Ainda sobre o assunto dos universos compartilhados, citei o Intempol©, criado por Octavio Aragão na noveleta “Eu Matei Paolo Rossi”, publicado originalmente na antologia Outras Copas, Outros Mundos (Ano-Luz, 1998), organizada por Marcello Simão Branco.  Dois anos mais tarde, Octavio publicaria a antologia Intempol pela mesma editora.

Banner do lançamento da coletânea Taikodom:Crônicas.
Reparem nas "naves do desespero ao fundo".

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Ao fim da entrevista, Nitro me pediu para transmitir conselhos às novas gerações de escritores.  Em poucas palavras, recomendei-lhes que lessem bastante e procurassem dominar minimamente os subgêneros em que decidirem escrever.

No papo offline que rolou após o fim da entrevista, Newton e Carlos falaram que estão baseados em Minas Gerais e que são amigos de longa data do Flávio Medeiros Jr.  Newton Nitro estudou, inclusive, no mesmo colégio que o Flávio, embora cinco ou seis séries abaixo.

Também conversamos sobre nossas motivações como escritores e, sobretudo, como contadores de histórias.

Impressão nº 1: Sinto-me como se eu também já conhecesse esses dois sujeitos há tempos.

Impressão nº 2: Pode ser que eu esteja enganado, mas, parafraseando o fim do clássico Casablanca, tenho a impressão de que essa entrevista será o começo de duas grandes amizades.

 

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 08 de abril de 2022 (sexta-feira).

 


Participantes:

Alexander Meireles (Fantasticursos).

Ana Lúcia Merege.

Carlos Rocha (EscritaCast).

Celso Pinheiro Mesquita.

Cláudia Quevedo Lodi.

Daisy Lodi Ribeiro.

Eduardo Massami Kasse.

Eduardo Torres.

Fabrício Suarez.

Flávio Medeiros.

Gerson Lodi-Ribeiro.

Gílson Luís Cunha (Café Neutrino).

Hidemberg Alves da Frota.

Lilian Abrahão.

Lucas Rosalem.

Luiz Felipe Vasques.

Newton Nitro (EscritaCast).

Sid Castro.

 



[1].  https://newtonrocha.wordpress.com/2022/04/07/estranhos-no-paraiso-gerson-lodi-ribeiro-uma-opera-espacial-imprevisivel-com-muita-aventura-misterios-e-sensualidade-nitroleituras-resenha-ficcaocientifica-literaturabrasileira/?fbclid=IwAR3WSqwz4QoGN2na0x5szSkYyJA9DlYIHD9tMrmfQxU6kI6jT1D32aM56S8.  Uma consequência inusitada da divulgação dessa resenha se deu no grupo História Alternativa do Facebook, onde um participante comentou que, embora tenha se sentido interessado pelo enredo, não compraria o romance por causa da “postura dos personagens”.  Instado a justificar seus motivos, argumentou que não apreciava um futuro hipotético em que a maioria dos seres humanos seriam bissexuais e sedimentou sua posição com as justificativas que já tem mais de sessenta anos e que sexo e ficção cientifica não deveriam se misturar.  Aliás, uma linha de raciocínio predominante entre os leitores e membros masculinos do fandom de FC&F na primeira metade do século XX.

[2].  https://www.youtube.com/watch?v=MxEMWbEEHcQ À época da conclusão desta crônica já estava com mais de duzentas visualizações.

[3].  Também conhecida como Centro de Estudos de Sexualidade Cetácea, a confraria constitui uma sociedade secreta fundada e estabelecida durante o lauto banquete num restaurante em Porto Alegre, onde comemorei meu vigésimo milésimo dia de vida.  Obviamente, a natureza e os propósitos reais dessa sociedade não serão revelados aqui, exceto para assegurar o leitor eventual que não se tratam de planos para a dominação mundial.  Temos outras perfídias em mente...

[4].  Sundiver (1980); Startide Rising (1983); e Uplift War (1987).  Os dois últimos foram lançados em Portugal na coleção Europa-América FC, sob os títulos Maré Alta Estelar e Guerra da Elevação, respectivamente.

[5].  Nanorresenha extraída do meu bunker de dados: Last and First Men – Em seu clássico da ficção científica, Stapledon narra a evolução cultural e biológica das diversas espécies humanas (dezoito no total), na Terra, em Vênus e Netuno, ao longo de dois bilhões de anos.  Instrutivo e inspirador de muitos temas dos romances de FC que vieram depois.  Maçante, por narrar uma história essencialmente sem personagens, sob forma de um compêndio histórico.  Em muitos aspectos conservador e ultrapassado.

[6].  Meu conto abre essa antologia, primeiro livro publicado pela Draco!😊

[7].  Outra nanorresenha do bunker: A Guerra do Velho (Aleph, 2016) – Viúvo sênior ingressa nas Forças de Defesa Colonial ao completar 75 anos, abdicando da cidadania terrestre, ao se tornar um recruta e receber um corpo jovem repleto de aperfeiçoamentos genéticos, para ajudá-lo a combater as potências alienígenas que ameaçam a diáspora humana na periferia galáctica.  Scalzi estabelece um diálogo profícuo com Heinlein (Tropas Estelares); Haldeman (Forever War) e Simak (“The Civilization Game”), mas comete alguns pecadilhos e incide em diversos clichês do gênero.  No todo, um enredo instigante, divertido e original com personagens extremamente bem construídos.

[8].  Bunker outra vez: Wasteland of Flint – Em futuro alternativo, onde navegadores japoneses descobriram a América em 1200 ec e começaram a comerciar aço e cavalos com os pré-astecas, o Império Asteca resistiu à tentativa de invasão dos Europeus e tornou-se a maior potência mundial ao longo do terceiro milênio.  Por volta de 2400, a humanidade é governada pelas aristocracias Mexica e Nipônica, comandadas respectivamente pelo Huey-Tlatoani nas Américas e o Mikado na Ásia.  Só que a diáspora interestelar humana periferia galáctica afora, alimentada em grande parte por colonos de planetas habitados por etnias derrotadas pelos astecas em Anáhuac (nossa Velha Terra) corre o risco de obliteração completa quando arqueólogos humanos descobrem artefatos e nanomáquinas deixados por uma supercivilização extinta em Ephesus III, planeta marcianiforme de sistema estelar além das vastas fronteiras do Império Humano.

[9].  E mais outra: Too Many Magicians – romance de história Alternativa em que método científico é substituído por técnicas de magia aplicada.  Império Anglo-Francês dos descendentes diretos de Ricardo Coração de Leão é a primeira potência mundial.  Neste background, um detetive investiga assassinato num enredo policial bastante enxuto.

[10].  Essas narrativas são destrinchadas em detalhes em meu livro Cenários de História Alternativa (Amazon, 2019).

[11].  Quase toda a ficção curta que escrevi nesse universo ficcional foi reunida na coletânea Taikodom: Crônicas (Devir, 2009), a citar:

“The Point of K(No)w Return” (noveleta);

“Despertar do Físico” (conto erótico inédito, no sentido de não ter sido previamente publicado no site da Hoplon);

Morituri te Salutant!” (noveleta inédita);

“Guia Tertius do Taikodom para o Turista Independente” (novela inédita);

“Escambos com Nativos” (conto);

“Segunda Ressurreição” (noveleta); e

“Confronto com Quimera” (novela).

Essa edição incluiu uma linha do tempo do universo ficcional e ilustrações coloridas ao fim do volume.  Capa de Ivan Jerônimo e orelha de Roctavio de Castro.

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