segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

 

Argos 2025

no Acaso Cultural

 

“É sempre bom conferir o que consta no certificado, porque acidentes acontecem...”

(GL-R, ao receber o primeiro certificado como representante de Carlos Relva).

 

“Desde os doze anos eu sonhava com esse prêmio.”

(Jean Gabriel Álamo, citado por Caio Bessa Lima).

 

“O legal do Argos é que você não tem concorrentes, tem amigos.”

(Alexey Dodsworth)

 

202512212359P1 – 23.907 D.V.

 

Compareci neste domingo ao Acaso Cultural para assistir e participar da cerimônia de entrega do Prêmio Argos neste certame de 2025.

Por conta de uma fratura no dedo mínimo do pé direito, foi difícil me deslocar até Botafogo, mas nada que a ajuda decidida de Cláudia e o uso da bengala e de uma bota ortopédica high-tech não resolvessem.

Como a cerimônia começaria às 16h00, considerando minhas limitações temporárias de locomoção, saímos daqui de casa às 15h10, mesmo sabendo que o Acaso Cultural é relativamente perto e que as condições de trânsito do Jardim Botânico e bairros adjacentes costumam ser boas aos domingos.  Ida e volta de UBER.

***

 

Quando chegamos à sala-auditório do evento (a mesma em que as mesas da RioNeon transcorreram no mês passado), o palco, o estande de venda de livros, as cadeiras e os sistemas de áudio e vídeo já estavam montados.  Naturalmente, os membros da comissão organizadora do Prêmio Argos, Eduardo Torres e Luiz Felipe Vasques já se encontravam presentes, bem como Pedro Sasse, o gestor da Acaso Cultural.  Além desses, já estavam presentes os amigos Alexey Dodsworth; Carlos Hollanda; Flávio Mello; e o casal de confrades do Vórtice Rio, Jessica Tarine & Daniel Balard.

Pouco depois chegavam Bráulio Tavares e Octavio Aragão.  Os amigos Ricardo França e Rubens Angelo só apareceram mais tarde.

Ao longo do evento, precisei repetir algumas vezes a explicação sobre a natureza da minha contusão.[1]

Já nos primeiros minutos de auditório, antes do começo da cerimônia, autografei cerca de quinze ou vinte livros para Flávio Mello (tudo bem: confesso que perdi a conta), dentre coletâneas de ficção curta – inclusive a vetusta Vampiro de Nova Holanda (Editorial Caminho, 1998) que publiquei em Portugal no milênio passado e Taikodom: Crônicas (Devir, 2009) – antologias (Dinossauros, Vaporpunk e Dieselpunk, dentre outras) e vários e vários romances, dentre os quais A Guardiã da Memória, Aventuras do Vampiro de Palmares, Estranhos no Paraíso, Octopusgarden, Pecados Terrestres e até mesmo o recente Novas do Purgatório (Cosmos, 2025), cujo e-book concorria naquela tarde ao Argos na categoria Melhor Romance.  Deu trabalho autografar aquela pilha de livros, mas também deu um prazer enorme.  É gratificante (para não falar, emocionante) encontrar com um leitor que aparece de repente com boa parte da produção que você lançou no mercado no último quarto de século.  Da cadeira ao lado, Carlos Hollanda brincou que eu iria ficar com a mão cansada.  Repliquei que esse é o tipo de cansado que todo escritor quer sentir.😉  Meu muitíssimo obrigado, Flávio Mello!

 

Autógrafos em série para Flávio Mello.

 

Enquanto autografava, troquei ideias com Alexey e Eduardo sobre a série de ficção científica Pluribus; cenário pós-apocalíptico cum conquista alienígena (em termos audiovisuais, o mais original dos últimos tempos) que se tornou sucesso de público e de crítica, e cuja primeira temporada está prestes a se encerrar na Apple TV.  Recomendo enfaticamente a todos os amantes do gênero que se interessam não só por tiroteios e ação desenfreada, mas também por questões filosóficas relacionadas à liberdade, felicidade e livre arbítrio.  Aproveitei o ensejo para comentar sobre o romance de Neal Shusterman que estou lendo, All Better Now (Simon & Schuster, 2025), que discute basicamente essas mesmas questões com uma abordagem algo diferente, igualmente original, e cuja leitura também recomendo com o máximo empenho.  Sem grandes spoilers: não se trata de invasão alienígena, mas de um novo coronavírus cuja infecção deixa todos os sobreviventes permanentemente focados e felizes.

Poucos minutos mais tarde, Eduardo e Felipe deram início à cerimônia do Argos 2025.  O evento foi transmitido ao vivo no YouTube e pode ser assistido a qualquer hora pelo link:

https://www.youtube.com/watch?v=EMJF1JN-tP8

***

 

Após as palavras iniciais de apresentação do Pedro Sasse, como rezam as tradições milenares das cerimônias de entrega do Argos, os comissários Edu e Felipe começaram os trabalhos falando umas poucas palavras rituais sobre o Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC) em si e sobre o Prêmio Argos em particular.

