segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Bienal do Livro 2015:
Draco na Bienal
Dia 02 — 20.146 D.V.

“Ir à Bienal do Riocentro de ônibus com a cidade deflagrada por uma série de obras intermináveis não é uma experiência para os fracos.”
[Movimento Bienal 2015: Eu Sobrevivi]

Após minha última jornada de trabalho na SMF antes da semana de férias que resolvi tirar para aproveitar melhor a Bienal do Livro 2015, iniciei meu périplo urbano para chegar ao Riocentro.
Às 13h10 embarcava na linha um do metrô rumo à estação Botafogo.  Saltei nessa estação às 13h35 e caminhei até as cercanias do shopping Rio-Sul, onde tomaria o ônibus da linha 332, Rio-Sul-Projac (via Riocentro).  Aguardei o ônibus de 13h50 às 14h20, mas quando passou, ele estava praticamente vazio, pois estava perto de seu ponto final.  Ar-condicionado até mais eficiente do que o necessário.  Leitura de bordo: romance fix-up E de Extermínio (Draco, 2015), de Cirilo S. Lemos.
O ônibus segue pela orla.  Começa pela Avenida Atlântica, corta pela Rainha Elizabeth, segue pelas Avenidas Vieira Souto e Delfim Moreira, então vira na Bartolomeu Mitre, por onde segue até a Praça Santos Dumont e dali pega a Estrada Lagoa-Barra.  Essa foi a parte fácil da viagem.  Quando entramos no túnel Dois Irmãos eram 15h00.
As retenções e engarrafamentos começaram já em São Conrado, em frente à favela da Rocinha.  A coisa piorou no elevado do Joá e recrudesceu ainda mais no início da Barra, por conta das obras da estação do metrô deflagradas no local.  Dali seguimos outra vez pela orla, Avenida Lúcio Costa, sempre sob um trânsito pesadíssimo.  Contudo, o apocalipse mesmo foi quando o ônibus retornou à Avenida das Américas na altura do BarraShopping por volta das 16h00.  Trânsito inteiramente congestionado: nada andava ou desandava.  Ficamos praticamente parados ali por uma boa meia hora.  As páginas do E de Extermínio voavam.  Ingressei na quarta e última parte do romance e já temia ficar sem material de leitura antes do fim da viagem-maratona.  Em vez de seguir logo rumo ao Recreio e ao Riocentro, o ônibus guinou à direita na Ayrton Senna e prosseguiu até o shopping Via Park, antes de assumir o retorno e, aí então, entrar no curso mais ou menos correto em direção à sede da bienal literária carioca.
Se o engarrafamento em torno do BarraShopping constituiu um Apocalypse Now, a paralisia total ao redor do Riocentro em si, quando o ônibus mergulhou em pleno canteiro de obras das Olimpíadas Rio 2016, só pode ser referida como o Armageddon do trânsito carioca.  Àquela altura, 17h10, após quase três horas de viagem, os passageiros que haviam embarcado comigo próximo ao Rio-Sul já se mostravam algo indóceis, reclamando uns com os outros, fazendo uso maciço de celulares para explicar o motivo de seus atrasos e pedindo que o motorista parasse para que empreendessem o fim do percurso a pé mesmo.
Enfim, às 17h20, desembarquei no portão principal do Riocentro e caminhei sob uma chuva fina pelo estacionamento do centro de convenções, até os três pavilhões (2, 3 e 4) que constituem a maior feira do livro da cidade.  Ingressei no Riocentro pelo pavilhão 2 (Laranja), onde concluí meu credenciamento como autor que já iniciara pela internet dias antes.  Dali segui batido, cruzado os pavilhões 2 e 3 (Azul), até o pavilhão 3 (Verde), dirigindo-me até a rua O, estande 10-a, sede da Editora Draco na Bienal 2015.  Pronto.  Finalmente chegara aonde pretendia ir.

*     *      *

Meu amigo e editor, Erick “Sama” Santos Cardoso e sua mãe Isilda estavam no estande, junto com o autor e antologista Luiz Felipe Vasques e mais pilhas e caixas com centenas e centenas de livros.  Foi uma caminhada e tanto da Draco até a Bienal 2015.  Inaugurada há seis anos, a editora possui hoje coisa de cem títulos impressos em seu catálogo e mais de 450 títulos sob a forma de e-books.  Um feito e tanto, do qual eu participo como autor desde o início, pois meu Xochiquetzal: uma Princesa Asteca entre os Incas foi o primeiro romance lançado pela editora em fins de 2009.  Hoje esse livro já está em sua segunda edição, com um mapa e um glossário adicional e vendendo bem, obrigado.J
Após a viagem exaustiva, minha estada de cerca de quatro horas na Bienal foi só festa.
Antes de mais nada, fiz questão de tomar em mãos um exemplar de meu novo romance, Estranhos no Paraíso (Draco, 2015), para confirmar a existência concreta através do tato dessa cria que será lançada amanhã às 15h00 no estande da Draco.  Deleitei-me com o acabamento primoroso com o qual já estou plenamente acostumado, afinal, este é meu quinto livro solo publicado pela Draco[1], sem contar as cinco antologias que organizei ou coorganizei para a editora.[2]
Após uma sessão de fotos com minha cria caçula, pude enfim seguir com Felipe até a praça de alimentação do pavilhão, onde fiz a primeira refeição desde o desjejum frugal às seis da matina.  Quibe, pastel de calabresa e um caldo de cana.  O quibe definitivamente não caiu muito bem.  De volta ao estande da Draco, pudemos conversar melhor com o Erick e com sua mãe, Isilda Moraes, que veio ao Rio para dar uma força ao filho.
Encontramos com os amigos Gabriel Guimarães, que também lança seu romance, Projeto Platão na Bienal, e Dino Freitas, com quem eu e Felipe papeamos um bocado sobre os mais diversos projetos de linhas históricas alternativas.  Aproveitei o ensejo para incentivar Dino a pôr a mão na massa e começar a escrever um dos projetos que ele já delineou há tempos.
Passamos pelo estande da Aquário Editorial, onde batemos um papo rápido com o amigo Estevão Ribeiro.  O casal Ana Cristina Rodrigues & Estevão Ribeiro também fazem seu debut como publishers na Bienal.  O estande da Aquário se situa numa rua paralela a uma quadra de distância por assim dizer do O 10a da Draco, ou seja, as duas editoras são praticamente vizinhas.
Há muito tempo que eu só comparecia à Bienal do Rio em fins de semana e fiquei surpreso com o quão pouco movimentados (em termos relativos, é lógico) ficam os pavilhões nas noites dos dias de semana.
Uma emoção especial foi autografar meu primeiro livro numa Bienal.  No caso, um exemplar do romance A Guardiã da Memória.  Evento épico, pelo menos para mim, fartamente documentado pelo Erick Sama.
Quando a questão das publicações de e-books de não ficção pela Draco veio à tona, aproveitei a oportunidade para falar do projeto de um estudo sobre história alternativa que venho acalentando há meses.  Erick deu sinal verde para a ideia.  Após esta maratona da Bienal, abordarei o assunto outra vez com mais calma.
Enfim, após muitos bate-papos, troca de informações e algumas vendas, saímos do Pavilhão Verde às 21h15 e tomamos um táxi de volta para a casa às 21h30.  A viagem foi surpreendente rápida e tranquila.  Cinquenta minutos e quase cem reais mais tarde, após deixar o Felipe na orla do Leblon, chegava em casa às 22h20.  Um périplo e tanto para meu primeiro dia de Bienal.
Amanhã tem mais!

