domingo, 25 de março de 2012

Essas mulheres e sua literatura fantástica


201203202359O3


“A mente masculina é um universo fantástico para nós.”
[Eliane Raye]


Saí do trabalho mais cedo hoje à tarde para assistir a estreia das sessões de bate-papo planejadas pela minha amiga Ana Cristina Rodrigues sob os auspícios da Biblioteca Nacional, no espaço cultural propiciado pela Casa da Leitura de Laranjeiras.

Ana Cris pretende abrir um espaço para a literatura fantástica, organizando vários eventos nos moldes desse primeiro bate-papo, que ocorreu no Auditório Clarice Lispector da instituição.

Esse primeiro bate-papo, “Essas Mulheres e sua Literatura Fantástica” foi mediado pela própria Ana Cris, contando com a participação das autoras Eliane Raye e Flávia Côrtes.

*     *      *

Eliane Raye, Ana Cristina Rodrigues e Flávia Côrtes.


O bate-papo reuniu cerca de quarenta pessoas no auditório, sendo que mais ou menos metade desse número era constituído por alunos de uma escola pública levados ao evento por professores interessados em estimular o hábito da leitura.

A mediadora apresentou primeiro Eliane Raye como uma das poucas escritoras brasileiras de ficção científica com romances publicados.  Eliane falou-nos então de seu último romance, O Portal (Vermelho Marinho, 2010), uma trama de suspense e viagens no tempo com protagonista norte-americana, mas ambientada no Brasil.



Em seguida, Ana apresentou Flávia Côrtes, uma autora de literatura infantil que começa a se aventurar na fantasia.  Flávia falou de seu romance, Senhora das Névoas (Edelbra, 2011), em que uma jovem comum descobre que descende das fadas de Avalon e precisa decidir se prossegue com sua vida de humana normal ou abandona tudo para assumir sua herança feérica.



Ainda mais interessante do que os enredos dos romances descritos pelas duas autoras foram suas considerações sobre seus respectivos processos de criação literária e as motivações que as levaram a se dedicar à escrita de ficção especulativa.  Ao longo do bate-papo, a plateia participou ativamente com comentários, perguntas e — em pelo menos uma ocasião — críticas, quando a mediadora citou en passant a baixa qualidade literária dos romances da série Crepúsculo da Stephenie Meyer.

Ao serem questionadas sobre o emprego de protagonistas femininas, Eliane e Flávia se saíram com respostas distintas.  Flávia explicou que já escreveu trabalhos com protagonistas masculino.  Eliane explicou que se sente mais à vontade trabalhando com protagonistas femininas, pela maior facilidade em estabelecer um arcabouço psicológico consistente para o personagem.  Confessou julgar o universo da mente masculina é um mistério e brincou, afirmando que o funcionamento da mente masculina é um universo fantástico para as mulheres.

Conquanto animado, o evento teve que ser encerrado por volta das 18:30h, imagino que em virtude do horário de funcionamento da instituição, pois a impressão foi que autoras e plateia ainda tinham assunto, questões e entusiasmo para várias horas de bate-papo.

Autoras e Mediadora.


Após o término do bate-papo em si, Ana Cris sorteou exemplares dos romances das duas autoras e também de sua coletânea de contos de fantasia, AnaCrônicas (Gráfica A1, 2009).

Bati algumas fotos das autoras, conversei brevemente com Flávia, que ainda não conhecia, embora ela tenha comparecido na última ou penúltima Fantasticon, e também com Lucas Rocha, adiantando-lhe meus comentários sobre sua noveleta “A Verdade sobre Raio Vermelho — Uma Biografia”, submetida à antologia Super-Heróis, que estou organizando com Luiz Felipe Vasques para a editora Draco.

Findo o evento, cumpre torcer para que esse bate-papo tenha sido apenas o primeiro de muitos organizados pela Casa da Leitura de Laranjeiras versando sobre literatura fantástica.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 20 de março de 2012 (terça-feira).


quarta-feira, 7 de março de 2012

Lançamento carioca da
Sherlock Holmes


201203012359O5 — 18.864 D.V.

Capa da antologia.


Após uma soirée na Escola Naval para assistir a stand-up comedy “Hiperativo” com Paulo Gustavo, sob os auspícios da Sociedade Fênix Naval, saímos da Ilha de Villegagnon rumo à Praia de Botafogo para o lançamento carioca da antologia Sherlock Holmes — Aventuras Secretas (Draco, 2012) na Blooks, no Espaço Itaú-Unibanco Artplex.  A antologia foi organizada por Carlos Orsi Martinho e Marcelo Galvão.  Presentes à mesa de autógrafos, os autores Octavio Aragão (“A Aventura do Americano Audaz”) e Alexandre Mandarino (“A Aventura do Penhasco dos Suicidas”).

