Bienal do Livro 2017:
Draco na Bienal
Dia 02 — 201709012359P6 — 20.874 D.V.
“Sei que sou
suspeito para falar, mas meu novo rebento já nasceu lindão!”
[Minha
exclamação, ao pôr as mãos pela primeira vez num exemplar de meu romance
recém-publicado Octopusgarden]
Acordei cedo hoje neste meu último dia de trabalho antes de um período
de férias de três semanas e meu primeiro dia de comparecimento à Bienal do
Livro do Rio de Janeiro, edição 2017, que está sendo veiculada na mídia como “a
maior feira de livro do Brasil”.
Meus planos originais foram alterados pela notícia do falecimento da
mãe de meu amigo e colega de trabalho, Marcus Fleury. Porém, mesmo assim, consegui chegar
relativamente cedo à Prefeitura e executei algumas tarefas típicas de último
dia pré-férias.
Às 12h50 embarquei na estação Uruguai do metrô rumo sua estação
antípodas na linha 1, Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, onde saltei às
13h40, rumando à saída “C”, para embarcar no BRT. Cinco minutos mais tarde, marinheiro de
primeira viagem, entrei como último da fila num ônibus duplo da linha 53 da via
Transoeste. Mesmo assim, consegui viajar
sentado. Às 14h10, desembarcava na
estação Morro do Outeiro, onde baldeei para a via Transolímpica e embarquei na
linha 41. Ônibus lotado. Porém, duas míseras estações mais tarde,
cerca de nove décimos dos passageiros saltava na estação Riocentro. Como o estande da Draco fica no pavilhão 4,
preferi saltar na estação seguinte, a Olof Palme. Saí dessa estação às 14h15 e me vi defronte
ao hotel Grand Mercure, com o pavilhão 4 do Riocentro ao fundo. Após uma caminhada breve, quinze minutos e um
credenciamento mais tarde, chegava enfim ao estande da Draco, no pavilhão 4
(verde), rua N, estande nº 13.
* *
*
O primeiro conhecido que encontrei nesta Bienal foi Tomaz Adour, publisher da Vermelho Marinho, de pé no
estande dessa editora. Mais tarde,
reencontraria Tomaz no estande da Aquário Editorial.
Uma vez no estande da Draco, reencontrei Isilda Moraes, mãe do Erick
Sama, que me apresentou a seu filho mais velho, Everaldo Cardoso Júnior. Erick estava de plantão no estande da Panini,
que, por sinal, é enorme e se encontra repleto de publicações suculentas,
dentre as quais destaco diversas republicações em capa dura dos clássicos das
HQ da Marvel que li quando garoto. Fui
até o estande em que ele estava, encontrando-o de terno dentro de um ambiente climatizado
e envidraçado, conversando com outros três sujeitos engravatados. Julguei melhor não interromper aquele grave
colóquio de hierarcas.
No caminho de ida do estande da Draco para o da Panini, encontrei Diogo
Nogueira, colega de trabalho que atua na Subgerência de Territorial do
IPTU. Já no caminho de volta, encontrei
Ana Cristina Rodrigues e Estevão Ribeiro no estande da Aquário Editorial. Aproveitei a oportunidade para adquirir um
exemplar autografado e numerado do fix-up
Fábulas Ferais (Arte & Letra,
2017). Meu exemplar é o número 21.
Ana Cristina Rodrigues e GL-R no estande da Aquário Editorial.
Embora o Erick estivesse trabalhando na Panini, trocamos um bocado de
mensagens pelo Facebook sobre minhas primeiras impressões sobre o acabamento
gráfico de meu romance Octopusgarden
(Draco, 2017), recém-lançado nesta Bienal.
Sei que sou suspeito para falar, mas meu novo rebento veio ao mundo
muito lindo! Mais um romance ambientado
no universo ficcional Tramas de Ahapooka. Trata-se de uma espécie de prequel do A Guardiã da Memória (Draco, 2011), livro que me rendeu o prêmio
Argos 2012 na categoria melhor romance.
Desta vez a maior parte da ação não se desenrola no planeta-zoológico
Skirmish / Ahapooka, mas sim em Bluegarden, um mundo oceânico que a cultura
humana radicada no Sistema Gigante de Olduvaii presenteou aos dolfinos, espécie
que a humanidade olduvaica promoveu à racionalidade a partir dos
golfinhos. Contudo, à guisa de
faixa-bônus do livro, ao término do romance propriamente dito, eu e Erick
tivemos a ideia de introduzir minha noveleta premiada “A Filha do Predador”,
que mostra, justamente, a aterragem da Penny
Lane em Ahapooka sob os olhos de uma Clara pré-adolescente.[1]
Capa do Octopusgarden.
4ª capa do Octopusgarden.
Orelhas do Octopusgarden.
Às 16h30 fui à praça de alimentação e comi um “sanduíche de mortadela
completo” elaborado num estande gastronômico que procurava emular o estilo das
bancas do Mercadão de São Paulo — segundo o Everaldo, sem grande sucesso. De todo modo, meu sanduba estava absurdamente
delicioso, no que se pese que minha fome desesperada talvez tenha perturbado um
pouco a imparcialidade dessa avaliação.
O sanduíche era enorme: nem tive disposição para jantar quando voltei
para casa.
Minha amiga draconiana Ana Lúcia Merege chegou pouco depois. Ana falou que está hospedada na casa de uma prima
neste fim de semana, de onde dá para ir a pé ao Riocentro. Isilda e Everaldo estão hospedados no Grand Mercure
instalado dentro do complexo do Riocentro.
Já Erick está no Midas, mesmo hotel em que se hospedou durante da Bienal
do Livro 2015.
Por volta das 17h00, o Erick deu um pulo no estande da Draco para um
abraço e um papinho, mas logo retornou à Panini. Conversei bastante com Isilda e
Everaldo. Com ela, sobre família, filhos
e netos. Com ele, sobre alimentação
saudável, ou nem tanto, e torcidas de futebol.