Após esse preâmbulo cabalístico inicial, sem mais delongas, anunciaram os resultados da categoria Melhor Antologia ou Coletânea.

Em quinto lugar, ficou a coletânea de minicontos, microcontos e haicais de Carlos Relva, Cristalina como as Lágrimas (edição do autor).  Munido de minha briosa muleta de madeira de lei adquirida a preço módico na ABBR, dirigi-me à borda do palco (não ousei escalá-lo) e li as breves palavras de agradecimento do autor, meu bom amigo e confrade no clube de leitura Vórtice Rio.

Em quarto lugar, a ficou a antologia No Limiar: Contos de Sci-fi Folclórica, organizada por Lu Evans (edição da organizadora).

Em terceiro lugar, a antologia Além do Véu da Verdade, organizada por João M. Beraldo, com contos ambientados no universo Véu da Verdade, criado pelo organizador.  Outra edição bancada pelo organizador.

Em segundo lugar, a antologia 2057 (Verter), organizada por Carlos Hollanda e Rafael Senra.  Carlos compareceu para receber o certificado e fazer um breve, pero entusiasmado discurso de agradecimento.


 Carlos Hollanda: medalha de prata pela antologia 2057.

 

O vencedor do certame foi a Revista Literatura Fantástica Vol. 20, organizada e editada por Jean Gabriel Álamo, em mais uma edição do organizador.  O representante nomeado Caio Bessa Lima recebeu o certificado e o troféu em nome da Álamo Produções.  Caio fez um belo discurso e descreveu brevemente os esforços do empreendimento capitaneado pelo Jean Álamo.

 


Caio Bessa Lima, enviado especial da Álamo Produções, recebe o ARGOS.

 

Nessa categoria em que só um dos cinco finalistas não foi edição do autor ou organizador, minhas lealdades estiveram divididas entre três desses cinco.  Acabou que gostei do resultado.  Afinal, como Alexey bem disse ao receber um dos certificados em nome de nosso amigo comum Fábio Fernandes, “o legal do Argos é que você não tem concorrentes, você tem amigos”.

***

 

A segunda categoria a ter seus resultados anunciados foi “Melhor Conto”, por vezes referida nesta e noutras premiações como “Melhor Ficção Curta”, uma vez que inclui contos e noveletas.

O quinto lugar foi do conto “Mensagem Instantânea” do Fábio Fernandes, publicado na antologia Além do Véu da Verdade, do João Beraldo.[2]

Em quarto lugar ficou o conto “Alexandra, a Grande”, de Carlos Relva, publicado na Cristalina como as Lágrimas.  Mais uma vez, li as palavras de agradecimento do amigo e confrade.

Em terceiro lugar, “Um Vínculo Inquebrável”, de Renan Bernardo, na antologia Além do Véu da Verdade.  A autora Lis Vilas Boas recebeu o certificado em nome do autor.

Em segundo lugar, outro conto publicado em Além do Véu da Verdade.  Dessa vez, “Pulsão de Morte”, de Alexey Dodsworth, que regressou ao palco para receber seu certificado.  Em seu discurso, Alexey agradeceu ao João Beraldo pelo convite para participar da antologia.

O vencedor na categoria Melhor Conto foi “Pista Norte”, de Ursulla Mackenzie, publicado na antologia Cidades Inversas (edição da organizadora), organizada por Lu Evans.  A vencedora encarregou o próprio Comissário Eduardo Torres para receber o certificado e o troféu.

Classificado em terceiro lugar da categoria anterior, a antologia Além do Véu da Verdade conseguiu emplacar três finalistas na Melhor Conto: segundo, terceiro e quinto lugares, respectivamente.  Posso estar enganado, mas creio que uma goleada desse gênero não ocorria desde o arquirremoto Argos 2003, ocasião em que, nessa mesma categoria, três contos da antologia Como Era Gostosa a Minha Alienígena! (Ano-Luz, 2002), abiscoitaram os três primeiros lugares.

***

 

Enfim, chegamos à categoria Melhor Romance.

O quinto colocado foi O Torneio de Sombras: As Aventuras de January Purcell vol. 1 (AVEC), de Fábio Fernandes.  Mais uma vez, Alexey recebeu o certificado em nome do nosso amigo Fábio.

A versão e-book do meu romance de ficção científica teológica Novas do Purgatório (edição do autor) ficou na quarta colocação.  Não me senti muito decepcionado, porque não alimentei grandes esperanças de vencer.  Não só por ser um e-book autopublicado competindo contra livros físicos lançados por editoras de renome, mas, sobretudo, por filosofia de vida: o pessimista não se decepciona, suas surpresas são sempre alegrias.  Em meu discurso de agradecimento, revelei estar emocionado por estar recebendo um certificado de finalista pela primeira vez com uma edição do autor.


 GL-R recebe o certificado por Novas do Purgatório.

