segunda-feira, 27 de setembro de 2021

 

Solarpunk:

Visão Radical de um

Futuro Ecológico Sustentável

 

202109261030P1 – 22.360 D.V.

 

“Os ativistas são solarpunks porque as alternativas seriam a descrença e o desespero, pois as promessas dos arautos da singularidade tecnológica e outros transumanistas são individualistas e inatingíveis, ao passo que as propostas dos solarpunks visam tornar a vida de todas as pessoas melhor hoje e para as gerações futuras.”

[Adam Flynn, Projeto Hieróglifo]

 

Ontem à noite se deu a tão aguardada (ao menos, por mim) mesa-redonda, Solarpunk: visión radical de un futuro ecológico sostenible, no terceiro e último dia do XXVI Encuentro Internacional de Escritores, que se desenrolou na cidade de Monterrey, Nuevo León, México, sob os auspícios da CONARTE.

Fui convidado a participar dessa mesa em meados de julho último.  As tratativas foram algo complexas, dentre outros motivos porque envolveram a contratação de um tradutor-intérprete capaz de verter minhas falas do português para o castelhano.  Em meio às combinações, ocorreu a morte de meu pai na primeira quinzena de agosto.  Enfim, tudo deu certo.  A organização do evento aceitou minha sugestão de convidar para a tarefa Román Ipiña Chacón, um bom amigo que conheci em minha estada no México em dezembro de 2013.

Durante a fase das tratativas preliminares, meu contato com a CONTATE se deu através de Gildardo Gónzález, com o qual troquei vários e-mails para esclarecer dúvidas e transmitir informações.

A mesa-redonda se encontra disponível no YouTube no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=JVmAB6UD3gs (120 visualizações da manhã seguinte ao evento).

*     *     *

 

Gato escaldado de apresentações anteriores nas quais nosso WiFi doméstico, meus fones bluetooth ou qualquer outro elemento do nosso sistema não funcionou bem, resolvi jogar pelo seguro: estabeleci a conexão da nossa sala de jantar, bem próximo ao roteador da Vivo (por medida de segurança, agora temos dois aqui em casa: Vivo fibra óptica e Claro NET via cabo); providenciei uma conexão física (Ethernet); e usei fones de ouvido fisicamente plugados ao notebook.  Nada poderia funcionar mal.  E, de fato, ao menos aqui em casa, tudo correu a contento.

Atendendo o pedido dos organizadores, ativamos o link enviado por e-mail quinze minutos antes do horário estabelecido de 16h00 (GMT -5h), dezoito horas pelo horário de Brasília.

Nesse esquenta dos quinze minutos anteriores à abertura dos trabalhos, após verificada a qualidade dos sinais de áudio e vídeo dos participantes e da minha informação de que entendo bem o castelhano, embora não o articule, Gildardo combinou conosco a ordem de nossas falas.  Por sugestão de Abraham Martinez – que eu já conhecia (virtualmente) há anos, graças a uma entrevista que ele fez comigo para a revista El Ojo de Uk – eu falaria em primeiro lugar.  A ideia original era fazer minha apresentação em PowerPoint.  Uma apresentação curtinha, com dezesseis slides.  No entanto, como sói acontecer, a maioria das estratégias de batalha teóricas estabelecidas a priori não sobrevivem à realidade do combate.

*     *      *

 

Na hora marcada, Gildardo González abriu os trabalhos, apresentando breves currículos do mediador Miguel Manrique e dos participantes: Abraham Martinez Azuara; Vidal Medina e eu.  Daí, Gildardo passa a bola para o Miguel.

 

Mesa-redonda Solarpunk: Visão radical de um futuro ecológico sustentável.

 

Após falar um pouco sobre a gênese da ciéncia ficción em geral, Miguel Manrique iniciou o bate-papo indagando aos três participantes “O que é Solarpunk?”

Em resposta, cada um de nós três apresentou sua definição pessoal preliminar do subgênero.  Minha fala foi traduzida por Román Ipiña.

Em seguida, comecei minha apresentação em PowerPoint.  Porém, lá pelo quinto ou sexto slide, o áudio do Román começou a falhar, impedindo que prosseguisse com a tradução.  Daí, a apresentação em que eu pretendia expor do Solarpunk em três partes – como subgênero da ficção científica; como movimento cultural de caráter especulativo; e, finalmente, da antologia Solarpunk: histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável – acabou truncada na metade da primeira parte.  Paciência.

Vida que segue.  Constatando o problema de áudio, Miguel contornou  a dificuldade, alertando Román e passando a palavra a Martinez.

Abraham comentou que os cenários distópicos da ficção científica convencional já se tornaram realidade e que precisamos parar de devastar o meio ambiente.