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 04 de setembro de 2015 (sexta-feira).

Estande da Draco: 2º dia da Bienal.

 GL-R, Luiz Felipe Vasques e Erick Sama.


Autor com sua cria caçula, romance de FC Estranhos no Paraíso.

Estranhos no Paraíso ingressando na prateleira dos meus livros.






Dia 03 — 201509052359P7  —  20.147 D.V.

“Ser pai de menina é...”
[Marcelo Amaral]

Sábado nublado.  Dia do lançamento de meu romance de ficção científica hard e história alternativa, Estranhos no Paraíso.
Eu e Cláudia saímos aqui de casa de carro às 13h00 rumo à casa dos meus pais na Tijuca para buscar minha mãe para irmos juntos à Bienal.  Viagem tranquila e por volta das 14h00 chegávamos às cercanias do Riocentro.  Contudo, mergulhamos no engarrafamento do estacionamento e só logramos parar o carro no gramado em frente ao Pavilhão Verde às 14h40.  Enquanto Cláudia se dirigiu ao credenciamento para receber seu passaporte de gratuidade como professora, acompanhei minha mãe às bilheterias, fila preferencial, para comprar seu ingresso.  Felizmente, já estávamos no pavilhão certo e não precisamos percorrer toda a feira para atingir o estande da Draco.
Ao contrário do planejado, não consegui chegar ao O 10a com certa antecedência.  Chegamos lá pontualmente às 15h00, horário marcado para a sessão de autógrafos do meu romance.

*     *      *

No estande encontrei Lucio Manfredi, que lançava seu romance Encruzilhadas (Draco, 2015) em simultâneo com o meu.  Aproveitei para adquirir meu exemplar autografado.  Também comprei a antologia Monstros Gigantes (Draco, 2015), organizada por Luiz Felipe Vasques & Daniel Russell Ribas, coligindo o autógrafo do Felipe, coantologista presente.  Ribas não compareceu ao lançamento.
Embora meu amigo e companheiro de aventuras no estabelecimento do universo ficcional Taikodom, João Marcelo Beraldo só fosse lançar oficialmente seu romance Império de Diamante (Draco, 2015) amanhã, aproveitei sua presença para comprar meu exemplar autografado.  Conversamos um bocado sobre escrita e atividade literária em geral e a experiência do Taikodom em particular.
Os amigos da seção carioca do Projeto Vórtice Fantástico, Renata Aquino & Eliseu Ferreira compareceram ao lançamento e adquiriram seu exemplar do meu novo romance.  A amiga escritora Flávia Côrtes também nos brindou com sua presença.  Batemos um papo divertido sobre as agruras do trânsito caótico e os desvarios do mercado imobiliário na Cidade Maravilhosa.
Um ex-aluno da Cláudia, hoje Oficial de Marinha, Lucas Medeiros, também compareceu ao evento e adquiriu um exemplar de Xochiquetzal, uma Princesa Asteca entre os Incas.  Os amigos de minha irmã Ana Lucia, Rogério Koscheck & Weykman Padinho deram um pulo no estande da Draco e adquiriram um exemplar autografado de Estranhos no Paraíso.
Os autores da Draco Cirilo Lemos e André Soares Silva também compareceram ao evento.  Conversamos sobre o desenvolvimento de romances fix-ups, assunto que interessa a nós três, e também sobre meu projeto do estudo de não-ficção sobre história alternativa.  Contei ao André que havia relido suas noveletas “Xibalba Sonha com o Oeste”, publicada na Solarpunk (Draco, 2012) e “O Fantasma Zonguanês”, publicada na recém-lançada Samurais x Ninjas (Draco, 2015), organizada por Eduardo Kasse & Erick Sama, com o objetivo de melhor analisá-las para meu estudo.
Tive enfim oportunidade de conhecer João Sérgio de Assis, marido de minha amiga, Ana Lúcia Merege.  Ana também é autora e antologista sênior da Draco, com vários títulos lançados na área de fantasia, tanto para o público adulto quanto infantojuvenil.  Além disso, exerce de forma incansável a tarefa de divulgar o catálogo da editora para o público das feiras e convenções em que comparece.
Por volta das 17h00, o estande da Draco bombou com a chegada simultânea de vários grupos de parentes, amigos, leitores e fãs, dentre eles a família de minha prima Rose Hennemann (ela, a filha Alessandra Maia, o genro Luiz Eduardo Terra e os netos Nathy e Pedro Maia) e os amigos Cristina Leopoldino e Edilson Correa.  Os amigos adquiriram um exemplar autografado do Estranhos no Paraíso.  Já Rose e Alessandra compraram dois kits completos dos quatro trabalhos solo que publiquei pela Draco nos últimos seis anos e ainda reclamaram (com razão, pois o cliente tem sempre razão!) pelo fato de Histórias de Ficção Científica por Carla Cristina Pereira já se ter esgotado do estoque que a editora trouxe para a Bienal.  Prometemos suprir essa lacuna.  Aliás, outra ausência, essa compreensível, do estoque, foi a antologia Erótica Fantástica 1.  Em virtude do material fotográfico erótico da capa e do encarte especial, considerando o trânsito de crianças no estande, Erick julgou melhor deixá-la de fora, política que apoiei em número, gênero e grau.
Cristina Leopoldino compareceu com o filho Enzo, que eu e Cláudia conhecemos praticamente bebê.  Ela também é servidora pública da Prefeitura como eu.  Daí, conversamos sobre nossos trabalhos, anseios e, sobretudo, sonhos acalentados de uma aposentadoria tranquila dentro em poucos anos.
Conversei e autografei exemplares para dezenas de leitores que ainda não conhecia, aos quais agradeço a presença e a confiança de comprar meus livros e a oportunidade de bater papo sobre o assunto de que mais gosto de falar.  Uma experiência e tanto.
Passei no estande da Aquário Editorial para adquirir um exemplar do Ser Pai de Menina é..., do amigo Marcelo Amaral.  Infelizmente, ele não estava presente para autografar, mas, acredito, não faltarão oportunidades para tanto ao longo dessa Bienal.
Dentro desse tema, minha filhota Ursulla e o namorado Rodrigo também se empenharam para comparecer, não esmorecendo mesmo quando o carro dele pifou e teve que ser abandonado mal parado pelo meio do caminho.  Pegaram emprestado o carro da tia dele para viajar até o Riocentro.  Esforço hercúleo coroado de êxito!  Ou, como se diz no bom e velho jargão militar-naval: Bravo-Zulu!
Em torno das 19h00, meu irmão Ricardo Lodi Ribeiro me prestigiou com sua presença, acompanhado da esposa Patrícia Bacha e dos filhos Bruno e Pedro.  Embora tenha dado um exemplar de presente para meu irmão, meu afilhado Bruno fez questão de um exemplar só para si e Ricardo comprou para ele.  Os primos Pedro Lodi e Pedro Maia estabeleceram primeiro contato em plena praça de alimentação do Pavilhão Verde, visto que ainda não se conheciam.  Em menos de um minuto brincavam como se já fossem amigos de infância, o que, no caso deles, faz todo o sentido do mundo.  Eu, Cláudia e minha mãe degustamos crepes deliciosos, ao passo que Ursulla & Rodrigo comeram pastéis feitos na mesma barraca em que comprei ontem.
Segui junto quando a família empreendeu uma incursão de pequena escala pelo pavilhão.  Quando nossa manada fez uma parada técnica nos toaletes, aproveitei o ensejo para visitar o estande da Devir, mas não comprei nada nessa ocasião.  Cláudia adquiriu um belo livro sobre História da Arte Ocidental pela bagatela de vinte reais num estande de saldos.
Pouco depois, meu irmão e a família da Rose se despediram para novas incursões de grande escala, enquanto eu estacionei no bom e velho estande da Draco para retomar fôlego e minha mãe e Cláudia empreenderam suas próprias explorações literárias.
Quando as duas regressaram, despedimo-nos do Erick e da Isilda por volta das 21h30 e embarcamos em nosso carrinho rumo à Usina, via Avenida Lúcio Costa e Alto da Tijuca, para deixar minha mãe em casa e dali rumar para cá, a fim de gozar de um descanso breve e merecido.  Pois amanhã haverá mais.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 05 de setembro de 2015 (sábado).