Meus romances no estande da Draco.
Minhas antologias no estande da Draco.
Arthur Vecchi foi a única outra figura do fandom que apareceu no
estande da Draco enquanto lá estive.
Mostrou alguns lançamentos de sua editora, inclusive, o primeiro romance
de uma série escrita pelo Alexandre Mandarino.
Ana Merege me explicou com mais detalhes uma nova narrativa em que está
trabalhando sobre um viajante temporal da época de Cartago pré-Guerras Púnicas,
que mantém um rapazote grego por amante.
Uma trama que ela já havia me adiantado num café que tomamos juntos no
ano passado, quando fui visitá-la na Biblioteca Nacional para buscar meu casaco
que havia esquecido em Sampa, quando da minha estada célere do estande da Draco
na Bienal do Livro 2016. Preciso ler
essas histórias que, por enquanto, só foram publicadas sob a forma de e-book.
* *
*
Por volta das 19h30 me despedi dos amigos e saí do estande da Draco e
do Riocentro, em direção à estação Olof Palme do BRT. Assim que cheguei, embarquei no ônibus 41 da Transolímpica
e, minutos mais tarde, saltava na estação do Morro do Outeiro. So far,
so good, but wait... Daí, embarquei
no 53 da Transoeste, só que no sentido errado e fui parar em Sulacap, em vez de
no Jardim Oceânico. Emputecido com minha
burrice superconfiante, saí do ônibus e contornei o terminal, tomando cuidado
para não cruzar qualquer roleta, até reembarcar noutro 53, desta vez no sentido
correto e, muito tempo mais tarde, chegava à estação Jardim Oceânico, onde
tomei o metrô. Segui até a estação
Antero de Quental, no Leblon e dali tomei um táxi para casa, chegando por volta
das 21h20.
Leitura de bordo: nova edição do romance clássico O Fim da Infância (1953, Aleph, 2010), do Arthur C. Clarke, que
inclui o conto que mais tarde se transformou no romance e um primeiro capítulo
alternativo escrito em 1989.
Amanhã tem mais.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2017
(sexta-feira).
Dia 03 — 201709022359P7
— 20.875 D.V.
“Educação pública estadual falida? Chupem, Cabral e Pezão!.”
Apesar da
combinação de chegar ao Riocentro às 14h00 neste sábado, por problemas de
caráter pessoal, só consegui sair de casa às 14h25. Porém, daí em diante, minha ida à Bienal
transcorreu sem maiores problemas. Às
14h35 embarcava no ônibus 460 rumo à Praça Antero de Quental, no Leblon, lá
chegando por volta de 14h45. Consegui
embarcar às 14h50 naquela estação do metrô rumo ao Jardim Oceânico, na Barra da
Tijuca. Às 15h10, estava na linha 53
expressa do BRT Transoeste, rumo ao Recreio de Bandeirantes e às 15h25 baldeava
na estação Morro do Outeiro para o BRT Transolímpica, onde embarquei no minuto
seguinte para a estação Olof Palme, em frente do Riocentro. Ao contrário do que ocorreu ontem, hoje as
composições do BRT estavam superlotadas.
Sobretudo, a Transolímpica: entupida de tanta gente. Mesmo assim, as viagens foram rápidas e sem
incidentes.
João Beraldo e GL-R.
Isilda Moraes no comando do estande da Draco.
Everaldo Cardoso Júnior e GL-R.
— Quem sou eu para julgar?
— Cthulhu!
Por
coincidência extrema, encontrei meu amigo João Marcelo Beraldo junto à porta
automática superlotada do ônibus do BRT em que eu embarcara. Saltamos na Olof Palme às 15h30, fizemos o
credenciamento dele cinco minutos mais tarde e às 15h40 chegávamos ao estande
da Draco.
Porta a
porta, desde o hall dos elevadores do meu andar até a Draco: 75 minutos,
cruzando a cidade a bordo de unidades de transporte de massa. É de todo possível que tenha estabelecido um
novo recorde carioca.
* *
*
A primeira pessoa com quem conversei no estande da Draco foi André Soares
Silva, jovem autor da casa, criador do universo ficcional Xibalba, em que os navegadores europeus
jamais descobriram a América.[2] Falamos um bocado sobre o emprego de elementos
de linguagem de época em narrativas de história alternativa e das nuances do
processo criativo na elaboração de textos de literatura fantástica. Infelizmente, esqueci de levar para o André o
exemplar do meu Vita Vinum Est!: História
do Vinho no Mundo Romano (Mauad X, 2016).
Consolo-me com a noção de que esse lapso deverá servir de pretexto para
nos reencontrarmos dentro em alguns dias ou semanas para almoçar e retomar o
papo, ocasião em que lhe entregarei meu livrinho sobre a história do vinho
antigo. De qualquer forma, autografei um
exemplar do Octopusgarden para ele.
André Soares Silva e GL-R.
Enquanto conversava com André, Daniel Morena efetuou uma passagem
meteórica pelo estande com seu filho, meu sobrinho Leo Morena. Pena não ter conseguido conversar melhor com
ele. Àquela altura o estande estava meio
lotado.
Outra que empreendeu uma passagem meteórica pelo estande foi minha
amiga Renata Aquino, uma das líderes d’O Vórtice Rio, grupo de discussão de
literatura fantástica que frequento. Torço
para que apareça outra vez para que possamos conversar melhor.