Sem o apoio da tradução de Román, avancei por conta própria, afirmando que o Solarpunk é plausível porque é impossível conceber cenários ficcionais ambientados daqui a cem ou duzentos anos em que a humanidade consiga sobreviver na Terra sem abandonar a queima de combustíveis fósseis em favor do emprego de fontes energéticas renováveis; e o consumismo desenfreado em favor de práticas autossustentáveis.

Em seguida, quando Miguel perguntou como é o leitor de Solarpunk, respondi que o leitor de Solarpunk típico é uma pessoa que se encontra farta do excesso de narrativas distópicas clicherizadas e, portanto, anda em busca de narrativas mais otimistas.  Até porque, desde o advento da pandemia, já vivemos um cenário de distopia extrema no mundo real.  Como a falha de áudio do Román persistia, Miguel se esforça em traduzir minha fala.

Daí, o mediador nos indagou sobre autores que atuaram como precursores do Solarpunk, citando de antemão Octavia E. Butler e Kim Stanley Robinson.  Abraham citou diversos precursores do Solarpunk no século XIX e no início do século XX.  Como exemplo de proto-Solarpunk, citei a fixup, ou coletânea, City (1951) de meu autor predileto, Clifford D. Simak.  Trata-se de um enredo solarpunk avant la lettre, pois propõe um futuro pastoral numa Terra em que a humanidade abandonou as cidades em prol da vida no campo, uma civilização tecnológica em que reatores nucleares domésticos proporcionam energia barata e veículos aéreos individuais resolveram o problema da mobilidade.  Ao longo da narrativa espalhada pelos diversos contos, a humanidade acaba abandonando nosso planeta, legando a biosfera a uma estirpe de cães inteligentes, sob a guarda de robôs.

Aproveitei o gancho simakiano para responder a uma questão anterior do Miguel sobre o apelo do Solarpunk.  Uma vez que todas as questões mais prementes da humanidade (superpopulação; desigualdades; miséria; holocausto ambiental; pandemias) já estariam resolvidas, segundo as premissas básicas do subgênero, nossa espécie poderia enfim se dedicar às questões realmente importantes, exatamente como Simak delineou em seus enredos na série City.

Ao recomendar seus proto-Solarpunks favoritos, Vidal Medina recomendou Duna e também o mangá e animê Nausicäa.

Incentivado por Miguel, propus conceituarmos o subgênero a partir da etimologia da palavra “Solarpunk”.  A partícula {solar} se referindo ao emprego de energias renováveis em geral (e não apenas à solar) e a partícula {punk} referindo-se à contestação contra o establishment, sobretudo, na área ambiental.[1]  Neste ponto, Román recobrou seu áudio e traduziu minha fala.

Capa da Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável (Draco, 2012).

 

Abraham Martinez declarou que, se podemos sonhar com um futuro ecologicamente mais justo, então podemos criá-lo.  Vidal Medina afirmou que o Solarpunk é um subgênero bastante atrevido e valente.

Neste instante, surgiu em nossa tela a única pergunta pipocada de nossa plateia virtual.  Luiz Felipe Vasques, presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, indagou:

— O conflito viria de quem lucra ou por costume ou se acomoda às antigas maneiras – poluentes – de fazer as coisas, não?

Ao avocar a responsabilidade pela formulação de uma resposta, lembrei que todos habitamos um só planeta e que não dispomos de um Plano B ou Planeta B.

Enfim, Miguel nos convidou a apresentar nossas considerações finais.

Vidal Medina formulou a proposta de empregarmos a literatura Solarpunk para ajudar a política ambiental autossustentável.  Seguindo o mesmo mote, Martinez afirmou que não deveríamos nos dar por vencidos nas questões ambientais.  Em minhas considerações finais, advoguei que nunca é tarde demais para abandonar um caminho errado e assumir o certo.  Daí, concluí rememorando a última pergunta que Abraham Martinez me fez na entrevista ao El Ojo de Uk cinco anos atrás: “Quando teremos uma edição da Solarpunk em espanhol?”, devolvendo tal pergunta à plateia mexicana.

 

Capa da Solarpunk: Ecological and Fantastical Stories in a Sustainable World (World Weaver Press, 2018).


Capa da Solarpunk: Storie di ecologia fantástica in um mondo sostenible (Mezzelane, 2021).

 

Diante dessa provocação, Abraham, Vidal e Román se comprometeram a envidar esforços em prol da publicação da Solarpunk em castelhano.

No fim, Gildardo Gónzález retornou à apresentação para os agradecimentos e despedidas de praxe.

Finda a transmissão em si, escutei uma voz em off comentou em castelhano que havia muitos brasileiros no chat da mesa-redonda.

*     *      *

 

Conclusão: apesar de não ter logrado expor a apresentação que planejei ao longo da última semana, a experiência de participar dessa mesa-redonda mexicana foi coroada de êxito.  Foi gratificante conhecer Abraham Martinez, mesmo que de forma virtual e me senti bastante honrado com a oportunidade de atuar como convidado nesse encontro internacional de escritores.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2021 (domingo).