Lúcio Manfredi, GL-R e Cirilo S. Lemos.

GL-R com amigos do Vórtice Fantástico, Eliseu Ferreira & Renata Aquino.

Cláudia Quevedo Lodi, Daisy Lodi Ribeiro e GL-R.

Autor em ação.

Com Rogério Koscheck & Weykman Padinho.

 Conversa com as mães, Daisy Lodi e Isilda Moraes.

Autores & Obras: E de Extermínio (Cirilo Lemos); Samurais x Ninjas (André Soares Silva);
Anna e a Trilha Secreta (Ana Lúcia Merege); e  Estranhos no Paraíso (GL-R).

GL-R, Lucas Medeiros, Cláudia Quevedo Lodi.

Estande da Draco bombando no lançamento de Estranhos no Paraíso.


Rose Hennemann com Estranhos no Paraíso e outras aquisições da Draco.

Edílson Correa e GL-R.

Cristina Leopoldino, Enzo e GL-R.

Ricardo França e GL-R.

Família Draco: Carol Peace; Cirilo Lemos; Ana Merege; Ana Cris Rodrigues;
André S. Silva; Erick Sama; Kássia Monteiro; Lúcio Manfredi; GL-R; e Luiz Felipe Vasques.

Desafio do Pokemon contra Pedro Maia.

Ursulla Quevedo Lodi com Estranhos no Paraíso.

Rodrigo Nogueira & Ursulla Lodi e GL-R.

Autores & Obras: Império de Diamante (João M. Beraldo) e Estranhos no Paraíso (GL-R).

Bruno Borsaro Lodi Ribeiro, Pedro Bacha Lodi Ribeiro,
Ricardo Lodi Ribeiro, Patrícia Bacha e GL-R.




Dia 04 — 201509062359P1 —  20.148 D.V.

“Meu nome é Gerson Lodi-Ribeiro.  Sou viciado em jogos de computador.  Estou em estágio de remissão há vinte anos e três meses.”

Domingo nublado.  Em meu terceiro dia de Bienal, resolvi chegar cedo para tentar fugir à hecatombe do trânsito carioca e, depois de hesitar um bocado, decidi seguir para o Riocentro de carro.
Saí de casa às 09h00, busquei o Luiz Felipe Vasques em casa às 09h15 e seguimos pela Avenida Niemeyer até São Conrado e daqui para o Riocentro, via Barra, pelo itinerário mais direto e convencional possível.  Para nossa surpresa, chegamos ao Pavilhão Verde às 10h00 e não levamos tempo praticamente algum para recredenciar o Felipe, que havia esquecido seu crachá-passaporte de autor.  Às 10h10 estávamos de pé junto ao estande O 10a da Draco.  Parecíamos visitantes de um universo paralelo.  A Força esteve conosco: mal acreditávamos que havíamos logrado nos “teleportar” da Zona Sul para o Riocentro em menos de uma hora...