 

O terceiro lugar foi para o romance Sentinela (Malê), de Juliane Vicente, que já havia sido finalista nos certames de 2021 e 2023, nas categorias Melhor Antologia e Melhor Conto, respectivamente.

Em segundo lugar, o romance Kerigma: A Conclusão de Pantokrátor (AVEC) de Ricardo Labuto Gondim.  Presente ao evento, Gondim recebeu seu certificado e agradeceu ao publisher da AVEC, Arthur Vecchi, por ter não só publicado o Kerigma, mas também republicado o romance Pantokrátor original.


Ricardo Gondim recebe o certificado por Kerigma: a Conclusão de Pantokrátor.

 

O grande vencedor na categoria Melhor Romance foi Garras (Rocco), de Lis Vilas Boas, a história de um casamento arranjado entre uma bruxa e um lobisomem.  Em seu discurso de agradecimento, Lis se confessou surpresa, pois não acreditou que venceria com seu romance de estreia.


Lis Vilas Boas vence com Garras.

***

Finda a cerimônia de entrega do Argos 2025, aproveitei o ensejo para conversar com alguns amigos que ainda não havia falado como Ricardo França e Rubens Angelo, para comprar meu exemplar de Garras e pegar meu autógrafo com Lis Vilas Boas.



Autógrafo de Garras com Lis Vilas Boas.

 

Cláudia sugeriu tirar fotos minhas com Rubens Angelo, que também se encontrava contundido.  O caso dele foi bem mais heroico do que o meu.  Minha mulher amada comentou que a nave estelar que nós dois tripulávamos realizou uma aterragem forçada.  Enfim...



Rubens Angelo e GL-R nas Quebradas da FCB...



Galera do Vórtice Rio: Ricardo, Felipe, GL-R, Jessica & Daniel.

 

Rubens me apresentou à jovem autora Maira M. Moura.  Foi um prazer conhecê-la.  Pois, poucas semanas atrás li o conto dela, “As torres de cápsulas Mirai”, um dos incluídos na antologia comemorativa Voltas ao Redor do Sol – 40 Anos (CLFC, 2025), organizada pelo próprio Rubens, que me convidou para prefaciar o livro.  Maira nos brinda com uma narrativa de viagem no tempo enxuta e minimalista, mas também intrigante e original, preparada com pitadas generosas do subgênero New Weird.  Foi um dos três contos de que mais gostei na antologia.  Aliás, nessa antologia emplaquei um conto ambientado na linha histórica alternativa Três Brasis, “Para um Brasil Melhor”, onde mostro o que aconteceu ao filho-da-noite Dentes Compridos após o clímax da novela “Azul Cobalto e o Enigma”.

Eu e Cláudia ainda conversamos por cerca de meia hora com alguns amigos, mas, em virtude da minha condição física, declinamos do convite para esticar o evento num barzinho próximo e pedimos nosso UBER para casa.

Enfim, tudo correu bem nesta primeira saída da toca após meu acidente doméstico.  O pé contundido me incomodou menos do que eu esperava.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2025 (domingo).

 


Participantes:

Alexey Dodsworth.

Bráulio Tavares.

Caio Bessa Lima.

Carlos Hollanda.

Cláudia Quevedo Lodi.

Daniel Balard.

Eduardo Torres (Comissão do Argos).

Flávio Mello.

Gerson Lodi-Ribeiro.

Jessica Tarine.

Lis Vilas Boas.

Luiz Felipe Vasques (Comissão do Argos).

Maira M. Moura.

Octavio Aragão.

Pedro Sasse (organizador).

Ricardo França.

Ricardo Labuto Gondim.

Rubens Angelo.



[1].  Aos interessados em acidentes domésticos prosaicos e questões médicas deles advindas: na noite de domingo, dia 07 de dezembro, cismei de subir num banquinho em nosso quarto para resetar o sistema de TV a cabo do aposento.  Apesar de tudo o que ensinamos aos filhos sobre o assunto, não considerei os riscos óbvios envolvidos.  Afinal, eu quase conseguia alcançar a tomada do dispositivo sem o banco e só precisaria de três ou quatro segundos em cima dele para desligar e tornar a ligar a caixinha da NET.  Ocorre que o banco traiçoeiro só precisou de um décimo de segundo para cambalhotar sob meus pés.  Meros milissegundos mais tarde, quando dei por mim, já estava estatelado no chão com uma dor de ver estrelinhas piscando latejando na lateral do pé direito.  Enfim, precisarei pagar por minha burrice como algumas semanas de imobilidade, de castigo em casa.  Pensando bem, podia ter sido pior.

[2].  Tive um conto publicado nessa mesma coletânea, “Mergulho em Pitfall”.  Infelizmente, não foi eleito como finalista.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

 

              RioNeon em Botafogo 2025

 

“O fandom não conhece o fandom.”

(Luiz Felipe Vasques)

 

202511170530P2 – 23.873 D.V.

 

Agradecimento: esta é a centésima crônica da ficção científica brasileira que publico no blogue.  Aqueles que me acompanharam ao longo desse percurso tortuoso, meu muito obrigado!