Pouco mais tarde, conheci pessoalmente o Paulo Vinícius dos Santos,
criador da Ficções Humanas (www.facebook.com/ficcoeshumanas),
página do FB dedicada à literatura fantástica, recheada de resenhas pertinentes
de livros nacionais e estrangeiros do nosso supergênero. Ficamos conversando, eu, Paulo Vinícius e o
Beraldo por uma boa meia hora, um dos pontos altos dessa tarde. Vinícius nos contou sobre sua iniciativa
bem-sucedida de propor e implementar uma classe de leitura de literatura
fantástica em pleno ensino médio para adultos no Estado do Rio de Janeiro,
abrindo com nada mais, nada menos do que 1984
de George Orwell, Admirável Mundo Novo
de Aldous Huxley, e Fahrenheit 451 de
Ray Bradbury. Educação pública estadual
falida? Chupem, Cabral e Pezão!
Paulo Vinícius dos Santos e GL-R.
Vinícius nos surpreendeu ao sacar uma filmadora digital da mochila e
entabular uma entrevista breve comigo e com o Beraldo sobre nossos trabalhos
recentes e a importância de se ler literatura fantástica escrita em
português. Como já havia sido
entrevistada antes para a Ficções Humanas, Ana Lúcia Merege recebeu a missão
de operar a filmadora ao longo dos sete minutos e meio da entrevista.
Durante esse bate-papo, falei um pouco sobre a gênese do Octopusgarden. Só não sei se durante a entrevista, ou se antes
dela. Autografei os romances Estranhos no Paraíso (Draco, 2015) e Octopusgarden para o Vinícius. Distraído com o bate-papo animado, acabei
cometendo a gafe de autografar aquele primeiro romance como se fosse o
recém-lançado. Felizmente, percebi o
equívoco a tempo e mais ou menos o corrigi.
Para registro: o autógrafo no Octopusgarden
saiu certo da primeira vez.J
Quando a quantidade de gente do estande da Draco diminuiu um pouco,
pude conversar com os amigos Ana Lúcia Merege e Raphael Fernandes. Ana estava a caráter, trajando uma capa de
maga e uma sacolinha de ervas e poções atada à cintura. Aproveitei o ensejo para fazer um filminho
com minha câmera da Ana literalmente rodando a capa. Raphael confessou ter sido o autor do texto
da quarta capa do Octopusgarden. Brincou que teria pedido ao Erick Sama para
só me contar se eu gostasse do texto.
Embora eu tenha apreciado e aprovado essa quarta capa, na correria,
Erick acabou não me contando da autoria do Raphael. Ficam aqui registrados os meus
agradecimentos!
Hobbit Ana Lúcia Merege a caráter.
GL-R, Erick Sama e Raphael Fernandes.
Conheci hoje o José Carlos da Silva, fã e prestigiador da literatura
fantástica brasileira e meu novo amigo, pois todo fã de ficção científica e
fantasia escrita em português é meu amigo.
Zé Carlos compareceu ao estande da Draco acompanhado pela esposa. Eu e Beraldo conversamos animadamente com ele
por cerca de vinte minutos sobre ficção científica em geral e FC brasileira em
particular, com direito a reminiscências sobre capas e enredos dos primeiros
volumes da tradução nacional da série de FC alemã, Perry Rhodan.
Autografei um exemplar de Octopusgarden
para o Zé Carlos e Beraldo autografou exemplares de seus dois romances
draconianos, Império de Diamante
(2015) e Último Refúgio (2016).
GL-R, José Carlos da Silva e João Beraldo.
GL-R e Dino Freitas.
Hobbit gira a capa!
Pouco mais tarde, o amigo Dino Freitas compareceu ao estande da Draco,
insolitamente desacompanhado de sua (até então) indefectível mala vermelha,
companheira fiel de tantos e tantos raides audazes e exitosos executados por
Dino aos estandes de várias edições da Primavera dos Livros nos jardins do
Palácio do Catete. Como ainda estamos na
primeira semana da Bienal, nosso herói estava em seu modo exploratório e,
portanto, limitou-se à aquisição de um exemplar do Octopusgarden, que prontamente autografei, enquanto nosso herói lançava
olhares compridos & cobiçosos à obra de referência Armas Brancas (Draco, 2016), do Antonio Luiz M.C. da Costa, para
além de a outros títulos, ambicionados, porém não comentados com este
escriba. Conversei com Dino sobre temas
diversos, mas, sobretudo, sobre a compra e a guarda de livros impressos em
nossas residências tão repletas de volumes.
Conversamos também sobre a situação política e econômica caótica do Estado
do Rio de Janeiro e as repercussões da crise atual na educação estadual.
Mais tarde, Dino regressaria ao porto seguro do estande da Draco em
companhia de nosso amigo comum, Ricardo França, que também é meu colega n’O
Vórtice Rio. Juntamo-nos os três ao
Beraldo para mais uma roda de bate-papos sobre as navegações de Vasco da Gama ao
longo do litoral oeste da África de fins do século XV e enredos de ficção
científica nos universos ficcionais de EarthClan
do David Brin; Hyperion do Dan
Simmons; Guerra do Velho do John
Scalzi; e Esplendor do Alexey
Dodsworth. Também conversamos sobre as
adaptações de Robert Silverberg a noveletas clássicas de Isaac Asimov, como “O
Cair da Noite”; “Homem Bicentenário”; e “O Garotinho Feio”, para romances. Houve um instante em que me destaquei do
bando para uma visita rápida ao Erick no estande da Panini, mas as instalações
daquela editora estavam superlotadas e nem sequer logrei adentrar, quanto mais avistar
o Erick.
No entanto, nosso publisher
acabou dando um pulinho por volta das 19h00 no estande da Draco e, após meia
hora de bate-papo, acabei convidando-o para comer algo na praça de alimentação
do pavilhão verde. Escolhemos sanduíches
no mesmo estande gastronômico em que ontem degustei o tal sanduíche de
mortadela completo, que, aliás, foi o pedido do Erick. Desta vez optei pelo de calabresa e não me
arrependi, embora o de ontem estivesse ainda mais substancial que o de
hoje. Aproveitamos o ensejo para
conversar sobre a situação promissora da editora, conquanto imersa nas
situações — não tão promissoras assim — do mercado editorial e da economia
nacionais.