*     *      *

Pouco depois de chegarmos, recebemos com fanfarras a visita do casal de amigos Carlos Orsi & Renata Martinho no estande, pois há um bom tempo que ele não comparecia no Rio e ela há muito mais tempo ainda.  Colocamos nossos papos em dia e aproveitei a oportunidade para adquirir exemplares autografados de sua coletânea Campo Total (Draco, 2013) e da novela Flores do Jardim de Balaur (Draco, 2015).
O estande da Draco bombou novamente, com boas vendas como as de ontem.
João Beraldo compareceu para seu lançamento e eu, ele e Felipe conversamos um bocado sobre nossos vícios por jogos de computador dos tipos e gêneros mais diversos.  Confessei-me um jogador compulsivo em estado de remissão desde meados da década de 1990, graças aos esforços abnegados de outra compulsão mais forte, a de contar histórias.  Falando sério.  Lá por idos de 1992, 1993, tive que escolher, era uma coisa ou outra.
Outro casal que abrilhantou o estande da Draco com sua presença foi Rafael Luppi Monteiro & Elaine Wenz Saisse, que trouxeram consigo o sobrinho adolescente, Gustavo Luppi Siloto.  Conversamos bastante sobre concursos públicos e perspectivas profissionais na administração direta e em empresas de economia mista.
Em torno do meio-dia, planejei uma incursão em regra pelos estandes e pavilhões da Bienal, mas naufraguei poucos estandes adiante, no da Biblioteca do Exército, paraíso dos amantes de História Militar, onde tropecei com a nova edição da obra monumental de Augusto Tasso Fragoso em cinco volumes, História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai (Bibliex, 2012).  Preço normal por volume: R$ 60,00.  Preço promocional na Bienal para compra do kit completo: duzentos reais!  Lógico que não resisti.  O problema é que, como o Exército é o Exército, o estande da Bibliex não aceitava cartões de crédito ou de débito, mas apenas cheques ou dinheiro.  Como não costumo usar cheques em operações cotidianas desde fins do milênio passado, teve que ser em dinheiro mesmo.  O fato excepcional é que eu até tinha tal quantia em numerário dentro da carteira e pude comprar a obra completa.  O problema é que fiquei praticamente a zero.  Daí, dirigi-me à área dos caixas eletrônicos no Pavilhão Azul, estupidamente superlotado àquela hora.  É claro que o terminal do Itaú já estava indisponível para saques (como se alguém precisasse de um terminal eletrônico para qualquer outra operação bancária que não saques numa feira de livros).  Portanto, imbuído de paciência infinita, forcei-me a ingressar na fila centopeica do terminal do Banco 24 Horas e enfim, depois de quarenta minutos de espera, pude sacar um dinheirinho.  Leitura de fila: conto de ficção científica humorística “We Install”, do Harry Turtledove, presente na coletânea We Install and Other Stories (Open Road, 2015).
A galera animada da seção carioca do Projeto Vórtice Fantástico também deu o ar de sua graça por volta das 13h00, com a presença de Daniel Faleiro, Cláudio Gabriel, Raphael Pereira de Souza, Gabrielle Rangel, Stella Rosemberg, Eliseu Ferreira & Renata Aquino.  Financeiramente exauridos, compraram relativamente pouco na Draco.  Apenas Cláudio adquiriu um exemplar autografado da segunda edição de Xochiquetzal: uma Princesa Asteca entre os Incas.
Durante a presença no estande, travei contato com a jovem autora manauara Carol Peace Medeiros, que já publicou vários contos na Draco, dentre os quais, “TK2K” na antologia Samurais x Ninjas.  Erick e eu contamos sobre as aventuras e contatos imediatos de nono grau de vários membros destacados da comunidade de literatura fantástica nacional com os botos-cor-de-rosa da Região Amazônica (maiores detalhes em minha crônica sobre a Odisseia Fantástica 2015), arrancando boas gargalhadas da Carol.
Aproveitei a presença do Marcelo Amaral, que compareceu hoje ao estande da Draco para comprar um exemplar autografado do Estranhos no Paraíso, para lhe pedir um autógrafo em meu exemplar de Ser Pai de Menina é...  Também tirei um exemplar da antologia Samurais x Ninjas e coligi o autógrafo da Carol Peace.
A família do Beraldo compareceu em peso para o lançamento de seu romance Império de Diamante.  Só o pai dele comprou, se não me engano, cinco exemplares.  Levei um susto com o tamanho da filha do Beraldo, que conheci pequenina lá em Floripa.  Pois é, o tempo passa.
Por volta das 17h30, minha filha mais velha, Barbara e o marido Diego chegaram ao estande da Draco.  Aproveitei o ensejo e dei um pulo com eles na praça de alimentação do pavilhão.  A intenção era apresentá-los aos crepes salgados que havíamos comido na véspera.  No entanto, as filas estavam impraticáveis.  Como eles comentaram que haviam passado por outra creperia menos cheia na praça de alimentação do Pavilhão Azul, rumamos para lá.  De fato, era outra unidade da mesma franquia e não estava tão cheia, porém, em compensação, só possuía uma chapa em vez de duas e nossos crepes demoraram vinte minutos para sair.  Não fez mal.  Aproveitamos a espera para colocar as novidades em dia e quando os crepes ficaram prontos, estavam tão gostosos quanto os de ontem.
Ao regressar ao Pavilhão Verde, dei uma passada breve com os meninos no estande da Aquário Editorial, para bater um papinho com Ana Cris e apresentá-la à Barbara e vice-versa.  Dali, regressamos ao estande da Draco, onde presenteei o casal com um exemplar de meu romance recém-lançado.
Por volta das 19h00, despedimo-nos do Erick e da Isilda e caminhamos até o estacionamento, onde eu e Felipe embarcamos para a Zona Sul, passando antes pelo fim do Recreio para deixar Barbara & Diego na esquina de casa.
Cheguei aqui em casa em torno das 20h00, repleto de novidades boas para contar.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2015 (domingo).

Carlos Orsi & Renata Martinho com os lançamentos do autor pela Draco.

Descanso do chefe dos guerreiros, Erick Sama.

Rafael Luppi Monteiro, GL-R, Elaine Wenz e Gustavo Luppi.

Galera do Vórtice Fantástico: GL-R; Daniel Faleiro; Cláudio Gabriel; Raphael Pereira
de Souza; Gabrielle Rangel; Stella Rosemberg; Eliseu Ferreira & Renata Aquino.

Família Draco:  GL-R; Erick Sama; Ana Merege;
Carlos Orsi; Carol Peace; e Luiz Felipe Vasques.

Carol Peace com Estranhos no Paraíso.

 Barbara Reiter Lodi Ribeiro, GL-R e Diego Scheer.




Dia 05 — 201509072359P2 —  20.149 D.V.

