Cerimônia de Entrega
do
Argos 2021, 2022 & 2023
202312132359P4 – 24.168 D.V.
“Ana Lúcia Merege
terá que construir outra estante em sua biblioteca para abrigar seus troféus do
Argos.” (Octavio Aragão)
Compareci hoje
à cerimônia de entrega dos Prêmios Argos, certames de 2021, 2022 e 2023. Esse acúmulo se deveu à pandemia de Covid-19,
que impediu as reuniões presenciais para a entrega das premiações nos anos passado
e retrasado. Os finalistas e vencedores
do Argos 2021 e 2022 nas categorias Melhor Conto; Melhor Antologia ou Coletânea;
e Melhor Romance foram anunciados há tempos pela Comissão Organizadora do Argos[1],
nomeada pela diretoria do Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC). Já os finalistas e vencedores deste ano só foram
anunciados durante o último terço da cerimônia, como rezam as tradições dessa premiação
desde os seus primórdios em 2000.
A cerimônia foi
devidamente registrada pelo dublê de presidente do CLFC, Grande Kahuna e
cinegrafista amador, Luiz Felipe Vasques, que filmou tudo em seu celular. O registro pode ser assistido aqui: https://www.youtube.com/live/XLBXr15-ZRs?si=fZ8JIter-OScOVbl
* * *
Minha intenção
de chegar ao auditório do campus tijucano da Universidade Veiga de Almeida a
tempo se frustrou, graças a imperícia e/ou imprudência do motorista celerado
(mas não acelerado) do ônibus 416 (Horto-Tijuca Expresso: Via Rebouças), que
executou a “façanha” de se deixar ultrapassar pelo ônibus seguinte daquela
mesma linha, que partiu do ponto de regulação meia hora após o dele, para além de
ter permitido que seu veículo morresse umas duas dúzias de vezes ao longo do itinerário,
culminando em percorrer em setenta minutos um percurso que um motorista normal
teria feito em trinta. Resumo dessa história
triste: saltei na Praça Afonso Pena às 18h05 bastante irritado, pois julguei
ter saído de casa com tempo de sobra para chegar ao local com uma lazeira de
quinze minutos. A cerimônia estava
programada para começar às dezoito em ponto e ainda precisei caminhar até lá,
primeiro pela Campos Sales e, depois, pela Rua Ibituruna. Itinerário de setecentos e cinquenta metros,
percorridos em cerca de dez minutos.
Enfim no campus,
dirigi-me até o auditório. Felipe, Eduardo
Torres, Daniel Ribas, Ana Lucia Merege e família já estavam lá. Octavio Aragão; Ricardo Labuto Gondin e
Ricardo França chegaram pouco depois. Estimo
que a cerimônia tenha começado entre dezoito e vinte e dezoito e trinta.
O público
presente não chegou a duas dezenas e muitos finalistas e vencedores não nomearam
representantes para receber seus certificados ou troféus e ler suas considerações
e agradecimentos à plateia presencial e virtual. Em compensação, muita gente não só acompanhou
a transmissão ao vivo, transmitida direto do celular do Felipe, como ainda
emitiu seus comentários, saudações e pitacos online para nós.
Na plateia
virtual, consegui identificar (por ordem de ingresso na live): Edgar
Franco; Lu Evans; Saulo Adami; Ursulla Mackenzie; Diego Mendonça; Oghan N’Thanda;
Davenir Viganon; Thamirys G.S. Lemos; Sidemar Castro; Edgar Smaniotto; Clinton Davisson;
Hidemberg Alves da Frota.
* * *
O membro da Comissão
Organizadora Eduardo Torres atuou como mestre de cerimônias do evento, enquanto
o presidente Felipe filmava tudo.
Em primeiro lugar,
Eduardo anunciou os finalistas e vencedores de 2021, começando pela categoria
Melhor Conto, vencida por Ana Lucia Merege, com “Vovó Nevasca”. A vencedora não proferiu discurso de
agradecimento por já tê-lo feito quanto da cerimônia virtual, transmitida no
ano II da pandemia. Mesmo assim, agradeceu
à Lu Evans, organizadora da antologia onde o conto vencedor foi publicado. Presente em nossa plateia virtual, Lu agradeceu
prontamente lá dos EUA. Ao entregar certificado
e troféu à vencedora, Eduardo executou o primeiro de muitos tutoriais de reembalagem
do Argos apresentados nesta noite. Conta
a lenda que esse ritual seria fruto de uma antiga tradição do CLFC, oriunda dos
primórdios dessa agremiação primeva e sua premiação vetusta, segundo a qual, numa
cerimônia do passado remoto, decorrida numa época quase esfumada nas brumas do
tempo, os troféus trazidos para premiar os vencedores teriam chegado ao palco destroçados. Tantos milênios passados, não há como apurar a
veracidade dos resíduos (eventualmente) factuais que teriam dado origem ao
ritual da reembalagem. Porém, como rezam
os registros arcanos dessa agremiação, “tradição é tradição.” Portanto, nosso mestre de cerimônias reencenou
o tutorial de reembalagem dezenas de vezes para gáudio da diminuta plateia ali
presente.