Quando eu e Erick regressamos ao estande da Draco, já era 20h20. Ana Merege perguntou quando eu pretendia
partir do Riocentro e, antes de olhar para o relógio, afirmei-lhe que o faria
por volta das 20h00... Pois é, o tempo
passa voa quando estamos nos divertindo.
Combinei com ela que lhe daria uma carona em meu UBER até a casa da
prima dela, porque, apesar de o percurso ser curto, ela seria obrigada a passar
por trechos ermos e escuros.
Saímos no estande da Draco e do Riocentro em companhia de Beraldo e
Ricardo França às 21h00. Os dois
seguiram até a estação Olof Palme da BRT Transolímpica, ao passo que eu e Ana
aguardamos cerca de cinco minutos até o aparecimento do veículo do UBER. Tivemos certa dificuldade para encontrar a
casa da prima da Ana, mas no fim conseguimos.
De lá empreendi a viagem de regresso ao Jardim Botânico. Por volta das 22h20 chegava em casa. Leitura de bordo: Xica da Silva: a Cinderela Negra (Record, 2017), da Ana Miranda.
Amanhã tem mais e, para a noite pós-Bienal, combinamos sair para jantar
depois de fechar o estande da Draco.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2017
(sábado).
Dia 04 — 201709032359P1 — 20.876 D.V.
“Recorrerei
ao meu plano B.”
[Ricardo
França]
Neste domingo, optei pelo caminho mais fácil na jornada rumo à
Bienal. Às 13h40 embarquei num UBER à
porta de casa e — dois engarrafamentos mais tarde e R$ 52,70 mais pobre —
saltei junto ao hotel Grand Mercure, colado ao Riocentro, às 14h30. De lá caminhei até o pavilhão 4, onde se
localiza o estande da Draco. Os
engarrafamentos se deram no acesso ao túnel Zuzu Angel, na Gávea; e já no
acesso ao Riocentro. Nada sério. Leitura de bordo: Xica da Silva: a Cinderela Negra.
* *
*
Ao chegar ao estande da Draco, encontrei-o repleto de gente interessada
nos livros e quadrinhos da editora sendo atendida por Isilda Moraes, Everaldo
Cardoso e Raphael Fernandes. Pouco
depois, aparecia Ana Lúcia Merege, vinda da praça de alimentação e já se
despedindo dos demais para regressar ao seio da família em Niterói.
GL-R e Octopusgarden.
Pouco depois, chegava ao estande Alexey Dodsworth, o autor talentoso
dos romances Dezoito de Escorpião
(2016) e Esplendor (2017), ambos
lançados pela Draco, que conheci no ano passado, mas que já considero um bom
amigo. Durante a tarde e o início da
noite tive oportunidade de conversar bastante com Alexey e com os amigos
Ricardo França e João Beraldo, que regressaram hoje ao estande.
Alexey Dodsworth e GL-R no estande da Draco.
Conversei com o França sobre as mudanças recentes em nosso grupo de
leituras de literatura fantástica. Os
próximos livros que destrincharemos serão Os
Despossuídos, da Ursula K. Le Guin, e Androides
Sonham com Ovelhas Elétricas?, do Philip K. Dick.
Eu, França e Alexey conversamos um bocado sobre genética, árvores
genealógicas e doenças hereditárias. No
entanto, interrompi esse papo interessantíssimo com todo o prazer do mundo para
receber no estande da Draco, meu filho Erich, minha nora Júlia e meu futuro
netinho, Bernardo. No sétimo mês de
gestação, Júlia pareceu ativa e animada.
Presenteei-os com um exemplar autografado do Octopusgarden e autografei um segundo exemplar para o pai da
Júlia. Como eles iam passear pelos
estandes da Bienal, sugeri-lhes uma visita à Panini, repleto de guloseimas de
HQ para todos os gostos, mas o estande estava tão lotado que eles não
conseguiram entrar.
Erich Reiter Lodi Ribeiro & Júlia Figueiredo:
Bernardo em sua primeira Bienal!
Erick Sama com Octopusgarden. A capa recebeu
elogios durante todo o evento.
Eduardo Peret e GL-R.
Em nossas conversas, Alexey falou da vontade de ajudar o CLFC a se
legalizar, adquirindo seu CNPJ para poder se candidatar a receber doações de
entidades internacionais interessadas em fomentar a literatura fantástica em
países da América do Sul. Conversamos
ainda sobre mecenatos e contribuições de sócios para a agremiação.
Reencontrei um amigo da velha guarda do CLFC-Rio, Ygor Silva, que
visitou o estande da Draco em companhia da esposa. Rememoramos diversos incidentes épicos e divertidos
que vivemos durante a Primeira InteriorCon, convenção que se desenrolou na
cidadezinha paulista de Sumaré em 1989.
Outro amigo, não tão da velha guarda assim, que passou no estande foi
Eduardo Peret, que adquiriu seu exemplar autografado do Octopusgarden.
Por volta das 19h00, eu, Erick, Beraldo, Alexey e Raphael empreendemos
um raide ao Rei do Mate para matar a sede.
Esse estande gastronômico se encontrava cheio como todos os demais, mas
não impraticável. O assunto principal da
mesa que logramos capturar para nós girou em torno de uma lata de
bichos-da-seda, iguaria da gastronomia coreana que Janaína Chervezan, esposa do
Erick, adquiriu para experimentar junto com o pai, Antonio Luiz M.C. da
Costa. Também falamos do excesso de
expectativas e da falta de paciência dos autores iniciantes que submetem
contos, roteiros de quadrinhos ou romances às editoras brasileiras
especializadas em literatura fantástica.