 

Na manhã da quarta-feira passada, o amigo Luiz Felipe Vasques mandou o link seguinte pelo WhatsApp: https://www.acasocultural.com/rioneon

Enfim, descobrimos um encontro, quase uma convenção, dedicada às narrativas fantásticas em pleno Rio de Janeiro.  Para quem tanto se deslocou para Sampa, Porto Alegre e até Lisboa e Gainesville atrás de convenções de ficção científica e gêneros afins, parecia o sonho dourado: comparecer a um encontro de FC&F chegando até lá num simples busão e, melhor ainda, com a gratuidade recém-adquirida do Jaé?  Parecia aquele sonho em que você sente medo de acordar.  Curioso para conferir o que rolaria nessa miniconvenção, planejei a ida até a casa nº 16 da Vicente de Sousa no início da tarde de domingo.  Os amigos Felipe, Eduardo Torres e Octavio Aragão também confirmaram presença e já sabíamos que encontraríamos nossa amiga comum Ana Lucia Merege no evento, pois ela faria parte de uma mesa.

***

 

Por conta da minha rotina pessoal, sabia que não conseguiria chegar àquela ruazinha tranquila de Botafogo para assistir à abertura dos trabalhos às 11h00.  Daí, preparei-me para estar lá uns minutos antes da mesa das 14h30.

Como domingo há menos ônibus nas ruas, saí de casa um pouco mais cedo e, de fato, não havia ônibus algum na Jardim Botânico.  Temendo me atrasar, acabei pegando o primeiro coletivo que passou após dez incríveis minutos de espera no ponto, mesmo que fosse um intermunicipal para Niterói.  O ruim é que intermunicipais não aceitam o Jaé.  Felizmente, descobri um Riocard antigo na carteira.  Viagem rápida e tranquila.  Leitura de bordo: o clássico de horror semidesconhecido Damon (G.P. Putnam’s Sons, 1975), do Terry Cline, Jr.[1]

Saltei na São Clemente e, após cinco minutos de caminhada, cheguei ao número 16 da ruazinha, uma casa antiga reformada para receber o restaurante Nonô na frente (especializado em parrilla e gastronomia contemporânea, segundo o Edu, tem uma carta de vinhos de responsa) e o centro de eventos Acaso Cultural aos fundos.

 

Restaurante Nonô e Acaso Cultural.

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A primeira pessoa que encontrei na miniconvenção foi a autora Jana Bianchi, que eu já conhecia dos nossos tempos de Casa Fantástica nas FLIP 2018 e 2019.  Jana me apresentou seu companheiro, o autor Diogo Ramos, e comentou que conhecia minha prima Fabiana Poppius no projeto Fantástico Guia (que Jana coordena).  Em seu aniversário, mais ou menos um ano atrás, Fabiana me havia falado a respeito.[2]

 

Renan Bernardo, Jana Bianchi, Diogo Ramos e GL-R.

 

Em seguida, encontrei Octavio Aragão e aproveitei o ensejo para adquirir um exemplar autografado de sua coletânea de ficção curta, Alguém em Guernica olha para mim (Avec, 2025), onde ele reuniu os contos até então dispersos, publicados desde o início da sua carreira.  Para quem não sabe, o autógrafo do Octavio é uma obra de arte por si só: ele não “escreve” o autógrafo, mas o desenha caprichosamente.

Eduardo Torres, Luiz Felipe Vasques e Fred Furtado apareceram pouco depois.  Ana Merege chegou no comecinho da primeira mesa que assisti.  Avistei outras pessoas que já conhecia, porém, infelizmente, não houve oportunidade de cumprimentá-las e muito menos conversar com elas, tais como Carlos Felipe Figueiras e Clara Monnerat.  Já o Eric Hart e o Renan Bernardo, eu consegui cumprimentar, mas não deu tempo de conversar.  É pena, mas, outros encontros virão.

 

Octavio Aragão autografando.

***

 

Às 14h30 começou a mesa “Um Brasil a ser exportado: a ficção especulativa brasileira em publicações anglófonas”, com a participação do ilustrador e autor Claudio Pozas; e dos autores Diogo Ramos; Jana Bianchi; e Renan Bernardo, sob a mediação do também autor, para além de organizador do evento, Pedro Sasse.

Estimulados pelo mediador, os autores falaram de suas experiências em publicar no mercado internacional.  Começou por Claudio, que falou do seu trabalho de um quarto de século no mercado estadunidense, produzindo material para os RPG Dungeons & Dragons; Magic: The Gathering e outros.  Em seguida, os três autores mais jovens contaram à plateia de suas agruras, peripécias e alegrias em publicar ficção curta em revistas conceituadas do mercado editorial anglo-saxão, tais como Clarkesworld e Imagine 2200.