 


Participantes:

Abraham Martinez Azuara (participante).

Ana Lucia Lodi Ribeiro.

Ana Lúcia Merege.

Cláudia Quevedo Lodi.

Daisy Lodi Ribeiro

Enrique Quintero Mármol López.

Fernando Galaviz.

Gerson Lodi-Ribeiro (participante).

Gildardo Gónzález (organizador).

Jorge Chipuli.

Luiz Felipe Vasques (Clube de Leitores de Ficção Científica).

Miguel Manrique (mediador).

Paolo Fabrizio Pugno (Histórias Extraordinárias).

Paulo Duarte.

Román Ipiña Chacón (intérprete).

Vidal Medina (participante).

 



[1].  Etimologicamente falando, {solar} = lato sensu: energia solar, eólica, energia das marés, fusão controlada do hidrogênio etc., i.e, energia renovável e barata, disponível para todos.  E, {punk} = elementos de contracultura: contestação ao establishment representado por governos e corporações corruptas que poluem o meio ambiente, arruínam nossa biosfera planetária e se eximem da responsabilidade pelo aquecimento global antropogênico.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

 Live sobre

Ficção Científica Brasileira

no Jornal 140

 

202109012359P4 – 22.335 D.V.

 

“Povo da Terra, não tenham medo.  Nós vimos numa missão de paz – e por que não?  Pois somos seus primos; já estivemos aqui uma vez.

Vocês nos reconhecerão quando nos encontrarmos, dentro de poucas horas.  Estamos nos aproximando do sistema solar quase tão rapidamente como esta mensagem pelo rádio.  Já o sol de vocês domina o céu à nossa frente.  É o sol que os nossos antepassados e os seus compartilharam há dez milhões de anos.  Nós somos homens, como vocês; mas vocês esqueceram a sua história, enquanto nós nos lembramos da nossa.”

[Começo do conto “Reunião”, de Arthur C. Clarke]

 

“Tupi or not Tupi.”

[Gílson Luís Cunha]

 

Participei hoje à noite de uma live – em verdade um bate-papo informal entre amigos – sobre a ficção científica brasileira em geral e a revista Histórias Extraordinárias (Editora Mundo) em particular, na companhia do autor Roberto de Sousa Causo e do autor e editor Paolo Fabrizio Pugno, sob os auspícios do canal Jornal 140, do jornalista Paulo Gustavo Pereira.  Apesar da presença do autor e editor Marcus Garrett ter sido anunciada nos banners de divulgação do evento (vide abaixo), por motivos de saúde esse não pôde comparecer.

Banner da Live “Ficção Científica no Brasil”.

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Conectei cerca de vinte minutos antes das 20h00, conforme combinado com o Paolo Pugno.  Porém, logo no início dos testes, percebemos que minha conexão não estava boa.  Após vários ensaios e tentativas infrutíferas que incluíram resets do roteador e reinicialização do micro, acabei migrando para o estúdio da Cláudia, onde pude contar com uma máquina mais potente e mais próxima do roteador de WiFi.

Enquanto estive fora do ar, Paolo Pugno falou um pouco sobre a Histórias Extraordinárias.

Contornada essa dificuldade, acabei ingressando na live com uns treze ou quinze minutos de atraso.  O evento durou duas horas e quinze minutos.  O público que o assistiu online atingiu picos de dezessete ou dezoito pessoas, a maior parte dessas também participou do chat paralelo (postscriptum: no domingo à noite, constatei oitenta e cinco visualizações).

Tão logo me rematerializei no evento, nosso anfitrião indagou como comecei a escrever.  Expliquei que, nos primórdios, assim que aprendi a ler e escrever, eu rascunhava uma versão rudimentar destas mesmas crônicas pessoais que mantenho até hoje.  Mais tarde, com cerca de doze ou treze anos, comecei a reescrever os finais dos romances de ficção científica prediletos.  Porque, embora os apreciasse, suas conclusões não me satisfaziam.  Nesse instante, Gílson Cunha mencionou no chat que adotou essa mesma estratégia, sugerida por ninguém menos do que Isaac Asimov.  Em seguida, provocado pelo P.G., apresentei as diversas versões da minha estreia profissional, com ênfase para a publicação do conto “Xenopsicólogos na Fase Crítica”, sob o título de “Phase Verte”, na revista francesa de ficção científica Antàres.  Trabalho, aliás, republicado no número 2 da Histórias Extraordinárias.  No chat, Causo comentou que nós dois estreamos no ano de 1989.