Segunda-feira, céu nublado com possibilidades de chuva.  Feriado de Sete de Setembro.  Acordei cedo, mas dediquei a parte da manhã para colocar minhas coisas em dia.
Almocei em casa com as meninas e me preparei para a jornada até o Riocentro.  Caminhei até a Bartolomeu Mitre e após menos de cinco minutos de espera no ponto de ônibus, embarquei no bom e velho 332 PROJAC (via Riocentro).  Não havia lugar para sentar de imediato, mas obtive assento após o túnel Dois Irmãos, quando o coletivo parou no primeiro ponto da Rocinha.  Cinquenta e poucos minutos mais tarde, eu estava nas cercanias do Riocentro, mas aí o trânsito parou e não andou mais.  Saltei e caminhei por cerca de vinte minutos, contornando o centro de convenções, até atingir o portão A, por onde a segurança me facultou o acesso.  A Bienal pareceu ainda mais lotada do que no sábado ou no domingo.  Para cortar caminho, fui obrigado a cruzar pelas praças de alimentação dos diferentes pavilhões, até chegar ao Verde.  As praças também estavam superlotadas, mas, pelo menos ali, as pessoas permaneciam em sua maioria sentadas e eu pude me esgueirar entre as mesas transbordando de gente.
Enfim, às 16h00, alcancei o oásis da rua O e o estande 10-a da Editora Draco.

*     *      *

Sem lançamentos previstos para hoje, no estande da Draco encontravam-se apenas o Erick, sua mãe Isilda e o indefectível Luiz Felipe Vasques.  Felipe contou que Ana Lúcia Merege já havia estado por lá, mas saíra por volta das 14h00.
Eu e Felipe conversamos um bocado com o André Gustavo e sua esposa Flávia.  Quando outro amigo do Felipe, Flávio Nunes Abal apareceu no estande, aproveitamos o ensejo e demos um pulo na praça de alimentação do Pavilhão Azul para almoçar (no caso deles) e tomar refrigerantes (no meu caso).  Conversamos sobre dificuldades de locomoção na cidade do Rio de Janeiro e nos lembramos com saudades dos velhos manuais da Disney lançados no Brasil pela Abril na década de 1970 (Manual do Escoteiro-Mirim; Manual do Professor Pardal e outros que tais).
De volta ao estande da Draco, reencontrei Wagner, um fã de ficção científica que conheci durante o lançamento carioca de minha coletânea Taikodom: Crônicas (Devir, 2009) na Travessa da Rio Branco.  Ele comprou quase uma dezena de livros da editora hoje, inclusive, um exemplar autografado do Estranhos no Paraíso.
Ana Cristina Rodrigues também deu um pulo no estande da Draco para adquirir seu exemplar de meu romance recém-lançado.  Também autografei o exemplar do Felipe.  Nesta segunda-feira estimo ter vendido apenas uns quinze livros (computando apenas os livros-solo, ou seja, sem contar com as antologias que organizei para a editora), um movimento consideravelmente mais fraco do que nos dois dias anteriores, porém, mesmo assim, satisfatório.
Quando eu e Felipe já pensávamos em ir embora, eis que aparece Clinton Davisson, atual presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, prestes a ser eleito para seu terceiro mandato, fenômeno inédito nos trinta anos de história do clube.  Mr. President não adquiriu o Estranhos no Paraíso, mas sim um exemplar autografado de A Guardiã da Memória.  Indagou se era a mesma protagonista Clara de minha noveleta premiada, “A Filha do Predador”.  Respondi que sim, esclarecendo que, ao contrário da noveleta, em que Clara ainda é criança e que pode ser lida como infantojuvenil, o romance constitui ficção científica erótica e mostra de maneira explícita o relacionamento amoroso entre a protagonista humana e um alienígena centauroide.
Também conversamos com Clinton sobre as categorias do Prêmio Argos e a organização da antologia comemorativa Trinta Voltas ao Redor do Sol.  Ele falou que atacará as duas tarefas — Argos e antologia — quando o processo eleitoral se encerrar no fim deste mês de setembro.
Por volta das 20h45, eu e Felipe caminhamos até a saída do Pavilhão Laranja.  Dali contornamos boa parte do centro de convenções até alcançar o ponto de táxi oficial da Bienal, onde havia carros a dar com o pau.  Nosso tempo de espera para embarcar foi inferior a cinco segundos.  Rachamos a corrida até a Zona Sul numa viagem com duração aproximada de quarenta minutos, tarifada por R$ 85,00, mais em conta, portanto, do que a corrida de sexta-feira à noite.
Devo aproveitar os próximos três dias para recarregar as baterias e colocar meus assuntos e escritas em dia, para regressar à Bienal 2015 na sexta-feira que vem com força total.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 07 de setembro de 2015 (segunda-feira).

GL-R e Ana Cristina Rodrigues com Estranhos no Paraíso.

GL-R e Mr. President Clinton Davisson com A Guardiã da Memória.

Autores & Obras: Monstros Gigantes (Luiz Felipe Vasques);
Brasil Fantástico (Clinton Davisson); e Estranhos no Paraíso (GL-R).




Dia 09 — 201509112359P6  —  20.153 D.V.

“Já não sou mais aquele bibliófilo fanático dos tempos de antanho.”