Da Jana eu já li muita coisa, pois ela publicou bastante material em português e eu já a conheço desde 2018.  Do Renan, só li os trabalhos da sua coletânea solarpunk Different Kinds of Defiance (Android Press, 2024)[3] e o conto “Um Vínculo Inquebrável”, publicado na antologia Além do Véu da Verdade, organizada pelo amigo João M. Beraldo.  Ainda não li trabalhos do Diogo; mas essa é uma lacuna que devo preencher cedo ou tarde.

 

Diogo Ramos, Jana Bianchi, Pedro Sasse, Renan Bernardo e Claudio Pozas.

***

 

Entre o fim da mesa sobre publicações brasileiras em revistas anglófonas por volta das 15h30 e o começo da seguinte, Ana, Eduardo, Felipe, Octavio e eu batemos um papo delicioso sobre publicações no Brasil e lá fora, sobre editoras e autores, para além de ficção especulativa de maneira geral.  Afinal de contas, como todos sabem ou deveriam saber, o melhor dessas convenções, seminários e encontros sobre ficção especulativa é justamente os bate-papos paralelos que rolam durante os intervalos.  Nesse intervalo, Ana nos apresentou a um casalzinho para lá de simpático que representa a sucursal carioca da Tolkien Society.  Infelizmente, não registrei o nome dela, mas Octavio lembrou que é Isa.  Já o nome dele é impossível de esquecer: Erick, um quase homônimo do meu filho Erich.

Como membro da comissão organizadora do Prêmio Argos, Eduardo Torres trocou ideias com o organizador da RioNeon, Pedro Sasse, e conseguiu apalavrar a cerimônia de entrega do Argos 2025 na Acaso Cultural para a segunda quinzena de dezembro.  Grande iniciativa, pois o espaço é bem adequado ao tipo de evento que o CLFC tem organizado nos últimos certames da premiação.

Às 16h30 começou a mesa “Desafios do fantástico nos trópicos”, com a participação dos autores Ana Lucia Merege; Bernardo Stamato; Diogo Andrade; e Pedro Sasse, sob a batuta do mediador Bruno Leandro.  Os autores falaram da ambientação de narrativas fantásticas (com ênfase fortíssima em fantasia, algumas pinceladas no horror e nem cheiro de ficção científica) em cenários brasileiros em geral e cariocas e/ou fluminenses em particular.  Gostei mais dessa segunda mesa do que da primeira.

 

Bernardo Stamato, Ana Lucia Merege, Bruno Leandro, Diogo Andrade e Pedro Sasse.

***

 

Ao fim dessa segunda mesa, após meia hora de bate-papo final, Ana, Edu, Felipe e eu nos despedimos dos demais.  Ao contrário dos demais, Octavio permaneceu lá firme e forte.  Ana pediu um Uber para Niterói.  Depois que ela embarcou, caminhamos até a São Clemente, onde Felipe tomou o metrô, Edu foi a pé para casa e eu peguei um ônibus, aí sim, gratuidade com o Jaé.  Leitura de bordo: mais um capítulo do Damon.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2025 (segunda-feira).


Participantes:

Ana Lucia Merege.

Bernardo Stamato.

Bruno Leandro.

Carlos Felipe Figueiras.

Clara Monnerat.

Claudio Pozas.

Diogo Andrade.

Diogo Ramos.

Eduardo Torres.

Eric David Hart.

Fred Furtado.

Gerson Lodi-Ribeiro.

Jana Bianchi.

Luiz Felipe Vasques.

Octavio Aragão.

Pedro Sasse (organizador).

Renan Bernardo.



[1].  Quando era garoto, tentei ler esse romance numa edição brasileira da Record, publicada por aqui sob o título enganoso (?) de Demon, mas não consegui terminar a leitura.  Não que o livro fosse ruim.  O caso é que o tipo de horror descrito me impressionou muitíssimo e olha que aos catorze anos eu não me impressionava com qualquer coisinha, não.  Enfim, lembrei-me desse romance arrepiante umas semanas atrás e tentei comprá-lo num sebo.  O problema foi que a edição da Record de 1975 está sendo vendida por uma exorbitância nas estantes virtuais da vida.  Daí, a solução foi comprar o livro num sebo estadunidense; transação intermediada pela Amazon.  O livro em saiu por míseros três dólares e o frete também não foi caro.

[2].  Embora nunca tenha criado uma personagem feminina baseada diretamente na Fabiana, em minha noveleta de história alternativa “O Preço da Sanidade”, escrita e publicada no Somnium 60 em 1993 e republicada na Amazon KDP em 2024, o protagonista Geraldo Lopes Ramos, em meio a suas agruras, refere-se insistentemente à sua prima bióloga Fabiana que vivia no bunker universitário da Unicamp.  Quando escrevi a noveleta, minha prima já se graduara em Biologia.

[3].  Um dos que mais gostei, “Presságio de solidão”, já havia lido em português na antologia Como Aprendi a Amar o Futuro (Plutão, 2023), organizada por Francesco Verso e Fábio Fernandes.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Primavera dos Livros

2025

 

“Estou cansado de assistir filmes de FC com insetos e aracnídeos gigantescos criados pela radiação nuclear.  Eu adoraria assistir a um filme que me mostrasse elefantes reduzidos ao tamanho de camundongos.”