Ao regressar ao estande da Draco, encontrei o fã Wagner, que costuma
comparecer aos lançamentos dos meus livros pelo menos desde o Taikodom: Crônicas (Devir, 2009). Desta vez não foi diferente: ele pintou no
pedaço para adquirir seu exemplar autografado de Octopusgarden. Wagner me
indagou sobre a possibilidade de um novo romance no universo ficcional de Estranhos no Paraíso (Draco, 2015), pois
sentiu que havia, se não um gancho, ao menos margem para uma continuação. Confidenciei-lhe que essa questão realmente
já me passou pela cabeça. Diversas
vezes.
Tendo regressado ao estande antes de nós, Alexey informou que já havia
iniciado a leitura do Octopusgarden e
que estava apreciando o que havia lido até então. So far,
so good.J Também conversamos sobre seu novo romance, Extemporâneo (Presságio, 2016)[3]
e sobre uma série brasileira de ficção científica disponível no Netflix, 3%, que fiquei interessado em assistir.
Antes de sairmos do estande para jantar num restaurante próximo ao Hotel
Midas, onde Erick se hospedara na Bienal de 2015, adquiri cinco exemplares de
meu romance recém-lançado, aproveitando o desconto de 50% oferecido pela Draco
para quem compra cinco livros ou mais.
Semana que vem, devo levar mais cinco.
Saindo do Riocentro, conversei com Erick sob a possibilidade de
imprimir mais exemplares da antologia Dinossauros
(Draco, 2016) para suprir a demanda dos leitores cariocas, uma vez que ainda
não houve lançamentos por aqui.
Uma vez no restaurante Beco Band (o mesmo em que já havíamos jantado em
2015), pedimos um churrasco misto para duas pessoas que atendeu perfeitamente a
sanha famélica carnívora de cinco de nós: Erick, Alexey, Beraldo, Raphael e
eu. Como o Ricardo França não come
carne, optou por um peixe. Quando o
garçom retornou, informando que o peixe estava em falta, sereno como sempre,
França adotou seu plano B: massa com molho de tomate. O repasto foi regado por três garrafas do Dom
Cândido Documento Merlot 2011, que desceu tão macio e redondo quanto
esperávamos.
Jantar memorável: GL-R, Erick Sama, João Beraldo,
Raphael Fernandes, Alexey Dodsworth e Ricardo França.
Durante o jantar, rememoramos uma série de incidentes picantes ou
pitorescos que se desenrolaram nos subfandons paulista e carioca nas últimas
duas ou três décadas.
Como tudo que é bom acaba, por volta das 22h30, Raphael se ergueu da
mesa e se despediu dos demais para pegar o UBER que o levaria até a Rodoviária
Novo Rio, onde embarcaria no ônibus-leito para Sampa. Meia hora depois, eu e os outros quatro
remanescentes quitávamos a conta da mesa.
Erick pediu seu UBER ali do restaurante mesmo, ao passo que eu, França,
Beraldo e Alexey caminhamos pelo Riocentro deserto até alcançar o hotel Gran
Mercure, de onde os dois últimos racharam um UBER e França embarcou no BRT que
o levaria de volta para sua casa, na Freguesia (Jacarepaguá). Embarquei em meu UBER às 23h35. Após meia-hora de viagem, aos primeiros
minutos de segunda-feira, cheguei em casa.
Valor da corrida: R$ 46,10.
Leitura de bordo: Xica da Silva: a
Cinderela Negra, que acabei concluindo ao fim da viagem.
Amanhã devo comparecer ao lançamento do romance gráfico Couro de Gato: uma História do Samba, do
Carlos Patati, na livraria Da Vinci, no Centro.
Bienal 2017 para mim? Agora, só
na próxima sexta-feira.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 03 de setembro de 2017
(domingo).
Dia
09 — 201709082359P6 — 20.881 D.V.
“Seu romance
devia se chamar Octopussygarden!”
[Eduardo
Kasse]
Parti hoje à tarde às 13h15 aqui do Jardim Botânico para a Bienal do
Livro 2017 no Riocentro, via ônibus 460 na Borges de Medeiros (Lagoa), seguido
de metrô da Antero de Quental até o Jardim Oceânico e, daí, o BRT Transoeste
dali até a estação Morro do Outeiro, com baldeação para a Transolímpica,
saltando finalmente na estação Olof Palme às 14h30 e alcançando o estande da
Draco no Pavilhão 4 da Bienal às 14h40.
* *
*
Uma vez no estande, reencontrei Erick Sama, Isilda Moraes e Everaldo
Cardoso, além dos amigos draconianos Eduardo Massami Kasse, Karen Álvares e
Melissa de Sá. O estande e a Bienal
estavam explodindo de tanta gente, um movimento atípico para um dia de semana,
conquanto uma sexta-feira imprensada num feriadão.
Conversei bastante tempo com Edu Kasse sobre meu romance Octopusgarden. Edu afirmou ter apreciado os questionamentos
e dilemas éticos que abalam a delfineia e, até certo ponto, sustentam a
trama. Também conversamos um bocado sobre
as pesquisas e leituras que ele está fazendo para escrever um romance histórico
sobre os vikings. Passei-lhe a dica do
programa de cálculos astronômicos Redshift
2, que permite obter as fases da Lua, as configurações dos céus e muito
mais em qualquer data do passado ou futuro, próximo ou remoto, recurso bastante
útil para elaborar cenas verossímeis em romances históricos ou futuristas.
Erick Sama e Eduardo Massami Kasse.
Por volta das 16h00 chegava a jovem autora draconiana Aya Imaeda. Aproveitei a oportunidade para adquirir um
exemplar autografado de seu romance de estreia, O Segredo do Kelpie (Draco, 2017), uma fantasia baseada no folclore
escocês. Também comprei quatro outros
exemplares do Octopusgarden. Pouco depois, chegava nossa amiga Ana Lúcia
Merege, desta vez à paisana, sem a capa de hobbit que usou na semana passada.