Rito cumprido
(pela primeira de uma dúzia de vezes), Eduardo passou à enunciação dos
trabalhos finalistas na categoria Melhor Antologia ou Coletânea, cujo vendedor
foi Edgar Franco, o famoso “Ciberpajé”, organizador da antologia 2021
(Marca de Fantasia, 2020). Octavio Aragão
leu o discurso de agradecimento do antologista e esse agradeceu da plateia
virtual, elogiando o desempenho de seu representante.
Octavio Aragão recebe Argos 2021, Melhor Antologia em nome de Edgar Franco.
Enfim, para concluir
o certame de 2021, Eduardo enunciou os finalistas e o vencedor na categoria
Melhor Romance. Como já sabíamos, o
vencedor foi Ricardo Labuto Gondin, com Pantokrátor (Caligari, 2020). Aclamado, Gondin subiu ao palco e proferiu
seu discurso de agradecimento.
Ricardo Gondin recebe o Argos 2021 (Melhor Romance) por Pantokrátor.
* * *
Encerrado o
Argos 2021, Eduardo passou à categoria Melhor Conto do Argos 2022, cujo
vencedor foi “Sobre a fé de um andante que teve a cara mastigada”, de Ricardo Celestino,
publicado na antologia Outros Brasis da Ficção Científica (Caligo, 2021),
organizada por Davenir Viganon.
Em seguida,
anunciou os finalistas na categoria Melhor Antologia ou Coletânea, vencida pela
própria Outros Brasis da Ficção Científica.
Na categoria
Melhor Romance, o vencedor foi Até que a Brisa da Manhã Necrose teu Sistema
(Clube de Autores, 2021), de Ricardo Celestino que, ao abiscoitar dois Argos, sagrou-se
como o grande vencedor do certame de 2022.
Ainda na
categoria Melhor Romance, ao ser convocado ao palco a fim de receber meu certificado
de finalista pelo romance distópico infantojuvenil Pecados Terrestres, constatei
uma divergência irrisória: a versão publicada em 2021 e que, portanto,
concorreu ao Argos 2022, foi a do Somnium e não a da Draco, que abriu a Coleção
Dragão Mecânico em 2022. Ante o impasse,
a Comissão Organizadora reconheceu o equívoco do certificado e ensaiou o
confisco desse diploma. Contudo,
seguindo o conselho oportuno de Octavio, resolvi manter esse diploma sob
custódia até o fornecimento eventual de sua versão correta.😉 Afinal de contas,
embora já tenha sido agraciado com o Argos três vezes e ter sido finalista
outras tantas, essa foi a primeira vez em que recebi um certificado e o
primeiro certificado a gente nunca esquece e, muito menos, abre mão.[2]
* * *
Daí,
finalmente, Eduardo Torres passou ao grande momento da noite: a revelação dos
vencedores do Argos 2023. Ao contrário
do que ocorreu nos certames de 2021 e 2022, nesse último, nossa pequena plateia
presencial aplaudiu todos os finalistas anunciados.
Na categoria Melhor
Conto, o vencedor foi “Jogo do Destino”, da Ana Lucia Merege, com 490 votos
válidos (34,5% do total); contra 343 do segundo colocado “Sankofa” de Juliane
Vicente e 194 do terceiro, “O Renascer dos Deuses”, de Oghan N’Thanda. Além de seu próprio discurso de agradecimento,
Ana leu o do finalista Carlos Relva, autor de “Fica com Mi-go esta Noite”,
ovacionado como o título mais espirituoso e divertido desse certame tríplice.
Na categoria Melhor
Coletânea ou Antologia, o vencedor foi a coletânea Os Pilares de Melkart
(Draco, 2022) de Ana Lucia Merege, com 498 votos válidos (35,0% do total);
contra 157 do segundo colocado, a antologia Outros Brasis da Ficção a Vapor
(Caligo, 2022), organizado por Davenir Viganon e 150 do terceiro, a antologia Mafaverna:
Democracia (Mafagafo, 2022), organizado por Jana Bianchi e Diogo
Ramos. Ao que eu me lembre, desde a introdução
dessa categoria em 2013 ou 2014, é a primeira vez em que uma coletânea se sagra
vencedora. Guindada ao palco mais uma
vez, em seu discurso, Ana agradeceu a Erick Santos e Raphael Fernandes, publishers
da Editora Draco.