*     *      *



Por causa do compromisso anterior, só chegamos à Blooks às 20:30h.  Além dos dois participantes citados, o lançamento contou com a presença de alguns membros eméritos da  comunidade carioca de literatura fantástica, tais como: Bráulio Tavares, Max Mallmann, Ana Cristina Rodrigues, Rafael Monteiro, Luiz Felipe Vasques, Daniel Ribas, Josué de Oliveira e Lucas Rocha.

Octavio Aragão e Alexandre Mandarino.


Aproveitei a presença do Luiz Felipe para conversar um pouco sobre a Super-Heróis, antologia que estamos organizando a quatro mãos e cuja deadline se dará no próximo dia 31.  Externamos nossas preocupações comuns quanto à baixa qualidade literária da maior parte das submissões recebidas.  Infelizmente, por questões de confidencialidade, não pudemos detalhar nossa discussão.  Fica para outra ocasião, mais reservada.


Bráulio Tavares e Luiz Felipe Vasques.


Num bate-papo com Daniel Ribas e Bráulio Tavares, inteirei-me das recentes atividades editoriais de ambos.  Daniel tornou-se antologista e editor, já tendo lançado uma antologia de contos eróticos (mainstream e não fantásticos).  Como sua editora possui uma livraria aqui no Rio, declarou-se interessado em vender algumas antologias da Draco, como a recém-lançada Sherlock Holmes e as duas Eróticas Fantásticas.  Mais do que rapidamente, passei-lhe o e-mail do Erick Sama, publisher da Draco.  Bráulio contou-nos sobre seus trabalhos recentes de tradução de clássicos da literatura fantástica, dentre os quais A Ilha do Doutor Moreau, de H.G. Wells.

Ao contrário do que ocorreu nos dois lançamentos anteriores da Draco aqui no Rio — Guardiã da Memória e Dieselpunk — desta feita a remessa de livros (trinta exemplares) foi suficiente para atender a demanda, fato que ensejou uma comemoração discreta entre os draconianos presentes.

Depois de fazer forfeit no aniversário de Ana Cris no sábado anterior —evento que muito batalhou para fomentar — Lucas Rocha compareceu lépido, fagueiro e vivo(!) ao lançamento da Sherlock Holmes, já plenamente recobrado dos suplícios inconcebíveis aos quais foi submetido por sua chefa implacável.

Mandarino, Rafael Monteiro e Ana Cris.


À mesa de autógrafos, Octavio Aragão teceu comentários à crítica detalhista e algo acerba da antologia recém-lançada posta por Antonio Luiz da Costa em seu blog, associado à CartaCapital.  Vale a pena conferir aqui:


Como de praxe, Antonio destrincha cada um dos oito contos, com direito a spoilers suprimidos e trechos, em tese representativos, desses trabalhos.

GL-R, Max Mallmann e Octavio Aragão.

Por falar em aproveitamento do personagem Sherlock Holmes por outros autores que não Arthur Conan Doyle, além do já clássico Arsène Lupin contra Herlock Sholmes, do Maurice Leblanc, cuja edição brasileira ainda se encontra disponível nos sebos virtuais da vida, lembrei do Athelstan Helms, personagem do Harry Turtledove, protagonista da novela “The Scarlet Band”, um dos trabalhos do universo ficcional dos Estados Unidos de Atlântida presentes na coletânea do autor, Atlantis and Other Places (Roc Books, 2010).  Seria interessante saber o que Antonio Luiz teria a dizer da inserção desse alter ego holmesiano numa linha histórica natural alternativa tão heterodoxa...

Atlântida de Harry Turtledove.

Como muitos dos fãs presentes ao lançamento, aproveitei o ensejo para namorar (platonicamente) diversas obras de literatura fantástica no belo acervo mantido nas prateleiras e estandes da Blooks, com ênfase à bonita capa da nova edição de A Ilha do Doutor Moreau, com tradução do Bráulio e à edição brasileira do quarto romance da saga As Crônicas de Gelo e Fogo, do George R.R. Martin.  Ao contrário do que ouvira nas listas de discussão da vida, O Festim dos Corvos saiu num único tomo e declarando que o tradutor é o autor português Jorge Candeias.  Aliás, esta última questão suscitou um breve debate entre fãs presentes sobre o pretenso protesto de tradutores brasileiros quanto a “importação” de uma tradução do outro lado do Atlântico...  Da minha parte, confirmei com o Candeias meses atrás que ele está auferindo dividendos da transposição de suas traduções dos romances dessa saga para o mercado editorial brasileiro.

Enfim, mais um lançamento carioca bem-sucedido, sem fãs insatisfeitos chupando os dedos desta vez.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 1º de março de 2012 (quinta-feira).