Aya Imaeda, autora de O Segredo do Kelpie, e GL-R.
Devidamente paramentados como cosplayers
de personagens de fantasia, Vivianne Fair e o marido Júlio Furlan marcaram
presença mais uma vez no estande da Draco, vendendo livros e posando para fotos
com leitores, fãs e curiosos. Ela, de
princesa. Ele, como cavaleiro. Show de bola.
José Carlos da Silva regressou hoje ao estande da Draco. Conversamos por cerca de uma hora sobre
ficção científica em geral, com ênfase nos romances de Arthur C. Clarke e Isaac
Asimov. Ele destrinchou um bocado dos enredos
da série Perry Rhodan, cujos
primeiros ciclos está relendo. Zé Carlos
detalhou os esforços do grupo que trouxe a série de volta ao Brasil coisa de
dez ou doze anos atrás. Falamos também
sobre vinhos. Antes de partir, ele
adquiriu as antologias Super-Heróis
(2013); Dieselpunk (2011); Solarpunk (2012); e Vaporpunk II (2014); além do romance Crônicas de Atlântida: O Tabuleiro dos Deuses (2011), de Antonio
Luiz M.C. da Costa.
Em torno das 17h00, aproveitei uma rara estiada no movimento do estande
para dar uma escapada até a praça de alimentação quase intransitável. Comi um crepe de calabresa com um copo de
mate.
Erick, Karen Álvares, Melissa de Sá e Aya Imaeda.
Autoras draconianas: Melissa, Karen e Ana Merege.
De volta à Draco, encetei um papo algo filosófico com Everaldo sobre
religião, ateísmo, agnosticismo e a origem do universo.
Às 19h00 me despedi dos amigos.
Quando estava quase partindo do estande, eis que aparece o amigo Eric
Novello a tempo de trocarmos um “oi-tchau”.
Saí do pavilhão 4 rumo ao estacionamento do hotel Grand Mercure, de
onde pedi meu UBER. Com o trânsito
engarrafado nas imediações do Riocentro por causa da Bienal, o primeiro
motorista acabou desistindo da corrida após dez minutos de espera sob a luz
feérica de um poste, lendo os últimos capítulos de O Fim da Infância. Ao
contrário do que costuma acontecer nesses casos, o aplicativo não selecionou
automaticamente outro motorista para mim.
Quando percebi o ocorrido, pedi outro.
No entanto, após um quarto de hora, como esse segundo motorista
aparecesse em meu celular numa posição mais distante do que no início da chamada,
cancelei o pedido. Na terceira
tentativa, após uma demora de mais quinze minutos, entrei em contato telefônico
com o motorista e ele me explicou que se encontrava a caminho, porém preso num
engarrafamento. Resumo da ópera: só
embarquei no UBER às 20h00, grosso modo, uma hora após o primeiro pedido. Imagino que essa marca constitua um novo
recorde. O pior de tudo foi, durante
todo o tempo em que esperei meu veículo, ser obrigado a contemplar com ar
resignado a fila de táxis parada defronte ao hotel.
A viagem de volta para casa durou quarenta minutos e me permitiu
concluir a leitura do romance de Arthur C. Clarke sob a luz da lanterna do
celular. A última palavra em tecnologia
primitiva.
Amanhã tem mais. Se hoje já
estava superlotado, tremo em imaginar o quão impraticável estará o Riocentro
neste fim-de-semana.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 08 de setembro de 2017
(sexta-feira).
Dia 10 — 201509092359P7
— 20.882 D.V.
“Ih, o Gerson
hoje veio de autor de livro evangélico!”
[Eduardo
Massami Kasse]
Acordamos cedo hoje, pois, antes da Bienal, cumpria comparecer ao
casamento e recepção de Cristina Leopoldino na Casa das Canoas, em São
Conrado. Chegamos ao casório cinco
minutos antes do horário marcado para das 11h00. A cerimônia se deu no belo jardim da casa de
festas e a recepção em seus vários salões.
Noiva brasileira; noivo natural do principado de Liechtenstein. Segundo casamento para ambos. História de amor antiga, acalentada por ambos
desde seus vinte e poucos anos de idade, reacendida há pouco tempo nesta era de
internet e redes sociais. Para os
convidados: serviço, comida, bebidas e sobremesas impecáveis, com algumas
músicas antigas boas de dançar.
Esquenta da Bienal em casamento na Casa das Canoas.
Saímos de lá às 16h10. Cláudia
me deixou no São Conrado Fashion Mall e seguiu para a Zona Sul, dando carona
para as amigas Ana Klotz e Roberta Soares.
Dali, pedi um UBER e, meia hora mais tarde chegava ao pavilhão verde do
Riocentro.
* *
*
Causei certa sensação ao adentrar no estande da Draco de terno e
gravata: por pouco não fui confundido com um autor de livros evangélicos. Para evitar confusões e, sobretudo, não gerar
falsas expectativas literárias, apressei-me a retirar o paletó e a gravata. A verdade é que cheguei à Draco meio esbaforido,
em virtude dos excessos etílicos e gastronômicos do casamento. Preocupado, Erick insistiu em me reidratar
com goles generosos de uma garrafa d’água de prontidão no estande para esse
tipo de emergência. Logo, recobrei a
estamina e o tino, prontificando-me para o corpo a corpo com leitores, fãs e
interessados em literatura fantástica em português.
Erick Sama recebe autor de livros evangélicos no estande da Draco.
Luiz Felipe Vasques e GL-R.
Uma das primeiras pessoas que encontrei neste sábado na Bienal foi meu
sobrinho e afilhado, Bruno Borsaro Lodi Ribeiro, para quem autografei um
exemplar do Octopusgarden.
Bruno Borsaro Lodi Ribeiro e GL-R.
Gatinhas draconianas.