Durante as apresentações iniciais, nos quesitos das produções literárias, a partir das capas expostas por nosso anfitrião, Causo comentou seus romances recentes, dentre os quais, Shiroma, Matadora Ciborgue (Devir, 2015), inserido no universo ficcional Galaxys, e eu comentei alguns dos meus lançamentos, dentre eles a coletânea Taikodom: Crônicas, com narrativas ambientadas no universo ficcional homônimo que criei para a Hoplon Infotainment em 2004; o romance de FC Octopusgarden (Draco, 2017), ambientado no mesmo U.F. de A Guardiã da Memória (Draco, 2011); o romance de ficção científica e história alternativa Estranhos no Paraíso (Draco, 2015)[1]; e o e-book da noveleta de história alternativa A Ética da Traição.  P.G. aproveitou o ensejo para rememorar seus tempos da saudosa Sci-Fi News.  Causo falou um pouco de seu conto “Confronto nas Alturas” a ser publicado na Histórias Extraordinárias nº 3, que é ambientado no universo ficcional Galaxys.

Em seguida, P.G. nos indagou o que distingue a ficção científica brasileira de suas congêneres estrangeiras.  Causo respondeu como acadêmico e estudioso do gênero, enquanto respondi como leitor e escritor de FC, advogando que FC brasileira é aquela que exibe elementos distintivos da cultura brasileira, com todas as Casas Grandes e Senzalas inerentes à mesma.  Nessa mesma sequência, Paolo Pugno confessa que começou a ler FC com a coletânea Eu, Robô, do Isaac Asimov.  Enquanto isso, na plateia, Paola de Marco confidenciava que esteve presente na primeira InteriorCon em 1989 e elogiava as antologias que organizei para a Ano-Luz e a Draco.  Paolo se definiu como palpiteiro-mor e consultor para assuntos aleatórios da Histórias Extraordinárias e falou um pouco sobre as estratégias presente e futura da publicação.

Em seguida, o papo derivou às histórias alternativas.  P.G. me instigou para que eu conceituasse esse subgênero.  Depois que o fiz, exemplifiquei com narrativas clássicas, como O Homem do Castelo Alto de Philip K. Dick[2] e Pátria Amada de Robert Harris[3], ambos dentro da temática das vitorias nazistas; falei um pouco sobre a preferência nacional norte-americana pelas Guerras de Secessão Alternativas; e citei duas das minhas linhas históricas alternativas: a Três Brasis, de Aventuras do Vampiro de Palmares (Draco, 2014) e Pax Paraguaya, de “A Ética da Traição” (1993).  Nosso anfitrião me indagou o que teria acontecido em termos de história mundial se o Brasil houvesse ingressado na Segunda Guerra Mundial ao lado dos EUA desde 1941.  Argumentei que, dada a simpatia de Getúlio Vargas pelos regimes do Eixo, seria implausível supor uma adesão à causa aliada no início do conflito, antes que a Marinha Alemã tivesse posto a pique dezenas de navios mercantes brasileiros, levando a opinião pública nacional a pressionar o governo para apoiar os Aliados.  No âmbito senão das vitórias nazistas, ao menos das Segundas Guerras Alternativas, Causo citou o romance brasileiro A Segunda Pátria (Intrínseca, 2015) de Miguel Sanches Neto.

Das histórias alternativas passamos às viagens retrotemporais.  Discorri sobre os diversos métodos propostos pelos ficcionistas para se regressar ao passado.  Pugno comentou que, tanto na literatura quanto nos filmes, viagens retrotemporais por vezes suscitam o advento de linhas históricas alternativas.  A plateia presente no chat manifestou-se, lembrando do filme Em Algum Lugar do Passado (1980), inspirado no romance Bid Time Return (1975), de Richard Matheson.  P.G. citou o curta-metragem (13 minutos) Barbosa (1988), com roteiro e direção de Ana Luiza Azevedo & Jorge Furtado – um belo exemplo de paradoxo temporal positivo de cunho futebolístico: sujeito atormentado pela derrota da seleção brasileira para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950 regressa ao passado para tentar evitar o segundo gol uruguaio.  Imagino que esse trauma antigo do Maracanazo tenha sido um bocado relativizado e recontextualizado após a derrota por 7 x 1 para Alemanha na famigerada semifinal da Copa do Mundo em 08 de julho de 2014.  Isto, para não falar de tragédias nacionais de verdade como, por exemplo, seiscentos mil mortos pela Covid-19, atribuídos sobretudo à  incúria genocida das autoridades das três esferas de governo, com ênfase às federais.[4]

Dentro do escopo das viagens temporais, Causo cita o clássico da FCB, Três Meses no Século 81 (1947)[5], de Jeronymo Monteiro, em que o protagonista viaja seis mil anos para o futuro através de forças mediúnicas, processo análogo ao que Causo empregou em seu próprio conto, “Salvador da Pátria”, publicado na antologia Phantastica Brasiliana (Ano-Luz, 2000).  Pugno falou um pouco e bem sobre narrativas literárias e cinematográficas com a temática de viagem no tempo.