Participantes:

Alexandre Mandarino
       Ana Cristina Rodrigues
       Bráulio Tavares
       Cláudia Quevedo Lodi
       Daniel Ribas
       Gerson Lodi-Ribeiro
       Josué de Oliveira
       Lucas Rocha
       Luiz Felipe Vasques
       Max Mallmann
       Octavio Aragão
       Rafael “Lupo” Monteiro     

segunda-feira, 5 de março de 2012

Aniversário da Ana Cris 2012



201202290950O4 — 18.863 D.V.



                “Comparar Martin com Tolkien já perdeu a razão de ser. A partir de agora a comparação mais sensata é com a obra de William Shakespeare.”  [Faren Miller]



Nesse último sábado nos reunimos mais uma vez no Estação Gourmet, desta feita para comemorar o aniversário de Ana Cristina Rodrigues, no primeiro evento de 2012 e também a primeira reunião após a cirurgia de redução bem-sucedida da aniversariante.  Curiosamente, Lucas Rocha, um dos principais incentivadores dessa comemoração, fez forfeit.  A homenageada informou que promoverá represálias.J

*     *      *



Além dos integrantes habitués dos eventos e noitadas da ficção científica carioca, desta vez contamos com a presença do casal Raphael Draccon & Carolina Munhoz.

Raphael Draccon & Carolina Munhoz.


O principal assunto da noite, pelo menos em nossa seção da mesa, foi a seleção de contos e noveletas para a Erótica Fantástica ou, melhor dizendo, para as Eróticas Fantásticas, uma vez que, em virtude da qualidade elevada e da quantidade absurda de submissões, a Editora Draco decidiu lançar em caráter excepcional duas antologias eróticas neste ano.  Procurei distribuir entre os dois volumes, um número igual de autores (10) e autoras (6); brasileiros (13) e portugueses (3); contos hardcore (8) e softcore (8), no que se pese que, neste último quesito, a opinião final ficará a cargo dos leitores.  De todo modo, logramos reunir um timaço de feras, dentre os quais destaco Carlos Orsi Martinho, Jorge Candeias, Antonio Luiz da Costa, Cirilo Lemos e Marcelo Galvão.  Entre as moçoilas, Camila Fernandes, Adriana Simon, Ana Cristina Rodrigues, Valentina Silva Ferreira e Georgette Silen.  Isto para não falar de um punhado de novos valores que, suspeito, ainda darão o que falar.

Falando sobre submissões e análises de ficção curta com Ana Cristina e Tomaz Adour, confessei certa exaustão com a maratona de tentar organizar três antologias fantásticas ao mesmo tempo.  Por seu lado, os dois reclamaram da recepção de originais cujos autores não possuem o domínio da norma culta da língua.  Ana relatou casos de autores que não gostam de ler, mas pretendem escrever...  É difícil.  Nós três declaramos nosso repúdio e ojeriza a diálogos grafados entre aspas e sem o emprego de travessão, como se se tratasse de um texto em inglês.  Isto para não falar as inversões do binômio {substantivo} + {adjetivo}, gerando monstruosidades do tipo “grande e forte homem” ou “incondicional rendição”.

Ana se recuperou bem da cirurgia de redução de estômago e já perdeu quinze quilogramas.  Segundo ela, apenas o início do processo de retorno ao peso normal.

GL-R, Estevão Ribeiro, Ana Cris e Tomaz Adour.


Conversei um bocado com Raphael Draccon sobre nosso amigo comum Fábio Barreto, atualmente radicado na Califórnia.  Além de atuar como jornalista freelancer, Fábio está cursando cinema por lá e já possui um curta-metragem de sucesso a seu crédito.  Ademais, trabalha na conclusão de um romance pós-apocalíptico, cujo título provisório é Filhos do Fim do Mundo.  Raphael e Carolina estiveram com o Fábio em sua tour recente na Costa Oeste dos E.U.A.

Conversei animadamente com Jorge Pereira, Max Mallmann e Ana Cris sobre os enredos e os personagens do universo ficcional da Canção de Gelo e Fogo, do George R.R. Martin.  O problema de discutir essas questões de Game of Thrones numa mesa de bar é que cada participante do bate-papo leu um número diferente de romances e alguns até agora se limitaram a assistir a primeira temporada no HBO, correspondente ao primeiro romance da multissaga.  De qualquer modo, quanto mais me aprofundo nesse universo do Martin (estou no meio de O Festim dos Corvos, quarto da série), mais me convenço de que essa saga é em tudo superior à trilogia O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.  Felizmente, já adquiri a edição norte-americana de A Dance with Dragons, quinto romance da saga.  A tristeza será quando eu concluir a leitura desse quinto romance, uma vez que o autor só deverá entregar o sexto por volta de 2014 ou 2015...

Galera reunida.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 2012 (quarta-feira bissexta).




Participantes:

Ana Cristina Rodrigues
       Carolina Munhoz
       Cláudia Quevedo Lodi
       Estevão Ribeiro
       Gerson Lodi-Ribeiro
       Jorge Pereira
       Max Mallmann
       Raphael Draccon
       Tomaz Adour