Luiz Felipe Vasques compareceu ao estande da Draco. Aproveitamos o ensejo para colocar o papo em
dia sobre enredos, livros & filmes, amigos em comum, fofocas cotidianas do
fandom literário e particularidades obscuras do mercado editorial brasileiro.
Cirilo Lemos também compareceu.
Num instante em que o movimento no estande amainou um pouco,
aproveitamos para conversar sobre as conquistas da Draco ao longo destes oito
anos de existência e também da crise no ensino público estadual que, como
professor, ele enfrenta em seu dia a dia profissional. Por questão de distâncias e conduções, Cirilo
foi obrigado a nos deixar mais cedo.
Outra amiga draconiana que reencontrei neste segundo sábado de Bienal
foi Dana Guedes, que conheci de Primaveras do Livro passadas. Também bateu ponto no estande da Draco e
professor e farejador literário de faro proverbial para preciosidades e obras
raras, Flávio Abal. Vivianne Fair e o
marido prosseguiram na tarde deste sábado com o trabalho hercúleo de cosplayers para alavancar as vendas de
seus livros draconianos.
Dana Guedes e Aya Imaeda.
Autoras draconianas poderosas: Ana Merege, Dana Guedes,
Melissa de Sá, Karen Álvares, Vivianne Fair e Aya Imaeda.
Reencontrei o amigo Ricardo Rodrigues que havia conhecido na Primavera
dos Livros de 2015. Desta feita, Ricardo
compareceu ao estande da Draco com o filho.
Adquiriu um exemplar do Octopusgarden
para si e uma HQ para o filho. Ricardo
lamentou não ter conseguido encontrar Cirilo Lemos.
Por volta das 19h50 acompanhei Ana Lúcia Merege numa caminhada a pé até
a casa de sua prima, nas cercanias do Riocentro. Uma boa oportunidade de colocarmos o papo em
dia. Percurso mais tranquilo e menos
demorado do que aquele que fizemos de UBER no sábado passado, talvez, pelo fato
de já sabermos o caminho. Mesmo assim,
em meio à conversa animada, acabamos passando direto pela ponte de pedestres
que conduz até a rua da prima dela. Porém,
nada que um rápido “recalculando...” não resolvesse. Após me despedir da Ana, regressei ao
Riocentro e ao estande da Draco.
Minutos mais tarde, Erick, Everaldo e Isilda fechavam o estande. Seguimos a pé dali até as proximidades do
Hotel Midas, para o jantar tradicional no restaurante Beco Band. A caminho, ainda dentro dos pavilhões da
Bienal, por volta das 21h20, eu e Felipe esbarramos com Dino Freitas. Nosso herói puxava uma mala de rodinhas e com
uma sacola cheia de livros a tiracolo. Mal
tivemos tempo de cumprimentá-lo, sem ficar para trás. Dino
rides again!
Uma vez no Beco Band, eu, Erick Sama, Edu Kasse, Luiz Felipe, Everaldo
e Isilda sentamos numa mesa para dez, pois as meninas draconianas combinaram
descer do hotel para jantar conosco. De
fato, mal sentamos, Aya Imaeda, Dana Guedes, Karen & Felipe Álvares e Melissa
de Sá se reuniam a nós na mesa da Draco.
Luiz Felipe optou pelo rodízio, ao passo que eu, Erick, Kasse, Isilda e
Everaldo dividimos dois churrascos completos.
Saímos da mesa inteiramente saciados.
Refeição regada por duas garrafas do Don Cândido Documento Merlot 2011,
mesmo tinto que já agradara no domingo passado.
As meninas draconianas escolheram algumas comidinhas — que não logrei
identificar do lugar da mesa onde me sentava — regadas por cervejas Itaipava e
refrigerantes. Ao longo do jantar,
conversamos menos sobre literatura fantástica e mais sobre política e
programação televisiva. Finda a refeição
memorável, quitamos a conta e pedimos um UBER que nos buscou próximo ao Beco
Band pouco depois da meia-noite.
Deixamos Isilda no Grand Mercure e seguimos para a Zona Sul. Ao longo dessa viagem, ainda que sonolentos,
eu e Felipe conversamos sobre as perspectivas de nosso projeto Terra Brasilis. Vamos ver se desse mato sai coelho.
Cheguei aqui em casa às 00h40 de domingo.
Amanhã será o último dia da Bienal de 2017 e meu último dia de
participação nesta maratona divertida, desafiante e exaustiva, sobretudo pelas
distâncias e tempos de deslocamento envolvidos.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 09 de setembro de 2017
(sábado).
Dia 11 — 201709102359P1 — 20.883 D.V.
“Tudo que é
bom um dia acaba.”
[Ditado
popular]
Domingo ensolarado neste fim de inverno carioca. Último dia da Bienal do Livro 2017. Para mim, dia de levar a família e
reencontrar entes queridos no Riocentro.
Após o cansaço com a jornada dupla de ontem — casamento e Bienal —
acordamos com as baterias recarregadas hoje de manhã cedo, dedicamos algumas
horas aos afazeres profissionais e então nos preparamos para a longa jornada que
nos levaria até a Bienal. Pedimos o UBER
que nos conduziria até o Riocentro, passando pela Tijuca para pegar minha mãe,
num autêntico périplo automotivo carioca.
Saímos 12h30 do Jardim Botânico e saltamos às 13h45 em frente ao Grand
Mercure, perto do pavilhão verde do centro de convenções gigantesco.
* *
*
Seguimos direto para a área de credenciamento, uma vez que tanto minha
mãe quanto Cláudia são professoras. O
credenciamento das duas se deu sem filas ou delongas. A atendente credenciou Cláudia erroneamente
como “patrocinadora” em vez de “professora”, mas decidimos encarar essa falha
como promoção e fomos em frente, ingressando no pavilhão e nos dirigindo ao
estande da Draco.