Ana Lucia Merege, vencedora do Argos 2023 nas categorias Melhor Conto e Melhor Coletânea.
Na última premiação
da noite, Argos 2023 na categoria Melhor Romance, o grande vencedor foi Cirilo
S. Lemos com Estação das Moscas (Draco, 2022), com 483 votos válidos
(34,0% do total), contra 244 do segundo lugar, O Fantasma de Cora (Gutemberg,
2022), de Fernanda Castro; e 151 de Paradoxo de Theseus (Draco, 2022),
de Alexey Dodsworth. Ana Merege leu o
discurso de agradecimento enviado por Cirilo.
Mais uma vez,
a Editora Draco se sagrou como a grande vencedora do certame anual: sob seus auspícios
foram publicados o romance, a coletânea e o conto campeões de 2023, numa decisão
amparada por centenas de votos.
Selfie panorâmica: Ricardo França; Ana Lucia Merege, Octavio Aragão,
Ricardo Gondin; Luiz Felipe Vasques; Eduardo Torres; GL-R.
* * *
Encerrada a cerimônia
oficial, deixamos o campus da Veiga de Almeida.
Alguns de nós se despediram enquanto outros caminharam até o restaurante
Salete um pé-sujo com empadas deliciosas na Afonso Pena, pertinho da esquina
com a Mariz e Barros. Seguimos para lá Octavio
Aragão; Ricardo França; Daniel Ribas; Eduardo Torres; Luiz Felipe Vasques; eu e
Eric Hart, um sócio do CLFC que eu ainda não conhecia e que compareceu à cerimônia
do Argos envergando uma camisa da SF WorldCon 2024 em Glasgow.
Embora o garçom
Eliano nos tenha informado que o carro-chefe ali era a empada de camarão, por
ojeriza ao crustáceo, degustei duas empadas de linguiça e outras duas de
costela com agrião, regadas a água com gás, pois o estabelecimento não fornecia
vinho de procedência confiável.
Conversamos bastante
sobre vários assuntos, ficção científica, inclusive. Comentou-se desde a beleza estonteante das telecomentaristas
esportivas nas mesas-redondas futebolísticas até a mitomania de certas
personalidades da FCB. Comentamos sobre
a justiça da vitória de Cirilo Lemos com A Estação das Moscas. Eric confirmou que realmente irá à SF WorldCon
2024. Eduardo nos falou sobre suas peripécias
em um clube de uísque. Octavio teceu considerações
estilísticas sobre o romance gráfico Saros 123, de Alexey Dodsworth.
Enfim, por
volta das 22h00 saímos do Salete. Octavio
pediu um UBER para casa e ofereceu carona ao Ribas, enquanto nós cinco
caminhamos até a estação de metrô Afonso Pena e embarcamos no sentido Jardim
Oceânico. Durante a viagem, trocamos
dicas sobre séries de streaming com elementos fantásticos.
Saltei junto
com Eduardo na estação Botafogo e tomei o ônibus de integração para casa. Leitura de bordo, romance sensacional Semente
Originária (Morro Branco, 2021), da Octavia E. Butler.
Enfim, uma
salva de palmas à Comissão do Argos, que conseguiu pôr em dia os três anos do
atraso causado pela pandemia.
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2023 (quarta-feira).
Participantes Presenciais:
Ana Lucia Merege.
Daniel Russell
Ribas.
Eduardo
Torres (membro da Comissão Organizadora do Prêmio Argos).
Eric David Hart.
Gerson
Lodi-Ribeiro.
Luiz Felipe
Vasques (Presidente do CLFC e da Comissão Organizadora do Prêmio Argos)
Octavio Aragão.
Ricardo França.
Ricardo
Labuto Gondin.
Participantes Virtuais:
Clinton Davisson.
Davenir Viganon.
Diego Mendonça.
Edgar Franco
(Ciberpajé).
Edgar Smaniotto.
Hidemberg Alves
da Frota.
Lu Evans.
Oghan N’Thanda.
Saulo Adami.
Sidemar Castro
(membro da Comissão Organizadora do Prêmio Argos).
Thamirys G.S.
Lemos.
Ursulla Mackenzie.
Que crôni9ca fantástica, senti-me próximo de vocês nesse dia especial! Forte abraço mestre Gerson Lodi-ribeiro!
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