Após três dias de descanso, retomei neste sábado chuvoso minhas atividades lúdico-literárias em meu quinto dia na Bienal do Livro 2015.  Neste trânsito carioca caótico (que me desculpem o pleonasmo vicioso), vivi minha ida mais tranquila ao Riocentro.  Ao meio-dia, peguei um ônibus na porta de casa até a PUC (5 minutos); tempo de espera pelo mítico 332 PROJAC: meia hora cravada; duração da viagem: setenta minutos.  Mais mamão-com-açúcar do que isso, impossível.  Leitura de bordo: O Andarilho das Sombras (Draco, 2012), do amigo Eduardo Kasse.
Desta vez dei uma de esperto para variar e contornei os pavilhões por fora para ingressar direto no Verde.  Encontrei Erick Sama e Isilda no estande da Draco, onde me desvencilhei da mochila que trouxe comigo para acondicionar os livros que pretendia comprar.  Pois, ao contrário dos quatro vindas anteriores, desta vez, aproveitando a tranquilidade relativa de um dia de semana, desejava percorrer os estandes das minhas editoras favoritas.
Pouco depois da minha chegada, Eric Novello e sua irmã Cássia apareceram no estande da Draco para confraternizar conosco.  Infelizmente, a versão impressa da Depois do Fim (Draco, 2014), antologia pedaçuda organizada pelo Eric para a editora ainda não deu o ar de sua graça.  Aproveitei a presença de Eric e da irmã para lhe(s) fazer uma pergunta que estava na ponta da língua há vários anos: se eles guardam algum grau de parentesco com o cosmólogo Mário Novello.  Os irmãos disseram que não.
Empreendi uma incursão ao Pavilhão Azul, onde se localizam os estandes da maioria das editoras que eu pretendia visitar.  Estive no estande que a Arqueiro divide com a Sextante.  Depois segui para a Globo Livros e então para a Record, a Rocco e a Companhia das Letras.  Só então percebi que não sou mais aquele bibliófilo compulsivo de tempos de antanho: neste primeiro raide só comprei um exemplar de A Casa dos Budas Ditosos (Objetiva, 1999), do João Ubaldo Ribeiro e, mesmo assim, apenas para repor na biblioteca a lacuna provocada pelo extravio deste título emprestado há muito a um falso amigo que jamais devolveu.
De volta ao estande da Draco, travei conhecimento com duas jovens autoras da casa, Melissa de Sá e Karen Alvares, essa última, autora do romance infantojuvenil Inverso (Draco, 2015).  Não comprei esse título da Karen, mas sim o romance Alameda dos Pesadelos (Cata-vento, 2014).
Ricardo Herdy apareceu lá no estande e me propiciou um bate-papo agradável sobre literatura e bibliofilia.  Também reencontrei o jovem autor Nilton Braga, que havia conhecido durante o lançamento carioca da antologia Brasil Fantástico (Draco, 2013), na Cultura Cine Vitória.  Eu e Nilton conversamos um bocado sobre a terminologia náutica e naval, enquanto ele aguardava na fila para a distribuição de senhas para a apresentação do pessoal do podcast Jovem Nerd, que se daria às 19h00 no Cubovox defronte ao nosso estande.
Aliás, o Jovem Nerd bombou na Bienal.  Embora o auditório improvisado Cubovox só comportasse noventa pessoas, a fila ao redor do espaço dava voltas no quarteirão.  Literalmente.  Daí, muitos fãs ouviram a fala do pessoal do podcast de pé, em volta do Cubovox.  Como vizinhos próximos ao auditório, nós sempre ouvimos qualquer apresentação ali ensaiada.  Boa ou ruim,
Alguém de bate-papo conosco defronte à Draco (acho que o Ricardo Herdy) mencionou que o estande da Intrínseca estava vendendo o hardcover O Mundo de Downton Abbey pela bagatela de nove reais!  Daí, como aqui em casa somos fãs viciados dessa série britânica, fui obrigado a empreender uma segunda incursão ao Pavilhão Azul para comprar dois exemplares desse livro de referência.
Flávia Côrtes compareceu de novo à Bienal, agora em companhia da filha caçula, Helena, uma versão mais jovem da mãe.  Aproveitamos a oportunidade para conversarmos sobre educação de filhos, atividades literárias em geral e sobre os universos ficcionais Star Trek e Star Wars.
Por volta das 21h00, decolei para meu último raide ao Pavilhão Azul, visitando basicamente a mesma meia-dúzia de estandes em que já havia comparecido à tarde.  Todos estavam mais vazios nessa segunda investida.  Tive oportunidade de examinar melhor alguns lançamentos e ofertas que apenas vislumbrara mais cedo, mas não comprei nada.
Mais uma vez de volta à Draco, presenciei a cerimônia de fechamento do estande às 21h50 e nos dirigimos à saída do Pavilhão Laranja, por onde deixamos o Riocentro sob uma chuvinha fina e irritante que engrossou enquanto caminhávamos rumo ao hotel Midas Qualicom, o quatro estrelas onde Erick e Isilda estão hospedados.  Do lado do hotel, pousamos num restaurante bastante aprazível, onde jantamos uma pizza calabresa saborosa e outra mezzo portuguesa, mezzo siciliana, regadas por duas garrafas do Dom Cândido Documento Merlot, rótulo mais do que adequado para quem respirou literatura e mercado editorial o dia inteiro.  Até então só conhecia esse tinto de fama.  Agora tivemos oportunidade de confirmar: tal fama é plenamente justificada.
Nosso papo animado durante o jantar versou sobre a situação atual do mercado lusófono de literatura fantástica e os planos futuros da Draco.  Por volta da meia-noite, Erick me acompanhou até a recepção do Midas (Isilda já se retirara cerca de uma hora mais cedo), de onde pedimos o táxi que me conduziria no regresso tranquilo para casa.  Leitura de bordo: “The Ring and I”, uma bela peça não-ficcional sobre o universo da Terra Média, escrita por Harry Turtledove em sua coletânea We Install and Other Stories.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2015 (sexta-feira).

Encontro dos Erics no estande da Draco: Eric Novello e Erick Sama.

Pequeno mimo para meu editor favorito.

Família Draco: Karen Alvares, Eric Novello, GL-R, e Melissa de Sá.


Flávia Côrtes, GL-R e Erick Sama.




Dia 10 — 201509122359P7  —  20.154 D.V.

“Percorrer o Elevado do Joá sempre me lembra de certa
cena do Solaris do Tarkovsky.” [Carlos Eugênio Patati]

Após organizar as coisas pela manhã aqui em casa, parti de táxi para minha sexta ida à Bienal 2015 às 12h50 deste sábado chuvoso.  Peguei os amigos Luiz Felipe Vasques e Carlos Eugênio Patati na Praia do Leblon e seguimos dali pela Avenida Niemeyer até São Conrado e então para a Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Riocentro.  Patati compareceu à Bienal devidamente uniformizado com uma camisa da Forbidden Planet londrina, que eu prontamente reconheci pelo fato de possuir uma igual.
Por volta das 14h00 desembarcávamos num dos portões do centro de convenções.  Não obstante o vento frio, preferimos circular por fora dos pavilhões para ingressar direto no Verde, pois ouvíramos informes de visitantes que haviam levado cerca de oitenta minutos para caminhar pouco mais cedo desde a entrada do Pavilhão Laranja até a praça de alimentação do Pavilhão Verde.