(Bráulio Tavares, em agosto de 1987, durante uma reunião do CLFC-RJ, no playground de um prédio em Laranjeiras).

 

202509291000P2 – 23.824 D.V.

 

Compareci na tarde do último sábado à Primavera dos Livros, evento anual que eu não frequentava desde 2019.[1]  Este ano foi o primeiro dessa feira do livro das editoras pequenas em sua nova casa, o andar térreo do Museu de Arte do Rio.  Pelo que ouvi falar, no que depender da Prefeitura do Rio de Janeiro, a dona desse espaço cultural, doravante a Primavera dos Livros se dará sempre sob os pilotis do museu.  Correu à boca pequena (nem tão pequena assim) que a antiga sede do evento, o Museu da República, instalado no Palácio do Catete (a feira ocorria nos vastos jardins do museu), teria cobrado muito caro pelo aluguel do espaço e a LIBRE (Liga Brasileira de Editoras) – espécie de cooperativa de editoras pequenas que promove o evento – não teve condições de arcar com a despesa.

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Havíamos combinado comparecer na lista de WhatsApp do clube de leitura Vórtice Rio.  Adílson Júnior, Luiz Felipe Vasques e Juliana Berlim confirmaram presença.  Embora não tenha dado sinais de vida na lista, Ricardo França compareceu assim mesmo.

Às 13h25min caminhei até a Pacheco Leão, onde embarquei num Uber Comfort rumo à Praça Mauá (onde se situa o MAR).  A viagem durou 25 minutos e custou 46 reais.  Leitura de bordo (no celular): novela de ficção científica O Despertar de Sophia (Amazon KDP, 2025), de Tibor Moricz.

O itinerário escolhido pela uberista Isabela nos levou a contornar a Rodoviária Novo Rio e seguir pela Avenida Rodrigues Alves, beirando os armazéns abandonados do Cais do Porto, onde não se observava vivalma caminhando pelas calçadas desertas de uma aparente cidade fantasma.  Em seguida, entramos na Rua Arlindo Rodrigues, recentemente urbanizada, com prédios novos reluzentes, mas igualmente deserta, talvez pelo fato de só abrigar estabelecimentos comerciais.  Depois de tudo que ouvi falar sobre a pretensa revitalização da Região Portuária do Rio, julguei que me depararia com mais, ahn, vitalidade sob a forma de um certo movimento e, quem sabe, moradores, sei lá, pedestres transitando.  Mas não foi o caso.  Só avistamos pedestres quando estávamos praticamente chegando à Praça Mauá.  Esse itinerário nos fez passar pelo Acqua Rio e pela Roda-Gigante[2], que eu ainda não tinha visto ao vivo.

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Desembarquei na Praça Mauá às 13h50min e logo constatei que a Primavera dos Livros rolava no térreo do Museu de Arte do Rio, resguardado do fulgor do sol naquele início de tarde de primavera pela laje que se apoia nos pilotis do prédio.

Num reconhecimento preliminar rápido, percorri o “corredor” central que se estendia no sentido longitudinal do térreo entre as duas fileiras de estandes da editoras ali presentes.  Julguei o evento como um todo e o número de expositores menor do que nos certames de anos anteriores nos jardins do Palácio do Catete.  Por se localizarem em área coberta, os estandes este ano não precisaram dos telhadinhos que caracterizam seus símiles de certames anteriores – fato que, imagino, deva ter barateado os custos – afinal, em vez que barraquinhas completas, algo semelhantes a bancas de jornais antigas, os estandes deste ano lembravam bancas de camelô.  Ao fim desse corredor havia dois quiosques de comida.  Segundo informes, vendiam quitutes da cozinha baiana.  À direita do corredor central havia outro estande gastronômico, de acordo com Adilson, vendiam comida mais cara e supostamente melhor do que a servida nos quiosques.  Aliás, devo ao Adilson todas as avaliações gastronômicas daquela tarde no museu, pois que não me aproximei dos quiosques ou do estande.

Encontrei Adílson ao fim do reconhecimento inicial e, uma vez juntos, “resgatamos” o amigo comum Ricardo França no estande da Aleph.  Do nosso ponto de vista, esse estande era o mais tentador da feira.  Examinamos os lançamentos e as novas edições de diversos romances que amamos, vários dos quais, inclusive, já analisados em nossas reuniões do Vórtice.  Imagino que França, com sua força de vontade enfraquecida pela fome, deva ter deixado umas boas centenas de reais por ali.  No que me tange, resisti bravamente às tentações da Aleph, só para sucumbir a um lançamento da Seiva: Como Criar Histórias: um guia prático para escritores, da Ursula K. Le Guin.  Minha única aquisição naquela tarde.