Da temática das viagens temporais, passamos à questão da raça e do racismo nas narrativas de ficção científica.  Comentei que costumo empregar protagonistas negros em meus enredos (“A Ética da Traição”; as histórias ambientadas no universo ficcional Três Brasis etc.), mas não faço proselitismo da questão racial, até por recear que isso possa atrapalhar o bom andamento da trama.  Nesse ponto, lá do chat, Gílson cita a frase de Octavia Butler: “Se seus amigos perguntam por que você perde tempo com FC, não perca tempo com seus amigos”.  Em seguida, arrematou com a lembrança do filme White Man’s Burden (1995), lançado no Brasil sob o título de A Cor da Fúria, que mostra uns EUA alternativos onde brancos e negros têm seus papéis culturais e sociais invertidos.

Voltando à temática da ficção científica publicada no Brasil, P.G. nos estimulou a falar sobre o ABC da FC, os autores clássicos Isaac Asimov; Ray Bradbury; e Arthur C. Clarke.  Lembramos dos romances clássicos de Asimov: O Fim da Eternidade (1955)[6] e O Despertar dos Deuses (1972)[7]; Clarke: O Fim da Infância (1953)[8], A Cidade e as Estrelas (1956)[9] e Encontro com Rama (1973)[10]; e os fix-ups de Bradbury: Crônicas Marcianas (1946)[11] e Uma Sombra Passou por Aqui (1951)[12].

Não obstante essas citações meritórias, o tópico mais instigante dessa parte do bate-papo foi a rememoração do conto curto do Clarke em que o racismo é abordado de uma forma divertida e original: humanos alienígenas regressam à Terra após milênios de uma tentativa de colonização malograda, informando que já descobriram a cura para a doença que havia deformado parte da população da antiga colônia.  Esse é simplesmente meu conto favorito do Clarke.  Do chat, Maria Lúcia Racz indagou se lembrávamos o título desse conto.  Infelizmente, não logramos lembrar na ocasião.  Finda a live, após uma consulta breve ao meu bunker de dados, conferi que o conto curto em questão é o “Reunião”, publicado no Brasil na coletânea O Vento Solar (Globo, 1976).

Capa da Histórias Extraordinárias nº 2 inspirada no

Conto “Xenopsicólogos na Fase Crítica”.

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Na plateia reconheci vários amigos da ficção científica: nosso especialista em paradoxos temporais, Eduardo Torres; o atual presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, Luiz Felipe Vasques; os autores Flávio Medeiros Júnior e Gilson Luís da Cunha (sob o perfil de Café Neutrino).  Também compareceram os amigos de longuíssima data Nelson Nascimento, velho colega de turma dos tempos em que servi na Marinha do Brasil; e Hidemberg da Frota, que só encontrei pessoalmente uma vez, em Manaus em julho de 2013.  E alguns amigos novos, como Luiz Guilherme, do Banedy TV; e Jorge Quillfeldt, do Clube de Leitura Le Guin.

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Finda a live, respondi alguns zaps de amigos sobre o evento, com destaque para a troca de zaps e mensagens de voz com o Nascimento sobre ficção científica em geral e a temática das viagens temporais de caráter mediúnico em particular.

Minha impressão final é que acabamos falando muito de ficção científica em geral, o que foi extremamente legal e estimulante, mas relativamente pouco sobre a proposta e o conteúdo da Histórias Extraordinárias.  Enfim, quem sabe, não fica para a próxima?

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 1º de setembro de 2021 (quarta-feira).

 


Participantes:

Cláudia Quevedo Lodi.

Eduardo Torres.

Flávio Medeiros Júnior.

Gerson Lodi-Ribeiro.

Gílson Luís Cunha (Café Neutrino).

Hidemberg Alves da Frota.

Jorge Quillfeldt.

Luiz Felipe Vasques (Clube de Leitores de Ficção Científica).

Luiz Guilherme (Banedy TV).

Maria-Lúcia Racz.

Nelson Nascimento.

Paola de Marco.

Paolo Fabrizio Pugno (Histórias Extraordinárias).

Paulo Gustavo Pereira (Jornal 140).

Roberto Sousa Causo.

 



[1].  Explanei as gêneses dos romances Estranhos no Paraíso e Octopusgarden.  Ambos surgiram como contos ou noveletas na década de 1980 e foram sendo paulatinamente ampliados.  A narrativa do conto “Octopusgarden” foi escrita originalmente para uma antologia de histórias inspiradas nas canções dos Beatles, organizada pelo subfandom carioca, mas que nunca decolou.

[2].  Nanorresenha extraída do bunker de dados: O Homem do Castelo Alto (1962) – Clássico da história alternativa na temática das vitórias nazistas.  Após a vitória das potências do Eixo na Segunda Guerra, a Costa Oeste dos EUA é ocupada pelos japoneses e a Costa Leste pelo III Reich.  Nesse cenário, um autor escreve um romance de história alternativa no qual os Aliados teriam vencido a Guerra (Não se trata da nossa linha histórica).  Esse romance deu origem à série homônima da Amazon Prime, que já está na quarta temporada.