*     *      *

Patati efetuou seu credenciamento direto no Verde sem maiores delongas, graças ao exemplar de seu livro Almanaque dos Quadrinhos (Ediouro, 2006) providencialmente emprestado por Felipe.
Uma vez no estande da Draco, deixamos nossas mochilas.  Dali Patati e Felipe seguiram para o almoço no legendário X-Picanha, pois o primeiro precisava repor as calorias por causa de sua hipoglicemia.
Pude reencontrar meu amigo Eduardo Kasse e a esposa Estela Burdin.  Comentei com ele que havia iniciado a leitura de O Andarilho das Sombras, primeiro romance de sua saga vampírica Tempos de Sangue[3] e que estou gostando muito do que li até agora.
Também reencontrei Raphael Fernandes, que conhecera em 2012 durante o lançamento paulistano de minha coletânea Histórias de Ficção Científica por Carla Cristina Pereira na Bagunça Literária.  Raphael é o responsável pela área de quadrinhos da Draco.  Aliás, por falar em HQ, aproveitei o ensejo para adquirir meu exemplar autografado dos romances gráficos Apagão: Cidade sem Lei (Draco, 2015), de Raphael Fernandes & Camaleão; bem como o Steampunk Ladies: Vingança a Vapor (Draco, 2015), de Zé Wellington & Di Amorim.
Tive oportunidade de conversar com Cirilo Lemos sobre o problema preocupante da falta de disciplina e motivação no ensino público atual.  Também conversei um bocado com o Edu Kasse, o Felipe e o Patati sobre processos criativos, escrita de romances e histórias em quadrinhos.  Outros amigos que retornaram para nova imersão na Bienal neste sábado foram Ana Lúcia Merege; Dino Freitas; Melissa de Sá; Karen & Felipe Alvares; Renata Aquino & Eliseu Ferreira.
Além disso, conheci pessoalmente outros amigos e colaboradores da Draco, que até hoje eu só tivera contato por Facebook e/ou outras redes sociais, como Priscilla Matsumoto; Tanko Chan; Claudia Dugim; e Vivianne Fair.
Meus parentes da família Poppius compareceram em peso à Bienal.  Em duas levas distintas.  Primeiro vieram os primos Moema & Ivar, esse último com a camisa do Flamengo, cedeu-me graciosamente uma caneta de seu clube do coração para que eu autografasse os exemplares do Estranhos no Paraíso; A Guardiã da Memória; Xochiquetzal: uma Princesa Asteca entre os Incas; e da Vaporpunk, que eles adquiriram.  Cerca de uma hora mais tarde, veio minha prima Fabiana, filha do casal anterior, acompanhada do marido Roberto, e grávida de Gabriel.  Tive o prazer e a honra de autografar um exemplar de meu romance recém-lançado para os três.
A líder da seção carioca do clube de leitura Vórtice Fantástico, Thaís Cavalcante também me brindou e ao estande da Draco com sua presença.
O casal de amigos Jesse & Cristiane Costa também comparecem ao estande, acompanhado das filhas Ana Carolina e Manoela, agora duas belas moçoilas.  Ele adquiriu um exemplar do Estranhos no Paraíso para si e infantojuvenis de Karen Alvares e Vivianne Fair para as meninas.
O habitué Flávio Abal compareceu mais uma vez à Bienal e nos exibiu alguns dos tesouros que logrou garimpar nos estandes das editoras universitárias.  Por sua recomendação, dei um pulo no estande citado e adquiri A Batalha de Papel: A Charge como Arma na Guerra contra o Paraguai (Editora UFSC, 2015), de Mauro César Silveira.
Por volta das 19h45, eu, Felipe e Patati nos despedimos dos amigos reunidos em torno do estande da Draco e rumamos para a saída do Pavilhão Laranja a fim de tomar um táxi no mesmo ponto de credenciados do Riocentro em que eu e Felipe havíamos embarcado com facilidade na segunda-feira passada.  Só não contávamos que houvesse desabado uma chuvarada lá fora.  Conclusão: quando chegamos ao ponto de táxi mencionado, não havia veículos disponíveis, mas apenas uma fila embolada e dois funcionários exasperados que tentavam organizar o caos sem o menor sucesso, pois, mesmo abrigados sob a cobertura de um toldo, a chuva de vento e as goteiras acabaram encharcando a lista em que eles tentavam anotar os pedidos.  De fato, embora portasse guarda-chuva, após dez minutos em pé no meio do furdunço, encharquei meus pés, pernas e um dos ombros.  Enquanto isto, desprovidos de proteção, Patati e Felipe aguardavam os resultados da negociação debaixo da marquise externa do Pavilhão Laranja.
Sem alternativa, regressamos ao estande da Draco, onde, pelo menos, estávamos entre amigos e abrigados da chuva.  Nessa via crucis, reencontramos Flávio Abal, que se surpreendeu pelo fato de nossos dois amigos em comum não disporem de guarda-chuvas.
Alcançando a Draco às 20h20 e, como bons arautos de más notícias que se prezam, anunciamos o chuvaréu, preocupando a todos.  Ana Merege tentou ligar para duas cooperativas de táxis que operam na Barra da Tijuca, enquanto eu tentava chamar táxis através de dois aplicativos de celular.  Resultado nulo nos dois casos.  Afinal, como todos sabemos, os táxis cariocas têm por praxe desaparecer das ruas ao menor indício de chuva forte.  Fenômeno que, aliás, causou espécie entre os amigos em visita à cidade por conta da Bienal.
Decidi aguardar até o fechamento dos estandes às 22h00 na esperança de que a chuva estiasse ou pelo menos amainasse.  Periodicamente visitava a saída do Pavilhão Verde para verificar a intensidade da precipitação.  Numa dessas incursões, aproveitei para dar um pulo no estande da Aquário Editorial e conversar um pouco com o casal Ana Cristina Rodrigues & Estevão Ribeiro.  Para passar o tempo, li a peça de não-ficção “Perspectives on Chanukah”, presente na coletânea We Install and Other Stories, do Turtledove.
Ao fim do certame deste sábado, nós os Três Mosqueteiros saímos rumo à saída lateral do Pavilhão Azul em companhia de Erick, Isilda, Ana Merege, Raphael e do casal Edu Kasse & Estela Burdin.  Só que meus dois companheiros de desventuras acabaram se desgarrando de nossa manada, ficando para trás.  Sem saber se iria conseguir táxi ou ônibus para regressar, constatei que ao menos a chuva grossa havia diminuído para uma garoazinha inofensiva.  Saímos do centro de convenções pelo mesmo caminho que eu, Erick e Isilda fizéramos na véspera.  No ponto de táxi não havia nem sinal de viaturas.  Já no ponto de ônibus, havia veículos, mas também filas e balbúrdias homéricas.  Mais especificamente, no ponto do 332, só chegavam ônibus para o Terminal Alvorada, enquanto eu pretendia embarcar num coletivo que seguisse para o Rio-Sul.  Por ignorância, passageiros que pretendiam seguir para o Alvorada insistiam em se misturar à nossa fila, provocando confusões, bate-bocas e intervenções constantes do despachante.
Eis que de repente, Felipe e Patati passam pela nossa fila com cara de cãezinhos perdidos na mudança.  Após um bate-papo brevíssimo de esclarecimento, perante os olhares hostis dos demais passageiros, prontamente lhes indico o fim da fila, que à ocasião estava com doze ou quinze pessoas de extensão.  Felizmente, o 332 Rio-Sul deu o ar de sua graça cerca de dez minutos mais tarde, às 22h30.  Fui o segundo a entrar.  Quando meus dois amigos ingressaram no veículo, mudei de lugar para sentar perto deles.  Nosso ônibus saiu do ponto final mais ou menos cheio às 22h40.  Contudo, no ponto seguinte do Riocentro, encheu a ponto de ficar bastante superlotado.  De imediato, lembrei-me do ônibus entupido de tão cheio que capotou em Parati matando quinze ou vinte pessoas.
Enfim, quando a viagem excruciante é inevitável, o jeito é encarar a coisa toda como uma grande aventura.  Neste sentido, não existe companhia de viagem melhor do que uma boa leitura de bordo.  No caso, O Andarilho das Sombras, do meu amigo Edu Kasse.  Durante as duas horas e dez minutos de viagem, li mais de cinquenta páginas.
Além do engarrafamento-monstro em torno do Riocentro, precisamos aturar a imperícia e as loucuras eventuais do nosso “monstrorista”, um celerado de fina estirpe e, ao que parece, inteiramente surdo.  Enfim, atingimos o Terminal Alvorada às 23h50 e permanecemos parados ali por cerca de dez minutos.  Às 00h50 cruzávamos o Túnel Dois Irmãos alcançando a Gávea.  Cinco minutos mais tarde saltávamos na Delfim Moreira sob um aguaceiro de dar gosto.  Só precisamos emitir dois ou três urros para que o piloto abrisse a porta traseira.  Então caminhamos até o prédio do Felipe e dali eu e Patati seguimos a pé até a Bartolomeu Mitre em meio à chuva e aos tapumes da obra do metrô, onde logramos parar um táxi.  Daí, cinco minutos mais tarde, por volta de 01h10, eu chegava aqui em casa, molhado, exausto e petreamente decidido a tirar o domingo de folga, não obstante a programação inicial de comparecer ao último dia da Bienal do Livro 2015.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2015 (sábado).