Por falar em livros, aproveitei o ensejo para passar às mãos do Adílson um exemplar da edição capa dura do meu romance de ficção científica teológica Novas do Purgatório (Amazon KDP, 2024).  Também passei às mãos do Ricardo e do Adílson exemplares em brochura da minha coletânea Relatos Desgarrados (Uiclap, 2024), livros que vendo no Brasil em formato digital e que imprimo um ou outro para agradar os amigos.

Pouco após essas entregas, nossa amiga Juliana Berlim deu o ar de sua graça.  Infelizmente, não pôde ficar conosco até o fim da nossas aventuras literárias.

Bráulio Tavares apareceu pouco depois.  Fiquei bastante satisfeito e algo surpreso em revê-lo.  Pois, ao contrário de Ricardo e Adílson, não sabia que o Bráulio participaria de uma mesa-redonda no quinto andar do museu, “Encontros e Confrontos na Ficção Científica e no Mistério”.  Afinal, qualquer mesa tripulada por esse velho amigo dos primeiros tempos da sucursal carioca do Clube de Leitores de Ficção Científica é diversão e entretenimento intelectual garantidos.


Adílson Júnior, Ricardo França, GL-R, Bráulio Tavares e Juliana Berlim no “corredor” central.

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Enfim, Luiz Felipe Vasques apareceu e se reuniu à nossa roda de bate-papo animada que rendeu reminiscências deliciosas e boas risadas.  Bráulio e Adílson nos contaram que os primeiros certames da Primavera dos Livros se deram no interior do Jockey Club da Gávea, lá por idos de 2005.  Adilson, Felipe e Juliana aproveitaram a presença do autor para adquirir exemplares do livro mais recente de não-ficção do Bráulio: Não Ficções: a Literatura e a Ficção Científica, os escritores e seus escritos (Bandeirola, 2023) no estande da editora.  Naturalmente, esses exemplares foram autografados no ato pelo Bráulio.  Ricardo se imbuiu de coragem e sacou seu exemplar da mochila (previdente, havia adquirido antes do autor chegar) para coletar o seu autógrafo, mas a coragem não se estendeu a ponto de pedir que autografasse os outros dois livros do Bráulio que também havia adquirido naquela tarde.  Quem sabe não fica para a próxima?

Conversamos bastante sobre ficção científica e um assunto que surgiu espontaneamente foi o das nossas experiências pitorescas e/ou hilárias recentes com aplicativos dotados de rudimentos de inteligência artificial.  Lembramos dos esforços hercúleos de Adílson para (re)educar I.A. recalcitrantes, um método que ele invariavelmente começa obrigando o programinha safado a confessar que está inventando respostas falsas e o fazendo jurar de pés virtuais juntos que não incidirá mais nesse erro.  Falar em fakes de IA mal intencionadas levou-nos ao assunto das redes sociais e dali ao combate às fake news de cunho pseudocientífico, o que nos fez lembrar do Instituto Questão de Ciência, capitaneado por nosso amigo Carlos Orsi e a esposa Natalia Pasternak.

Quando Bráulio nos contou o enredo de um romance do autor britânico M. John Harrison que ele está lendo e gostando muito, Ricardo comentou que não conhecia muitos autores britânicos além do Arthur C. Clarke.  Lembrei-o de que ele já leu romances de, pelo menos, H.G. Wells, Aldous Huxley, George Orwell, Brian Aldiss, John Wyndham, Douglas Adams e Ian M. Banks.  Isso para não falar doutros, menos publicados em português (mas Ricardo lê em inglês fluentemente), tais como Adrian Tchaikovsky, Alastair Reynolds, Charles Stross, Peter F. Hamilton e vários outros.  Conquanto siderado pela fome, prudentemente, ele retirou o que disse.😉

Juliana aproveitou o ensejo para confirmar o convite a Bráulio Tavares para que esse compareça numa reunião do grupo de leitura em literatura fantástica que ela coordena junto aos alunos do Colégio Pedro II, onde leciona.  Pouco depois, ela se despediu de nós e partiu rumo a outro museu, o da República, se não me engano, para assistir e/ou participar de um evento sobre café (???).

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Como a mesa da qual o Bráulio participaria começava às 16h00, subimos meia hora antes até o auditório situado no Espaço Cais, no quinto andar do museu.  Quando os funcionários do museu tentaram barrar nosso acesso, explicamos que fazíamos parte do staff do Bráulio Tavares. Daí, facultaram o nosso acesso sem maiores questionamentos.  Porém, mesmo assim, julgamos melhor ingressar no elevador junto com ele.

A mesa-redonda começou pontualmente às quatro da tarde e contou com três intérpretes em libras, que se revezaram ao longo do evento.  A M-R foi transmitida ao vivo pelo YouTube.  LIBRE já disponibilizou o link:

https://www.youtube.com/watch?v=HQ1WN481yDc&list=PLgjcH81nFcdZzacfIBlv8mJrMSsCCkmhL&index=3


Esquenta da mesa-redonda com Luiz Felipe Vasques e a gang habitual.

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A mesa-redonda foi mediada autor e publisher da Seiva[3], Daniel Lameira, com a participação de Bráulio Tavares e do autor e editor Marcelo Ferroni.

