Centenário de Arthur C. Clarke
no Planetário da Gávea
201712152359O6 — 20.980 D.V.
“Decidi
abandonar a série quando percebi que o personagem pelo qual eu sentia mais
empatia era o tardígrado.”
(Meu
comentário a Edu Torres sobre Star Trek:
Discovery)
“A internet
nos concede a capacidade de aprender um idioma por ano, se a gente quiser, mas
a gente usa a internet para fazer fofoca.”
(Alexey
Dodsworth)
Cheguei (um pouco) mais cedo ao trabalho hoje para poder sair mais cedo
de consciência tranquila, a fim de assistir uma palestra e participar de uma
mesa-redonda em comemoração ao centenário do nascimento de Arthur C. Clarke no
Planetário da Gávea. Depois de pensar um
pouco sobre a melhor maneira de me deslocar da sede da Prefeitura até o
Planetário, concluí que o busão era a melhor saída. Ou melhor, os busões. Pois peguei o velho e bom 110 que uso
habitualmente para voltar para casa e, do ponto em frente ao meu prédio, tomei
outro ônibus até o Planetário. Calculei
bem a duração da viagem, já computados os engarrafamentos de sexta-feira à
tarde, pois consegui chegar ao destino quinze minutos antes do horário
combinado de 17h00.
O fato de ter saltado na Lagoa e caminhado até em casa, como sempre
faço, livrou-me de um engarrafamento mais do certo, do qual me tornaria vítima,
caso houvesse simplesmente pedido um UBER para me levar direto do trabalho até a
Gávea.
* *
*
Cheguei ao Planetário às 16h45 e fui conduzido ao auditório da Cúpula
Carl Sagan, onde encontrei Eduardo Torres.
Pouco depois chegavam Naelton Araújo, meu veterano na graduação na
Astronomia e nosso elemento de ligação no Planetário da Gávea, e Alexey
Dodsworth, de mala em punho, literalmente, pois acabara de chegar do
aeroporto. Alexey ministraria a versão
em português da palestra que proferiu em Canterbury dias atrás: “Todos estes
mundos são seus, exceto Europa: A Ética da Terraformação”.
O coordenador do evento pelo lado do Clube de Leitores de Ficção
Científica, Luiz Felipe Vasques, chegou logo depois, munido do notebook que
possibilitaria a transmissão ao vivo da palestra do Alexey e da mesa-redonda
que se seguiria à mesma pelo novo canal de Youtube da agremiação.
Apenas o presidente do CLFC, Clinton Davisson, sexto componente da
mesa, ainda não havia chegado, por conta do trânsito caótico do regresso do
trabalho com happy hour deste início
de noite de sexta-feira.
* *
*
A palestra do Alexey foi interessante e instrutiva. Após falar um pouco de sua participação no
seminário sobre o centenário do nascimento do Clarke em Canterbury, dissertou
sobre a ética da terraformização em relação a quatro escolas filosóficas:
antropocentrismo, zoocentrismo, biocentrismo e cosmocentrismo. Falou também das principais questões
filosóficas presentes na obra do autor britânico e das perspectivas comerciais
da mineração de asteroides.
Palestra de Alexey Dodsworth 1.
Palestra de Alexey Dodsworth 2.
Ao fim da palestra, Felipe nos convidou a compor a mesa-redonda, agora
sim, já com a presença de Clinton, que chegara durante a palestra do Alexey.
Eduardo Torres abriu a mesa falando sobre a ética da intervenção alienígena
na Terra em termos de destino manifesto nos romances O Fim da Infância (1953) e 2001:
Odisseia no Espaço (1968) e sobre outra intervenção alienígena, essa mais light, no sistema jupiteriana, no
romance 2010: Odisseia no Espaço II
(1982).
Em seguida, embarcando no mote da palestra do Alexey, falei um pouco sobre
a mudança de enfoque na temática de terraformização na obra de Clarke, desde o antropocentrismo
explicitado em Areias de Marte (1951)
até o enfoque biocêntrico, apenas esboçado em Canções da Terra Distante (1985).
Clinton Davisson falou sobre as críticas negativas que Clarke recebeu
ao longo de sua carreira por privilegiar o sense
of wonder em seus enredos, em detrimento do desenvolvimento psicológico dos
personagens.
Naelton Araújo falou um pouco sobre as carreiras paralelas de Clarke
como cientista e divulgador científico, abordando, inclusive, a proposta das
órbitas geossíncronas, hoje batizadas órbitas Clarke.
Naelton Araújo.
Eduardo Torres, GL-R.
Alexey Dodsworth.
Clinton Davisson.
Mesa-Redonda 100 anos de Arthur C. Clarke.
Mesa-redonda.
Luiz Felipe Vasques.
Em seguida, abrimos a mesa-redonda para as perguntas da plateia que,
apesar de pequena em número, participou ativamente do evento, que só se
encerrou por volta das 20h00.
Ao longo da palestra e da mesa-redonda a plateia flutuou em torno de
vinte e cinco espectadores presenciais. No
instante em que escrevo este parágrafo, o canal de Youtube indica que já houve
66 visualizações do evento, que consta ali com duração de 2h36min36s. Dentre os presenciais, compareceram os amigos
Ricardo França, Flávio Lúcio Abal e Adílson Júnior. [1]
* *
*
Cartaz do evento.
Do Planetário, caminhamos até a Praça Santos Dumont e sentamo-nos à
mesa para o jantar comemorativo no restaurante Garota da Gávea. Dividi com Mr. President um filé ao bêbado
(tudo a ver com o clima festivo reinante no evento) e linguiças calabresas com
farofa e molho a campanha, ágape regado por um honesto Miolo Reserva Cabernet
Sauvignon que Edu Torres nos ajudou a liquidar.
Durante o jantar conversei principalmente com o Clinton, o Edu, o
Felipe, e uma jovem que conhecemos ali à mesa, a Laísa.
Garota da Gávea 1.
Garota da Gávea 2.
Contamos para Laísa um pouco da história do CLFC e Clinton nos falou
sobre a vida de professor universitário numa cidade do interior de Mato
Grosso. Felipe perguntou-nos se o Argos
se encontra registrado em nome do CLFC.
Abordamos en passant a ideia
de organizar uma antologia de contos inspirados nos trabalhos de Arthur C.
Clarke. Ao fim do jantar, despedimo-nos
com um “até amanhã!”, pois a maioria dos presentes se reencontrará na tarde de
sábado para a cerimônia de entrega do Prêmio Argos 2017 no campus Tijuca da
Universidade Veiga de Almeida.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 2017 (sexta-feira).
Participantes:
Adílson
Júnior
Alexey Dodsworth
Clinton Davisson
Daniel Russell Ribas
Eduardo Torres
Flávio Lúcio Abal
Gerson
Lodi-Ribeiro
Laísa Torres
Luiz Felipe
Vasques
Naelton
Araújo
Ricardo
França
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