Uma vez feitas as (re)apresentações da minha mãe e minha mulher no
estande, deixamos nossos pertences lá e seguimos para a praça de alimentação,
pois eu e Cláudia ainda não havíamos almoçado.
Comemos crepes salgados. Enquanto
enfrentávamos a fila do estande gastronômico, minha mãe guardava uma mesa para
nós.
Após o almoço, regressamos à Draco.
Pouco mais tarde, Cláudia e minha mãe saíram para passear pelos
pavilhões superlotados da Bienal.
Preferi permanecer no estande batendo papo com fãs, leitores e amigos
draconianos. Reencontrei a autora
Priscilla Matsumoto, que havia conhecido na Bienal do Livro 2015 e revi o amigo
Hamilton Kabuna, que já não encontrava há um bom tempo.
Quando as meninas regressaram, aproveitei um instante de relativa
tranquilidade no estande para presentear minha mãe com o exemplar autografado
de Octopusgarden que já havia
separado para ela. Por volta das 17h00,
minha filha Barbara Reiter Lodi Ribeiro e meu genro Diego Scheer visitaram o
estande da Draco para me prestigiar.
Aproveitei o ensejo para lhes mostrar a prateleira com meus romances
draconianos e lhes presentear como outro exemplar autografado de meu novo
romance, que havia reservado para eles.
Como o casal ainda não havia almoçado, eu, Cláudia e minha mãe lhe
fizemos companhia na praça de alimentação, não tão lotada quanto três horas
antes. Como ninguém é de ferro, nós três
acabamos rachamos dois crepes salgados, enquanto Barbara & Diego comiam yakisoba, opção que chegamos a cogitar
para nosso almoço, mas descartamos de pronto, pois a fila daquele estande
estava muito comprida. Conversamos um
bocado e o assunto predominante foi nossa animação familiar ante a perspectiva
do nascimento de Bernardo, meu primeiro neto e o primeiro bisneto da minha mãe.
Isilda Moraes e Daisy Lodi Ribeiro conversando sobre seus filhos.
Seleção draconiana: Priscilla Matsumoto, Melissa de Sá,
Karen Álvares, Dana Guedes, Aya Imaeda, Eduardo Kasse e GL-R.
GL-R, Barbara Reiter Lodi Ribeiro & Diego Scheer.
Autografando o Octopusgarden para Barbara.
Deixei-os por algum tempo na mesa da praça de alimentação e voltei ao
estande da Draco, onde reencontrei o amigo Alberto Oliveira. Recomendei que comprasse um exemplar do
romance Dezoito de Escorpião, do
Alexey Dodsworth. Além desse livro,
Alberto adquiriu um exemplar de meu romance fix-up, Aventuras do Vampiro de Palmares (Draco, 2014), que autografei para
ele.
Alberto Oliveira e GL-R.
Minha família voltou para o estande por volta das 19h00. Dado o adiantado da hora e, sobretudo, a
duração estimada da nossa longa jornada de regresso, despedimo-nos dos amigos
draconianos e caminhamos juntos com Barbara & Diego até o estacionamento,
onde o casal havia deixado seu carro.
Ali nos separamos e rumamos para o Grand Mercure. Pedimos um UBER que nos pegou ali às
19h35. Após novo périplo, seguindo para
a Barra e então subindo e descendo até a Tijuca para deixar minha mãe, seguimos
enfim para casa. Durante a viagem
ouvimos o segundo tempo do jogo Botafogo 2 x 0 Flamengo, válido pelo returno do
Brasileirão 2017.
Bienal do Livro no Rio de Janeiro, agora só em 2019...
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2017
(domingo).
Participantes:
Alberto
Oliveira
Alexey
Dodsworth
André Soares
Silva
Ana Cristina
Rodrigues
Ana Lúcia
Merege
Arthur
Vecchi
Aya Imaeda
Barbara
Reiter Lodi Ribeiro
Bruno Borsaro Lodi Ribeiro
Cláudia Quevedo Lodi
Cláudio
Gabriel
Cirilo Lemos
Daisy Lodi
Ribeiro
Dana Guedes
Daniel
Morena
Diego Scheer
Dino Freitas
Diogo
Nogueira
Eduardo
Massami Kasse
Eduardo
Peret
Eric Novello
Erich Reiter
Lodi Ribeiro
Erick Sama
Estevão
Ribeiro
Everaldo
Cardoso Júnior
Felipe
Álvares
Flávio Lúcio
Abal
Gerson
Lodi-Ribeiro
Hamilton
Kabuna
Henrique
Carvalho
Isilda Moraes
José Carlos
da Silva
João M.
Beraldo
Júlia
Figueiredo
Júlio Furlan
Karen
Álvares
Leo Quevedo
Morena
Luiz Felipe
Vasques
Melissa de
Sá
Paulo Vinícius
dos Santos
Priscilla
Matsumoto
Raphael
Fernandes
Renata
Aquino
Ricardo
Rodrigues
Ricardo
França
Tomaz Adour
Vivianne Fair
Wagner
Werther
Ramalho
Ygor Silva
[1]. Clara é a protagonista e
narrativa de A Guardiã da Memória.
[2]. A ficção curta ambientada
nesse U.F. de história alternativa instigante e original aparece nas noveletas
“Xibalba Sonha com o Oeste” e “O Fantasma Zonguanês”, publicadas
respectivamente nas antologias draconianas Solarpunk
(2012) e Samurais x Ninjas
(2015). Recomendo enfaticamente a
leitura de ambas a todos os amantes dos enredos de história alternativa que já
se encontram um tanto fartos das repetições excessivas das mesmas velhas
temáticas de sempre.
[3]. Acabei de adquirir a edição
digital desse romance pela Amazon Brasil.
Modernices da modernidade: se, por um lado, não poderei pedir autógrafo
ao Alexey, por outro, já estou com meu exemplar do Extemporâneo carregado no micro, no tablet e no celular!