Família Draco: Eduardo Kasse; Raphael Fernandes; Erick Sama; e Ana Merege.

Edu Kasse; Felipe Vasques; e Carlos Eugênio Patati.

Moema & Ivar Poppius com Estranhos no Paraíso.

Com Thaís Cavalcante, líder da seção carioca do Vórtice Fantástico.

Família Draco: GL-R; Cirilo Lemos; Priscilla Matsumoto; Erick Sama;
Tanko Chan; Melissa de Sá; e Cláudia Dugim.

Jesse Costa; GL-R; Ana Carolina Costa; e Manoela Costa.

Roberto, Fabiana Poppius (com Gabriel incluso); e GL-R.


Edu Kasse; Cirilo Lemos; Carlos Patati; e GL-R.

Família Draco: Tanko Chan; GL-R; Ana Merege; e Felipe Vasques.

Henrique Carvalho com a Solarpunk.

 GL-R e Raphael Fernandes com a Apagão.



Participantes:
Alessandra Maia
Ana Carolina Costa
Ana Cristina Rodrigues
Ana Lúcia Merege
Ana O. Bueno
André Gustavo Orsolom
André Soares Silva
Barbara Reiter Lodi Ribeiro
Bruno Borsaro Lodi Ribeiro
Carlos Orsi Martinho
Carol Peace Medeiros
Cássia Novello
Cirilo S. Lemos
Claudia Dugim
Cláudia Quevedo Lodi
Cláudio Gabriel
Clinton Davisson
Cristiane Costa
Cristina Leopoldino
Daisy Lodi Ribeiro
Daniel Faleiro
Diego Scheer
Dino Freitas
Edilson Correa
Eduardo Kasse
Elaine Wenz Saisse
Eliseu Ferreira
Eric Novello
Erick Sama
Estela Vitor Burdin
Estevão Ribeiro
Fabiana Madruga
Fabiana Poppius
Felipe Alvares
Flávia Côrtes
Flávio Lúcio Nunes Abal
Gabriel Guimarães
Gabrielle Rangel
Gerson Lodi-Ribeiro
Gustavo Luppi Siloto
Helena Côrtes
Henrique Carvalho
Isilda Moraes
Ivar Poppius
Jesse Costa
João Marcelo Beraldo
João Sérgio de Assis
Karen Alvares
Kássia Monteiro
Leonardo Poppius
Lucas Medeiros
Lucio Manfredi
Luiz Eduardo Terra
Luiz Felipe Vasques
Manoela Costa
Marcelo Amaral
Melissa de Sá
Moema Poppius
Nathália Maia
Nilton Braga
Patrícia Bacha
Pedro Bacha Lodi Ribeiro
Pedro Maia Terra
Priscilla Matsumoto
Rafael Luppi Monteiro
Raphael Fernandes
Raphael Pereira de Souza
Renata Aquino
Renata Martinho
Ricardo França
Ricardo Herdy
Ricardo Lodi Ribeiro
Rodrigo Nogueira
Rodrigo van Kampen
Rogério Koscheck
Rose Hennemann
Sandro Quintana
Stella Rosemberg
Tanko Chan
Thaís Cavalcante
Ursulla Quevedo Lodi
Vivianne Fair
Wagner
Weykman Padinho




[1]Xochiquetzal, uma Princesa Asteca entre os Incas (2009); A Guardiã da Memória (2011); Histórias de Ficção Científica por Carla Cristina Pereira (2012, coletânea); Aventuras do Vampiro de Palmares (2014); e Estranhos no Paraíso (2015).
[2]Vaporpunk: Relatos Steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades (2010, com Luís Filipe Silva); Dieselpunk: Arquivos Confidenciais de uma Bela Época (2011); Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável (2012); Erótica Fantástica 1 (2012); e Super-Heróis (2013, com Luiz Felipe Vasques).
[3].  Por enquanto, além de O Andarilho das Sombras, a Tempos de Sangue inclui Deuses Esquecidos (Draco, 2013) e Guerras Eternas (Draco, 2014).

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