[3].  Idem acima: Pátria Amada (1992) – Título original: Fatherland.  História Alternativa: os EUA não se envolvem na Segunda Guerra Mundial e possibilitam a vitória nazista no Teatro de Operações Ocidental.  A narrativa se passa em 1964, durante a semana de comemoração do 75º aniversário de Adolf Hitler.  Investigador da polícia criminal da SS descobre o cadáver de um membro importante do Partido e aos poucos desvenda um segredo que poderá comprometer os esforços de paz do Terceiro Reich com os EUA governados por Joseph Kennedy.  Trama excepcionalmente bem urdida. Um livro impossível de largar.  Esse romance deu origem ao filme da HBO, Nação do Medo (1994).

[4].  Dizem que os roteiristas de Barbosa teriam se baseado no livro Anatomia de uma Derrota (L&PM, 1986), do Paulo Perdigão.  Na verdade, eles se basearam no conto “O Dia em que o Brasil Perdeu a Copa”, publicado por Perdigão em dezembro de 1975 na revista Ele & Ela e republicado uma década mais tarde nas últimas páginas do seu Anatomia de uma Derrota.  O conto delineia o exato paradoxo temporal positivo posteriormente exibido no curta.

[5].  Três Meses no Século 81 – Edição da Plutão Livros (2019).  Romance curto (45 mil palavras) seminal na história da ficção científica brasileira.  Através dos poderes de um conselho de médiuns, a consciência de Campos é transladada de 1947 para o ano 8.000, onde ele se depara com uma civilização perfeita de humanos regidos pela ordem e pela lógica, mas desprovidos de amor, prazer e paixão.  Após um período de adaptação, Campos se alia a dissidentes dessa ordem estéril e, com o apoio de alienígenas marcianos, coordenam a sublevação contra o regime vigente, que culmina em guerra total.

[6].  O Fim da Eternidade – Através do monopólio das viagens no tempo, os Eternos controlam o destino das humanidades de todas as épocas e linhas históricas possíveis e imagináveis, produzindo estagnação social em todas as fases da história.

[7].  O Despertar dos Deuses Título original: The Gods Themselves.  Alienígenas trissexuados de universo paralelo estabelecem permuta de matérias-primas elementais com a humanidade. O problema é que a corda ameaça romper do lado mais fraco.  Asimov comprova que consegue escrever uma trama com personagens tridimensionais consistentes e verossímeis.

[8].  O Fim da Infância – Humanidade é “adotada” por espécie alienígena sábia e benevolente que pretende pacificá-la.  Os alienígenas, contudo, não revelam seus reais propósitos.  A edição de 2010, com tradução de Carlos Ângelo (Aleph) apresenta novo prefácio do autor, além do material extra: 1) conto “Anjo-da-Guarda” (1947), que deu origem ao romance; 2) capítulo 1 reescrito por Clarke em 1989.

[9].  A Cidade e as Estrelas – Obra-prima de Clarke.  Numa narrativa que se desenrola um bilhão de anos no futuro, protagonista residente na  última cidade terrestre enceta exploração do ambiente circundante e desvenda enigmas do passado remoto, época em que a humanidade conquistara as estrelas.

[10].  Encontro com Rama – Humanos do século XXII exploram interior de nave estelar alienígena gigantesca, tripulada por autômatos biológicos, recém-chegada ao Sistema Solar.

[11].  Crônicas Marcianas Obra prima da fantasia científica.  Através da conquista humana de Marte e da extinção dos nativos, numa série de contos interligados, o autor fala de temas sempre atuais para a sensibilidade e para a alma humanas, com uma veia lírico-poética inigualável.

[12].  Uma Sombra Passou por Aqui – Título original: The Illustrated Man.  Série de contos entrelaçados na epiderme de um homem tatuado misterioso.  Destaques para os contos seguintes: “A Cidade”; “Zero Hora”; “O Homem”; “A Estepe Africana”; “O Outro Pé”; e “Marionetes S.A.”.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

 

Mesa-Redonda

Solarpunk

na ALCIFF

 

202106112359P6 — 22.253 D.V.


“O solarpunk pode ser um sopro de ar fresco no meio dessa realidade literária pessimista.”

[André Soares Silva]

 

“Queremos mundos melhores, não perfeitos.”

[Maurício Bonham Almeida]

 

Participei esta noite de uma mesa-redonda patrocinada pela Associación de Literatura de Ciencia Ficción y Fantástica Chilena (ALCIFF), dentro do ciclo Charlas de Ecoespeculación 2021.  Nossa mesa-redonda, “Solarpunk desde el Amazonas”, foi veiculada pelo canal da entidade no YouTube, Transmissiones Alciffianas[1]:

https://www.youtube.com/watch?v=ZR0emVj30zw&t=499s .

