quarta-feira, 9 de outubro de 2019


#Educa da MultiRio
Especial de Ficção Científica


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“A ficção científica é o gênero literário, mas não só, em que a narrativa não consegue se sustentar sem elementos de extrapolação científica e/ou tecnológica.”



Estive hoje nos estúdios da MultiRio, canal de televisão da Prefeitura do Rio de Janeiro, para uma transmissão ao vivo do programa #Educa sobre a ficção científica como estímulo à aprendizagem de ciência, sobretudo entre os jovens.

Segundo a apresentadora Flávia Lobo e a diretora do programa, Alessandra Sauberman, o público-alvo do #Educa é constituído por professores e alunos.  Temática e plateia até certo ponto semelhantes àquelas das mesas-redondas de que participei na FIOCRUZ em 2004 e 2015.  Só que desta vez seria televisionado ao vivo e disponibilizado, também ao vivo, no canal da MultiRio no Facebook.  Dentro em breve também será colocado no YouTube.

A MultiRio se situa no Largo dos Leões Nº 15, no Humaitá.  Lembro de já ter estado uma vez na emissora uns dez ou quinze anos atrás para gravar um programa sobre ficção científica em companhia do Max Mallmann, mas creio que não registrei crônica a respeito.

O programa foi mediado pela Flávia.  Os convidados foram meu amigo de longa data, o astrônomo do Planetário do Rio de Janeiro, Naelton de Araújo e eu.

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GL-R na entrada do estúdio da Multi-Rio para o #Educa.




Para garantir que chegaria no horário combinado, após me arrumar sem estresse, tomei um táxi daqui de casa até o Humaitá.  Viagem rápida e tranquila.

Uma vez no prédio da MultiRio, identifiquei-me na portaria, retirei o crachá de visitante e subi de elevador até o playground, que é onde os estúdios da emissora se situam.

Assim que saltei na MultiRio, fui mandado direto à sala de maquiagem para passar aquele produto que retira o brilho do rosto.  Walter, o profissional que me atendeu, trabalhou de forma rápida e segura.  Além disso, ainda tirou uma foto minha com meu celular junto ao logo do #Educa.

Pouco depois apareceu Fernanda Celleghim, nosso contato junto à MultiRio, que eu já mais ou menos conhecia desde maio último por troca de e-mails e mensagens de WhatsApp.  Pois a emissora, Naelton e eu já estávamos tentando marcar essa participação desde cinco meses atrás.  Enfim, pude conhecer a Fernanda pessoalmente.

Ela me passou o termo de cessão de direitos de imagem para que eu assinasse.  Em seguida, mostrei os livros que eu havia trazido para exibir no programa, se tal fosse possível.  No meio da conversa, de repente nos tocamos que nós dois somos servidores públicos da Prefeitura, aliás, assim como o Naelton, porque o Planetário é uma fundação municipal.  Pouco depois, Fernanda me apresentou à diretora Alessandra e à apresentadora Flávia Lobo.

Naelton chegou minutos mais tarde e foi logo conduzido à sala de maquiagem.  Depois que ele saiu de lá, eu, ele e a Fernanda ficamos conversando enquanto aguardávamos a hora de entrar no estúdio de onde o programa seria transmitido.  O tema principal desse bate-papo foi nossas experiências e dissabores como servidores públicos da Prefeitura.

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Quinze ou vinte minutos mais tarde, fomos para o estúdio e um técnico nos colocou os microfones sem fio com seus respectivos transmissores presos às nossas calças.

Flávia repassou a pauta básica do programa conosco e nos orientou quanto às câmeras, a duração e o andamento da transmissão.  Frisou que a pauta era apenas para nos guiar e que poderíamos sair um pouco do roteiro, se o rumo do bate-papo se mostrasse interessante.

Quando Fernanda nos passou o link da transmissão ao vivo pelo Facebook, reativei brevemente o celular que desligara pouco antes, a fim de retransmiti-lo a uns poucos grupos de WhatsApp.

Daí ela, Naelton e eu começamos a conversar sobre ficção científica em geral e seu emprego para estimular as crianças e jovens a se interessarem por ciência.  Falamos de literatura, cinema, jogos e quadrinhos de ficção científica, comentando até O Poço do Visconde, clássico infantojuvenil de Monteiro Lobato.

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De repente, a hora chegou e, de um instante para outro, Flávia se voltou para a câmera dela e, num tom de voz animado, mais profissional e menos coloquial do que o empregado até aquele instante, enunciou a fala de abertura do programa.  Então, apresentou-nos aos telespectadores.  Começamos nossa participação pelo começo, ou seja, pelas próprias definições da ficção científica como gênero.  Falamos um pouco da função didática gernsbackiana da FC, contrabalançada pela função de entretenimento.  Também falamos da tendência verniana de encarar o gênero como literatura de antecipação, em oposição à postura dos autores mais recentes, que se mostram menos preocupados com a previsão ou antecipação do que com a prevenção, no caso, prevenir contra a eventualidade de cenários distópicos.