Lameira atuou com precisão ao estimular os autores da mesa, levando-os a falar livremente sobre seus ofícios, escritos e anseios.  Sentados na primeira fila do auditório, ouvimos com interesse os detalhes sobre a carreira e processo criativo do Marcelo que, embora milite no mainstream e no horror, já escreveu um romance de FC graças ao incentivo do Bráulio.  Contudo, para mim e, acredito para os três amigos na plateia (Juliana não assistiu à mesa), o mais interessante foi a participação de nosso amigo comum, que tenho como meu sênior e mentor nas lidas de escritor e estudioso de ficção científica.  Foi um prazer ouvir o Bráulio falar sobre sua iniciação literária como cronista, poeta e ficcionista desde menino em Campina Grande.  Vê-lo discorrer sobre as métricas e versificações da poesia; as sutilezas e dificuldades inerentes ao processo criativo para se escrever (boa) ficção científica; seus trabalhos como escritor de ficção e não-ficção; e diversos outros temas e assuntos correlatos foi uma delícia, mesmo para aqueles de nós que já haviam escutado boa parte do que ele falou em ocasiões anteriores.  Porque além de escrever muito bem, Bráulio também fala muito bem.  Sobre qualquer assunto que se disponha a falar.  Ponto.  Agora, quando ele se dispõe a falar sobre FC, é um espetáculo imperdível, não importando muito o quanto você já tenha ouvido discorrer sobre esse tema antes.

Poderia escrever vários parágrafos detalhando o que esses dois escritores falaram na tarde desse último sábado, mas prefiro que você sinta em primeira mão o mesmo prazer que tive anteontem.  O link está aí em cima.

Ao fim das falas de Bráulio e Marcelo, naquela espécie de pingue-pongue orquestrado por Daniel Lameira, esse passou a palavra à plateia numa rápida sessão de perguntas e comentários.

 

Mesa-Redonda “Encontros e Confrontos da Ficção Científica e do Mistério” com

Daniel Lameira (mediador); Marcelo Ferroni; e Bráulio Tavares.

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Descemos juntos no elevador até o térreo do museu.  Adílson se despediu de nós, praticamente à porta do elevador.  Depois de uns vinte minutos de bate-papo ali, eu, Felipe e Ricardo nos despedimos do Bráulio e dos demais e tomamos nossos caminhos de volta para casa.

Eu e Felipe dividimos um Uber Comfort para a Zona Sul.  Na viagem conversamos sobre uma mesa-redonda que estamos tentando organizar no Centro Cultural da Justiça Federal.  Ainda conversamos sobre as segundas temporadas das séries de streaming de super-heróis Pacificador (HBO Max) e Gen V (Prime Video).  Observamos que o sexto episodio dessa temporada da série da HBO dialoga de forma bem-humorada com a série de streaming de história alternativa O Homem do Castelo Alto (também da Prime Video, quatro temporadas, 40 episódios ao todo), inspirada no romance homônimo de Philip K. Dick.

Chegando em casa, finalmente comi o pedação de pizza caseira que me aguardava em companhia de uma garrafa de Clos de Torribas Crianza 2018.  Daí pensei: e, por que não?  Liguei a TV e retomei a série O Homem do Castelo Alto que havia parado há tempos, assistindo ao primeiro episódio da terceira temporada.  O problema é que, quando enfim terminar de assistir a essa série, precisarei pôr a preguiça de lado, pois haverá muito o que escrever para a segunda edição do meu Cenários de História Alternativa.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2025 (segunda-feira).

 


Participantes:

Adílson Júnior

Bráulio Tavares.

Daniel Lameira.

Gerson Lodi-Ribeiro.

Juliana Berlim.

Luiz Felipe Vasques.

Marcelo Ferroni.

Ricardo França.

 



[1].  Nos velhos tempos da Draco, compareci à Primavera dos Livros de 2014 a 2019 para encontrar amigos junto ao estande daquela editora.  Com exceção do certame de 2017, que transcorreu na Casa França-Brasil, os outros cinco se desenrolaram nos jardins do Palácio do Catete.  Em decorrência da pandemia de Covid-19, nos anos de 2020, 2021 e 2022 não houve Primavera dos Livros.  O evento foi retomado em 2023.  Não compareci em 2023 e 2024 porque a Draco não montou estande lá.  No entanto, apesar de nova ausência da minha antiga editora, neste ano – animado por conta da nova localização – resolvi comparecer e não me arrependi.

[2].  Instalar uma roda-gigante ao nível do mar em uma cidade repleta de morros como o Rio soa como um contrassenso.  Porque, do alto de qualquer morrinho de meia-tigela se consegue vislumbrar uma vista mais deslumbrante do que do alto de uma roda-gigante.  Mas, enfim, há gosto para tudo.

[3].  Mundinho pequeno: ouvi falar dessa editora pela primeira vez na vida ao adquirir o livro da Le Guin hora e meia antes...