O convite inicial para a concretização dessa segunda mesa me foi apresentado por Juan P. Cifuentes Palma, um dos diretores da ALCIFF.  Ele me pediu que, à medida do possível, eu estendesse tal convite à participação de outros autores brasileiros associados ao subgênero solarpunk.  Naturalmente, pensei nos outros autores que participaram da antologia Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável (Draco, 2012), que organizei quase uma década atrás.  Porque, até onde eu sei, de lá para cá, não se publicou muita coisa solarpunk no país.

Chamada da mesa-redonda.

Neste sentido, convidei Carlos Orsi (autor da noveleta “Soylent Green is People!”); Romeu Martins (conto “E Atenção: Notícia Urgente!”); Daniel Dutra (noveleta “Gary Johnson”); e André Soares Silva (noveleta “Xibalba Sonha com o Oeste”).

Romeu não pôde se engajar na mesa por questões de saúde familiar.  Carlos topou, mas acabou não podendo participar, porque sua esposa, Natalia Pasternak, foi convidada a depor hoje cedo na CPI do Senado que tenta apurar as responsabilidades decorrentes de ações e omissões no combate à pandemia Covid-19.  Daí, a escalação final da nossa mesa foi: André, Daniel e eu.  A moderação ficou a cargo dos sócios da ALCIFF Marcelo Novoa e Julio Maturana França, que também atuou como intérprete, traduzindo nossas falas do português para o castelhano.  Maturana é o responsável pelo canal do Facebook, Salto Cuántico: el late de ciéncia ficción.

Como de praxe, conectamo-nos vinte minutos antes do horário marcado (22h00 de Santiago; 23h00 pelo horário de Brasília), através do link do StreamYard que nos havia sido previamente enviado via e-mail, a fim de possibilitar os testes e ajustes habituais.  Aproveitamos essa ocasião para combinar a dinâmica da mesa-redonda com os dois moderadores.

Com duração de oitenta e um minutos, o evento foi também veiculado no canal que a ALCIFF mantém no Facebook:

https://www.facebook.com/events/122098329996556?acontext=%7B%22event_action_history%22%3A[%7B%22surface%22%3A%22group%22%7D]%7D .

*     *      *

 

Ao início dos trabalhos, Marcelo falou de sua admiração pela pujança da literatura fantástica brasileira.  Declarou que, longe de ser um mero subgênero da FC, o solarpunk também é um movimento cultural, ligado ao ativismo ecológico.  Em seguida nos provocou, colocando que as propostas do solarpunk seriam, na verdade, muito antigas, por se associarem às narrativas utópicas presentes na história e na literatura do Ocidente desde a Renascença.  Em minha resposta, destaquei a diferença entre as propostas do movimento cultural e aquelas do subgênero literário, pois esse, embora apresente narrativas em ambientes autossustentáveis, precisa lidar com conflitos e dilemas inerentes à condição humana.  Ou seja, narrativas otimistas, ma non troppo.  Ecotopia, sim.  Utopia, não.  Em sua resposta, Daniel afirmou que o solarpunk chegou para fazer um contraponto ao excesso de narrativas distópicas que se acumulou no imaginário literário e cinematográfico nas últimas décadas.  André concordou, colocando que o solarpunk é uma lufada de ar fresco no cenário distópico reinante na literatura fantástica atual e puxou o debate para a questão ecológica, afirmando que o ecoativismo é uma questão de sobrevivência para a humanidade do século XXI.

Após cada uma de nossas falas, Julio traduzia para o castelhano com proficiência e elegância.

Em seguida, Marcelo trouxe a discussão do solarpunk em geral para as nossas narrativas publicadas na antologia Solarpunk.

André falou de “Xibalba Sonha com o Oeste”, uma bela história alternativa com temática instigante e inovadora, ambientada numa linha histórica onde nossa civilização ocidental parece ausente.  Em plena Baía da Guanabara, ameríndios tecnologicamente avançados, mas dependentes da civilização chinesa (navegantes chineses teriam descoberto a América séculos atrás), exploram a energia dos relâmpagos atmosféricos.

Daniel falou de “Gary Johnson”, uma ficção científica de suspense, algo lovecraftiana e com sabor de história alternativa ou, pelo menos, de história oculta, em que o padre inventor brasileiro Roberto Landell de Moura desenvolve uma máquina capaz de extrair energia vital dos seres humanos.

Em minha vez, delineei a trama da novela “Azul Cobalto e o Enigma”.  Ambientada na linha histórica alternativa dos Três Brasis, em que a República de Palmares não só sobrevive como nação independente como se torna a maior potência da Terra no século XXI.  A narrativa aborda o conflito entre o operativo brasileiro Azul Cobalto, trajado com uma superarmadura que o transforma de Homem-de-Ferro tropical, e Enigma, o agente secreto imortal que atua há séculos em prol dos interesses de Palmares em vários pontos dos Brasis, do mundo e agora, do Sistema Solar.  A ação se desenrola num presente de cunho futurista, pois a ciência e a tecnologia se desenvolveram mais rápido nessa linha histórica.