Daí, instigados pela Flávia, discorremos sobre os temas principais da ficção científica, tais como as viagens espaciais, viagens temporais, vida extraterrestre, alienígenas, terrígenas, robôs e inteligências artificiais.

Também falamos sobre a necessidade da ficção científica de trabalhar com questões extraordinárias, no sentido de sair do ordinário, bem como da facilidade do gênero em abordar temas delicados e sensíveis, sem apelar para o proselitismo ou o sentimentalismo.  Citei o exemplo clássico do beijo interracial entre Kirk e Uhura na Série Clássica da Jornada nas Estrelas e do emprego do conceito de especismo (discriminação de alienígenas) com crítica ao racismo.

Delineamos trechos dos enredos dos romances Vinte Mil Léguas Submarinas do Jules Verne; A Máquina do Tempo do H.G. Wells; e Contato do Carl Sagan.

Flávia me pediu para falar um pouco dos meus livros.  Daqueles que eu levei, ela e a Alessandra haviam selecionado previamente, o romance de história alternativa Xochiquetzal: uma Princesa Asteca entre os Incas (Draco, 2009); o romance de ficção científica Octopusgarden (Draco, 2017); e a coletânea Histórias de Ficção Científica por Carla Cristina Pereira (Draco, 2012).  Ao discorrer sobre Xochiquetzal, aproveitei para introduzir o conceito de história alternativa como subgênero da FC.  Sobre Octopusgarden, enfatizei que se tratava de uma narrativa de golfinhos inteligentes tentando impor suas vontades aos criadores humanos.  Ao falar da coletânea, abordei a questão dos pseudônimos e das premiações conquistadas por Carla, que acabaram culminando na decretação de sua morte, a fim de possibilitar a inclusão daqueles prêmios ao meu currículo.

Na parte em que falamos de ciência na educação infantojuvenil em geral, apoiados pelo material coligido pela produção, falamos sobre O Poço do Visconde e Reinações de Narizinho, ambos de Monteiro Lobato; Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, ambos de Lewis Carroll; a saga de Harry Potter da J.K. Rowling; as Crônicas de Nárnia do C.S. Lewis; e até mesmo a serie alemã Perry Rhodan, já publicada no Brasil.  Baseado em sua experiência com o público infantil que visita o Planetário, Naelton citou algumas dificuldades, como, por exemplo, a das crianças abrangerem o conceito de planeta.  A partir do papo de antes da transmissão, Flávia pediu que eu repetisse uma dúvida que tive com a rocha diábase quando li O Poço do Visconde.  Naelton enfatizou a importância de Harry Potter para despertar o hábito da leitura nas novas gerações.

Apresentei brevemente a gênese da ficção científica segundo o evangelho de Brian W. Aldiss, assim como expresso em nossa bíblia sagrada, Trillion-Year Spree: The History of Science Fiction.  A tese de São Aldiss é que a FC é fruto de um ménage entre uma mãe, Mary Shelley, célebre autora de Frankenstein, e dois pais, Jules Verne e H.G. Wells, com a dificuldade de que os dois pais não se davam bem e, sobretudo, possuíam visões muito distintas de o que é a ficção científica e para o que ela serve.

Como aconteceu em certames passados dos quais participamos juntos, rolou uma química positiva e eficaz entre eu e Naelton.  Em várias ocasiões, um complementava a fala do outro, ou pegava uma tirada do outro no ar, como um bate-bola bem ensaiado.

Porém, como tudo o que é bom termina cedo, após ínfimos trinta e dois minutos do início do programa, o #Educa acabou.

Alessandra, Flávia, Naelton, GL-R, Fernanda.



Fora do estúdio, continuamos conversando por quase uma hora.  Aproveitei o ensejo para presentear alguns aficionados da MultiRio com exemplares autografados dos meus livros.  Se não me engano, foi um A Guardiã da Memória (Draco, 2011) para a Flávia; um Xochiquetzal e uma coletânea da Carla para a Fernanda; um Estranhos no Paraíso (Draco, 2015) para a Alessandra; e um Octopusgarden para o Pedro.  Já para o Naelton, dei um exemplar do Aventuras do Vampiro de Palmares (Draco, 2014).  Atendendo aos pedidos, falei um pouco sobre a gênese do Octopusgarden e as malevolências sexuais dos golfinhos; e revelei a ideia seminal que me inspirou a escrever A Guardiã da Memória.

Enfim, Naelton precisou partir às pressas de táxi rumo ao Planetário e daí eu desci até o Largo dos Leões, onde tomei um 583 para casa.


Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 08 de outubro de 2019 (terça-feira).




Participantes:

Alessandra Sauberman.

Fernanda Celleghim.

Flávia Lobo Antunes.

Gerson Lodi-Ribeiro.

Naelton Mendes de Araújo.

Pedro Azevedo.

Walter do Valle.






Um comentário:

  1. Caro Gerson Lodi,

    O vídeo já foi disponibilizado:

    http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/assista/tv/15250-literatura-de-fic%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica

    Parabéns pela participação no programa.

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