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Ao longo dessa mesa, questões pertinentes levantadas por nossa plateia virtual pipocaram em nossas telas.  Infelizmente, não houve oportunidade e tempo hábil para discuti-las amiúde.  No entanto, Marcelo releu algumas delas para nós.

Um comentário que me chamou particularmente a atenção foi o de Maurício Bonham Almeida: “Hoje vejo mais do que necessário histórias utópicas, nosso momento é muito distópico.  Queremos mundos melhores, não perfeitos.”

Claudia Readi dedilhou a mesma tecla: “¡Que necesario es mirar el futuro de manera positiva!  Sospecho que seré adicta a ese tipo de lecturas.  De distopias tuve suficiente.😊

A mesma Claudia indagou sobre autores e obras no subgênero solarpunk.  Respondi que, embora nossa antologia seja considerada o marco zero literário do movimento cultural solarpunk, muito pouco se publicou em português no subgênero desde então.  Falei das outras antologias temáticas solarpunk publicadas pela World Weaver Press, editora responsável pela publicação da edição norte-americana da Solarpunk (2018).  Citei ainda a antologia de FC climática Everything Change: An Anthology of Climate Fiction (2016), publicada sob os auspícios da Arizona State University Press, mas falhei em lembrar o título de uma outra, bem mais interessante: Loosed upon the World: The Saga Anthology of Climate Fiction (2015), organizada por John Joseph Adams, com contos de Robert Silverberg; Nancy Kress; Kim Stanley Robinson; Gregory Benford; Margaret Atwood; Alan Dean Foster; Paolo Bacigalupi; Karl Schroeder; Jean-Louis Trudel; Charlie Jane Anders e outras feras da FC anglo-saxã.  Em minha defesa, termos de Cli-Fi, ao menos me lembrei de citar o romance New York 2140 (2017), do Kim Stanley Robinson.  Enfatizei que não há muita coisa em português dentro do subgênero e, tanto quanto eu sei, tampouco em castelhano.

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Em conclusão, Marcelo pediu que falássemos um pouco de nosso engajamento pessoal com as propostas do movimento cultural solarpunk.  Em termos gerais, confessamos nossa falta de um envolvimento maior com o ativismo ecológico.  Declarei que me limito a pequenas atitudes individuais, como votar em candidatos comprometidos com a defesa do meio ambiente; adotar a coleta de lixo seletiva; usar quase que exclusivamente transporte público; procurar me locomover a pé; e, à medida do possível, não desperdiçar energia e evitar comer carne, sobretudo bovina.  Por fim, confessei que nossa filha caçula Ursulla é bem mais engajada com a preservação da biosfera terrestre do que eu.

Em suma, uma mesa-redonda divertida e estimulante, onde pudemos divulgar um pouco da ficção científica brasileira, do solarpunk como movimento cultural e subgênero da literatura fantástica, e dos nossos trabalhos.

Torço para que essas iniciativas da ALCIFF tenham prosseguimento.  Pois elas parecem prenunciar o advento de uma literatura fantástica genuinamente pan-americana.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 11 de junho de 2021 (sexta-feira).

 


Participantes:

A. D. Luca.

André Soares Silva (participante).

Claudia Readi.

Cristóbal Villegas de la Cuadra.

Daisy Lodi Ribeiro.

Daniel I. Dutra (participante).

Eduardo Massami Kasse.

Felipe Tapia.

Gerson Lodi-Ribeiro (participante).

Juan P. Cifuentes Palma (organizador).

Julio Maturana França (moderador).

Luiz Felipe Vasques (Clube de Leitores de Ficção Científica).

Marcelo Novoa (moderador).

Maurício Bonham Almeida.

Vilker Martins.

 



[1].  Participei de uma outra mesa da ALCIFF nesse mesmo canal coisa de três semanas atrás, Latinoamerica Editada, sobre as perspectivas passadas e presentes da publicação de literatura fantástica na América Latina.  Esse evento anterior se desenrolou em três sessões semanais com três editores de países distintos em cada sessão.  Minha participação se deu na terceira e última sessão, como (Ano-Luz, Brasil), em companhia de Monica Marchesky (MMEdiciones, Uruguai) e Iván Prado (Supernova, Bolívia).  A moderação esteve a cargo dos autores chilenos Cristóbal Villegas de la Cuadra e Leonardo Espinoza Benavides, através dos quais eu tomei conhecimento da existência dessa entidade chilena.  Falei um pouco da situação atual do mercado editorial brasileiro no que tange a publicação de literatura fantástica e da minha experiência pessoal como sócio da editora Ano-Luz.